Efeito Borboleta
A movie of a
lifetime.
Esse é um dos filmes que realmente muda a vida de
uma pessoa. Mind blowing. Lembro-me
de ter visto pela primeira vez relativamente jovem, e foi uma das razões de me
apaixonar por ficção científica e viagens no tempo. Mas lembro-me também de
ficar um tanto atormentado e comovido com a história. Nunca é um filme que me
deixa contente, mas é um filme tão bom, tão grandioso, que eu realmente amo
assisti-lo repetidamente. Repleto de detalhes e com uma história complexa que
se fecha com perfeição, esse é um dos melhores roteiros que já se viu.
O filme é dark.
Difícil encontrar outra palavra para descrevê-lo. E eu fiz várias tentativas no
meu caderno enquanto o assistia novamente para esse Mês. Tem uma temática toda
nova, e perturbadora. Mexe com assuntos muito profundos e íntimos, e várias
cenas são cruéis, quase em polimento. Vemos o ser humano em sua natureza, em
sua verdadeira forma, e é assustador. O filme nos comove, nos emociona, nos
deixa horrorizados. São coisas horríves, temas pesados, misturando sobrenatural
com ficção científica em um drama/suspense de tirar o fôlego!
Você nunca sabe o que esperar.
A história é poderosa e nos afeta. E certamente
nos faz pensar a respeito da vida. O filme todo é baseado na Teoria do Caos, e
é daí que surge o título do filme – uma coisa tão pequenina quanto as asas de
uma borboleta pode causar um tufão do outro lado do mundo. E é mais ou menos a
história de Evan em Efeito Borboleta
– com a possibilidade de fazer sua consciência viajar no tempo para momentos
específicos, ele tem o poder de mudar o passado, mas não o de controlar o
futuro. E é fascinante ver cada coisa mudada gerando outras mudanças de
proporções gigantescas.
O roteiro é inteligentíssimo. Primeira por mexer
com temas que realmente são problemáticos. Maltrato de animais, abuso sexual
infantil (pedofilia), assassinato, distúrbios mentais. E os personagens em si
são bastante sombrios e complexos; Lenny quase o tempo todo traumatizado, e com
motivos graves para tal; Tommy perturbado, chegando a um nível de psicopatia
grandioso para uma criança; Kayleigh vulnerável e sempre propensa a grandes
sofrimentos; e Evan transtornado e problemático com os blackouts e as voltas aos momentos perdidos. Que agonia a cena de
hipnose, não?
Inteligente demais, porque o filme todo é pensado
em um loop muito restrito e complexo.
Cuidadosamente planejado. Desde o começo do filme tudo é encaminhado para um só
lugar, mesmo que ainda não saibamos qual é. Começamos em uma das cenas chaves
do roteiro, e então acompanhamos a infância e adolescência de Evan, com cada um
dos momentos de blackout encaixados
perfeitamente para serem utilizados mais tarde na narrativa detalhada. E os
elementos estão todos ali, apenas esperando para serem explorados um a um com
perfeição pelos cérebros abençoados por trás de tal obra.
O filme centra-se em 6 grandes momentos de blackout recorrentes, já traumatizantes
e fortes por si só, que são o desenho na escola, a faca na cozinha, o filme com
o pai de Kayleigh e Tommy e o pai tentando matá-lo aos 7 anos; e a bomba na
casinha do correio e a cena de Crockett sendo assassinado aos 13 anos. Depois
de 7 anos sem nenhum novo blackout, é
hora de Evan retornar a seus antigos diários (escritos para tentar ajudá-lo na
memória – assunto o qual ele decidiu estudar na faculdade, por sinal) e
acidentalmente descobrir sua capacidade de retornar a esses momentos de blackout.
As cenas são espetaculares. Amei como o conceito é
apresentado, e o filme é bem didático nessa parte para não deixar dúvidas. O
primeiro retorno que recria uma memória e o segundo retorno que cria uma
cicatriz e a possibilidade de interferir nos acontecimentos. Daí em diante, é
que Evan começa a mexer com as coisas no tempo, sempre preocupado em salvar
alguém ou melhorar a vida de alguém, e acaba sempre causando outra catástrofe,
nos levando a conclusão de que de nenhum jeito a vida poderia ser perfeita, não
para todos. Para nos ajudar nisso temos até uma cena que parece totalmente
deslocada na qual ele é “feliz” e vive num filme adolescente americano… até que
tudo se torna num pesadelo com a aparição de Tommy e as ótimas cenas da cadeia.
Porque as marcas na mão são geniais!
Acompanhamos especialmente as mudanças que Evan
realizou na vida dessas três pessoas: Tommy, Lenny e Kayleigh. E a maneira como
o roteiro brinca com cada um dos personagens nos deixa abismados, e os atores
precisam de todo um preparo e um dom para nos convencer de cada uma das vidas
criadas para eles através das viagens de Evan. Alguns momentos horripilantes e
terríveis de assistir (como Kayleigh se prostituindo – ou toda a sequência
horrível que se originou do assassinato de Tommy, 7 anos antes) e outros
surpreendentes (como um Tommy espiritualizado). Mas o roteiro é fascinante ao
apresentar cada mundo com sua peculiaridade, ao explicar muito bem como cada
coisa chegou a que chegou através da “pequena” mudança realizada por ele em
algum ponto de seu passado.
O final do filme é um tanto surpreendente. E
triste. Uma cena poucos minutos antes explica toda sua ação, mas ainda assim é
incrível vê-lo abrir mão de praticamente toda sua felicidade para tentar
concertar as coisas uma última vez. There
are no journals. There never were. Não é à toa que eu sempre termino o
filme melancólico, e demoro um pouco nos créditos até me recompor. Não é à toa
que escrevo esse texto com algo entalado na garganta. E nem um pingo de
esperança final parece suficiente para tanta desgraça. Isso que mudaram o final
original, que certamente seria ainda mais extremista e nos deixaria ainda pior
ao término da projeção. Apesar de já tê-lo visto no YouTube, e eu digo: é
perturbador.
O filme é fantástico. Pesado, carregado, intenso,
sem nem um pouco de piedade ou preocupação em amenizar seus temas. Se propõe a
muita coisa, e dá conta de todas elas, sem medo de ser cruel e explícito em
vários momentos. A ficção científica de viagem no tempo provavelmente nunca foi
utilizada de maneira tão sombria quanto essa. E é um roteiro complexo, com
muitos pontos que se fecham com maestria, em cenas espetaculares como da
conversa do velho Evan com seu pai, em um retorno de memória. Para seu bem, não
se aventure a assistir suas sequências, será apenas decepções grandiosas. Se
você nunca viu nenhum, veja essa obra-prima que é o primeiro, e se contente com
isso. Até mais.
Depois de uma resenha tão boa como essa, aliás todas suas resenhas são boas!, vou definitivamente ver o filme estou enrolando para vê-lo igual Titanic, que até agora não assisti, bom me interessei bastante por esse filme vou assistir.
ResponderExcluirMuito obrigado! :D
ExcluirMas vejo o filme mesmo, vale muito a pena, como eu disse na postagem... um filme que nos marca e que nos faz pensar bastante. Depois volta aqui para eu saber o que você achou
Até!
Perfeito! Resenha perfeita, filme perfeito. Identifiquei-me com cada palavra. É um filme de ficção científica profundo e que me faz pensar na vida, em como pequenas coisas que fazemos ou falamos, aparentemente insignificantes, podem mudar tudo dali para a frente. Obra-prima!
ResponderExcluirObrigadoo! :D
ExcluirDesculpa pela demora em responder, mas eu adoro conversar sobre Efeito Borboleta por pessoas que sejam apaixonadas por ele assim como eu... porque realmente, como você disse: uma obra-prima!