Frequency – Alta Frequência
Não é exatamente um filme sobre viagem no tempo,
mas é um dos meus filmes favoritos quando se mexe com o tempo – sem nenhuma
viagem propriamente dita, o filme liga duas dimensões temporais, dois pontos no
continuum de espaço-tempo, como uma
espécie de Ponte de Einstein-Rosen, utilizando-se dos mistérios inexplorados da
aurora boreal. Um rádio mantém a comunicação entre pai e filho durante algumas
noites, um em 1969 e outro em 1999.
Uma das coisas que mais me agradam no filme, é a
humanidade do roteiro. Estando disposto a ignorar alguns paradoxos sobre os
quais o filme se constrói (não sem antes explicar bem as razões pelas quais
eles não seriam paradoxos, com a memória duplicada de John), o filme
apresenta um roteiro inteligente e preciso, repleto de tudo o que tanto a
ficção científica precisa, bem como o que um belo drama também precisa. Assim,
acaba sendo um filme atemporal e que extrapola gêneros, e consegue agradar
quase qualquer pessoa que esteja disposto a vê-lo.
A ficção científica está ali, enraizada e sem
grandes explicações, mas ainda assim baseado na ciência sem fazer o espectador
de bobo. Mas não é a ficção científica pela ficção científica apenas, e também
não exagera nas cenas de ações, tendo duas ou três breves, somente quando é
estritamente necessário e sem extrapolar o tempo prejudicando o clímax.
Portanto tudo gira perfeitamente em torno das conversas de pai e filho, e é aí
que o filme se torna humano. A emoção é uma das bases mais fortes do longa, e os
atores passam isso nos olhos perfeitamente, e a história ajuda para que tudo
saia bem. É fascinante.
A química entre pai e filho é magnífica. O filme
nos apresenta bem Frank em 1969, um bombeiro que está prestes a morrer em
serviço; também conhecemos sua esposa Juliet Julia e o pequeno Johnny.
Mais tarde, em 1999, John Reese redescobre o antigo rádio do pai, e em
uma noite de curiosidade, acidentalmente consegue fazer contato, sem saber
desses 30 anos que o separam. “I love you, son” “I love you too,
dad. I’ve missed you so much”. A maneira como o primeiro contato acontece é eletrizante, deixa
meu coração nerd saltitando. É simplesmente perfeito.
A quantidade de cenas que mexem com o tempo é
abrangente, e todas elas me deixam feliz em proporções distintas. É o caso da
mesa queimada, a cicatriz do assassino, o recado emocionante de “I’m still here chief” e o mais
fascinante de tudo, a carteira. A carteira é o tipo de cena que entra para a
história do cinema e que precisamos aplaudir. Porque ver o pai escondendo a
carteira enquanto fala com o filho, que 30 anos depois pega a carteira
empoeirada é a coisa mais perfeita do filme.
Mas o filme tem tantos pontos positivos, que é
difícil de qualificar as cenas. Poderia ser tudo apenas uma conversa entre
Frank em 1969 e John em 1999 que já seria perfeito – cada conversa dos dois,
especialmente as primeiras quando eles se identificam, é de deixar qualquer fã
de viagem no tempo babando. E a emoção transborda dos olhos de Jim Caviezel, as
lágrimas são mais ou menos como as nossas, e é belíssimo ouvi-los conversando
sobre a vida, sobre beisebol, sobre sonhos, amores e tudo. Frank é o pai
perfeito com o qual todo mundo já sonhou – e é emocionante ver John tendo essa
oportunidade toda.
É claro que esse tipo de comunicação gera um poder
irresistível de impedir que o pai morresse no acidente. Eu colocaria ali um
paradoxo, mas relevemos, e então Frank é salvo pelo seu filho do futuro, e
então começa a acreditar. Mesmo tendo visto isso zilhões de vezes, é sempre
maravilhoso ver John tendo sua memória alterada, ver que as pessoas ao seu
redor nem sempre se lembram dele, ver o passado interferindo no presente e
mudando tudo drasticamente. Influindo até em um serial killer estar à solta e ter matado 7 mulheres a mais, dentre
elas sua própria mãe, que estava viva até pouquíssimos minutos antes.
E ver os dois trabalhando em conjunto (como disse,
a cena da carteira é ÉPICA) é de arrepiar. E o filme ainda traz uma finalização
que não podemos dizer que é absolutamente surpreendente, mas ainda assim
consegue ser eletrizante e emocionante. O filme justifica bem seu lado
científico dentro do possível, se preocupa com a solidez dos acontecimentos, e
consegue fazer tudo isso passando uma emoção verdadeira e bonita. Um ótimo
filme e eu recomendo a todos! Até mais…
P.S.: Não sou o único que
fica todo arrepiado com a conversa do John de 1999 com Julia e John de 1969,
sou? Aquilo é tão breve, mas tão inocente, puro e verdadeiro, que realmente me
emociona. E a grandiosidade do momento… e a interpretação de Jim Caviezel está
tão perfeita, que hoje eu sou mais fã dele do que nunca! Atuação impecável,
transparecendo humanidade, emoção e determinação.
O que houve com o ator que fez o papel de vilão? Pq não tem nenhuma informação sobre ele? Ele é falecido?
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