O Voo do Navegador
Uma ficção científica com uma premissa fantástica
e uma história bem contada são as bases para o Voo do Navegador, que possui um carisma tão grande que é
encantador. A sinopse do filme é simples, e a história em si também o é, mas é
algo contado de maneira tão deliciosa e fascinante, que não tem como não se
apaixonar. Um daqueles filmes ótimos da década de 1980 (lançado em 1986) que te
fazem entrar novamente no clima de infância geek.
Apaixonado, não é um filme do qual escuto muito as pessoas comentarem, portanto
venho recomendar aqui!
Em 1978, após sair atrás do irmão mais novo que
estava a caminho de casa, David Freeman, de 12 anos, cai em uma ravina.
Desacordado, a cena muda rapidamente para quando ele acorda, mas encontra
outras pessoas morando em sua casa, e quando é encaminhado para a polícia,
descobre que 8 anos se passaram. Ele tem agora que conviver com a realidade de
que esteve 8 anos fora, de que seu irmão mais novo e implicante agora é seu
irmão mais velho, e que a polícia já tinha oficialmente o declarado morto por
tanto tempo desaparecido.
Em paralelo, uma nave é encontrada pela NASA, e em
meio aos mistérios de porquê o garoto não envelheceu nada nesses 8 anos, as
duas histórias se cruzam e o levam para uma base na qual possam estudá-lo.
Tipicamente americano, David sente o desejo de ir embora, mas todos os mantém
ainda preso na esperança de que possam resolver todo esse mistério. Em média
4.4 horas de viagem em velocidade da luz até Phaelon resultaram nesse tempo
todo passado aqui na Terra, afinal todos sabem que o tempo passa mais devagar
conforme se aproxima da velocidade da luz.
O filme é fascinante. Com uma criança como
protagonista, o filme possui aquele tom de inocência e leveza, e é delicioso.
Porque temos uma história muito bem estruturada, todas as coisas certas dentro
de seus lugares, e uma narrativa descontraída e apropriada para qualquer idade.
O filme consegue ser uma ficção científica de primeira, consegue ser divertido,
nos deixar contente e ainda nos emocionar de verdade, além de passar uma bela
mensagem na relação de David com seu irmão mais novo/velho, Jeff.
Eu descobri o filme através de um livro chamado
“101 filmes – Tesouros Perdidos”. No momento em que o comprei não tinha certeza
se tinha feito bom negócio, mas apenas por ter me apresentado esse filme, tenho
certeza de que sim. O filme tem ótimos efeitos especiais, não é pretensioso demais
nem de menos, e possui um humor característico da década de 1980 que não se vê
mais nesse nível. Além de tudo é bem produzido e fascinante – é curto, 90
minutos, então os eventos se sucedem rapidamente uns aos outros, e você não
deseja que o filme chegue ao fim tão depressa.
E rapidamente tenho que elogiar Joey Cramer, o
garoto que interpretou David Freeman. Depois, pelo o que vi, a carreira dele
não foi muito longa, mas ele tinha talento. Fofinho ao extremo que nos fazia
ficar dizendo “own” o tempo todo, o garoto tinha o dom da atuação, emocionando
cena após cena, especialmente no início. O medo estampado em seus olhos no
hospital, o pedido desesperado para que fossem todos embora, e as lágrimas que
escorriam tão verdadeiramente. Era lindo e triste ver o garoto chorar daquela
maneira.
De outro lado, sua química com Matt Adler, o Jeff
na versão de 16 anos, é fascinante. Afinal os dois pareciam se odiar em 1978, e
Jeff parecia mesmo bem chatinho. Mas com a inversão dos papéis (agora Jeff com
16 e David com 12), mesclado à saudade e até um pouco de culpa, parecem ter
amadurecido Jeff e a relação dos dois é totalmente outra. A conversa no
hospital na qual ele conta tudo sobre o ano em que estão e os oito anos de
desaparecimento, e como ele parece ter um sentimento verdadeiro de amor e
felicidade por ter o irmão de volta, é lindo. E também um pouco de proteção, e
é ele quem o ajuda na fase final do filme.
Max é outra preciosidade do filme. Realmente
nomeado Trimaxion, David resolve chamá-lo de Max por ser mais fácil – a voz do
computador da nave é interpretada por Paul Reubens, e qualquer cena dos dois é
fascinante. A típica inocência e felicidade infantil por estar a bordo de uma
nave alienígena, e ainda por cima no controle. Os dois fornecem piadas
fantásticas, risadas gostosas e discussões interessantes a respeito de o que é
ser humano, para que serve a risada e coisas assim. Não tem como não afeiçoar
àquele simples computador vindo de outro planeta.
O filme, portanto, mistura ficção científica de
viagem no tempo com ficção científica de aliens e “abduções”, e tudo funciona
perfeitamente. Como eu disse, tem aquele ar leve e descontraído pelo
protagonista de 12 anos, e a história é bem contada e bem estruturada, de
maneira que não vemos furos passarem. Portanto, serão 1h30min de muita diversão
e você não vai se arrepender. Se não conhece o filme, eu realmente acho que é
algo que você precisa conhecer, vale a pena! Até mais…
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