On Broadway – Wonderland – Finding Wonderland is finding who you are


Time is fleeting.
And once a moment is lost, you can’t ever get it back.

Wonderland foi um musical que estreou na Broadway em 2011, após vários workshops, e que infelizmente ficou apenas um mês em cartaz. Conta a história de Alice, uma escritora com problemas com as editoras, apaixonada por Lewis Carroll, e com problemas no casamento, que se muda com a filha de dez anos, Chloe, para uma nova casa, e lá acaba sendo levada até o País das Maravilhas. A partir daí, todos aqueles personagens tão fascinantes e amados criados por Lewis Carroll aparecem de alguma maneira impressionante.
O musical é bastante intenso, e não te dá tempo para respirar ou processar informações. As coisas se sucedem umas às outras muito depressa, as músicas são abundantes e envolventes, e você precisa saber apreciar cada um dos momentos. Cada cena muda drasticamente o que estávamos vendo até ali. No começo, parece mesmo que somos Alice, perdida naquele lugar a qual chegou por acaso, querendo sair, e sendo levada por um mundo que parece pura loucura. E cada cena/música se propõe a contar uma parte dessa história…
Please, start making sense!
São muitas ótimas músicas, a maioria delas muito envolventes, e que posso ler o título e lembrar claramente da melodia, e o musical parece não ter uma estrela. Alice passa quase todo o primeiro ato como uma coadjuvante, sendo jogada para lá e para cá, enquanto todos lhe dizem o que fazer e ela vai fazendo suas amizades, conhecendo o mundo e conhecendo a si mesmo. É bonito ver a proposta que o musical apresenta, com a Lagarta Azul lhe fazendo a pergunta mais importante e que a tirará dali em algum momento: “Who are you?”. E o musical gira em torno disso.
Amo particularmente a cena final, na qual Jack, Chloe e Alice, reunidos no quarto, de volta à casa, ponderam a respeito de tudo. Um final bonito, emocionante e feliz, repleto de esperança. É emocionante ouvir Alice mencionando cada um de seus amigos e como cada um foi importante em sua trajetória. A Lagarta Azul que lhe fez a pergunta guia; El Gato que lhe instruiu a fazer o que tivesse vontade; e o Cavaleiro Branco que lhe provou que há vários heróis a nosso redor. O musical lhe ensina a sonhar, a viver, a se encontrar e saber quem você realmente é. E se amar por isso.
Quando digo que não tem apenas uma estrela, quero dizer que as cenas se sucedem e em cada momento um personagem diferente assume a posição de lead, de maneira belíssima. Começamos com Chloe em uma ótima interpretação de The Worst Day of my Life e já começamos a rir e se aventurar pelo mundo. A música já me agradou magicamente, ouvi ela zilhões de vezes já, e me parece realmente muito boa. Meu coração dispara só de começar a ouvi-la! Tem um ritmo delicioso de modernidade. Boa música da modernidade. Simplesmente fantástico! E o momento mãe e filha é maravilhoso.
Então a cada cena nos aventuramos com diferentes pessoas. A Lagarta Azul (eu realmente prefiro chamá-lo de Caterpillar) em uma cena psicodélica e um tanto sensual, se vocês me perguntarem. Não sei explicar o motivo. El Gato divertidíssimo e com uma cena a la Grease que é contagiante e fantástica! E o Cavaleiro Branco com sua boyband, que traz músicas muito legais, envolventes e passos divertidíssimos! Depois temos a Chapeleira Maluca, a Rainha de Copas e assim por diante… achei o Coelho Branco tão fofinho que só eu sei! Muito engraçado também, com ótimos momentos! “Bunny!” me arrancou risadas eternas, e ele dançando durante Together foi uma das melhores coisas do musical!
Maravilhosos momentos de risadas que só quem assistiu sabe apreciar e rir. Mas se você viu, aqui está: “You said I was not listening”, a quantidade de Alices dando “Welcome to Wonderland!”, “Security in this building really sucks”, “Drink me… responsably”, “[…] a size 4”, “Who are you is my catch phrase”, “It’s a guitar” (essa parte me arrancou risadas colossais por parte do Gato!), “Hey, you, rabbit” – “Hey you, homo sapiens”, “I’m tardy! I’m tardy!”, “He needs professional help”, “Yes, we all attend Knight School” (qualquer cena da boyband de Jack merece destaque! Todas ótimas!), “That’s for you, sugar pants”, “That’s the ex-Mad Hatter. We retired him”, “She’s a she”, “Pride and prejudice”, “Mama says: off with their heads”, “Bunny” (EU RI DEMAIS!).
E uma das melhores: There’s the queen of Dairy, the queen of Papaya, many queens of drama, and of course all the queens of drag.
Só eu que senti um pouco de Full Disclosure em Mad Tea Party?
Devo longamente elogiar a Chapeleira Maluca. Confesso que quando fiquei sabendo que era uma mulher que seria Mad Hatter, fiquei com um ponto de interrogação na cabeça. Mas é explicado, e ela consegue ser um ótimo personagem. Totalmente diferente da história do livro e da versão clássica, ela nos surpreende com momentos realmente muito bons, e uma voz fantástica! FANTÁSTICA! Porque as músicas mais difíceis parecem ter ficado para ela, e ela tem realmente solos intensos que me deixam abismado. Admirado. Pode não ser minha personagem favorita, nem de longe, mas é a melhor cantora que o musical tem. Certamente.
Eu sempre acabo fazendo uma ou outra comparação entre o primeiro e o segundo ato das peças, mas sempre me encanta ver o quanto eles são distintos um do outro. Nesse caso não é diferente. Em Wonderland, enquanto o primeiro ato nos apresenta os personagens, o mundo e a pergunta central, o segundo ato nos guia para a resposta e um ótimo momento de catarse, emocionante demais! E as músicas são cuidadosamente pensadas para seguirem esse raciocínio. No primeiro ato, muito mais animadas e divertidas, no geral, o segundo ato tende a ser mais sério, com músicas mais lentas e solos incríveis!
Como eu disse, eu gosto bastante da personagem de Chloe, mesmo com pequena participação (acho que é por gostar tanto de crianças com vozes tão absurdamente perfeitas!), e Home foi uma coisa realmente bonita. Mas nada comparada à Once More I Can See, na qual ela nem teve falas, e na verdade nem estava ali mesmo (não a personagem, apenas a atriz), mas quase me arrancou lágrimas. Who are you? / I’m you. Who you really came here to find. Ver a conversa de Alice com ela mesma, ver as confusões com a pequena garota que poderia ser Chloe… é uma cena muito bem escrita e muito fantástica, merece aplausos! E incrível como essas duas cenas emocionantes são bastante simples, mas nos comovem mais do que muitas outras.
Só eu que achei que Through the Looking Glass lembra um pouco The Worst Day of My Life? Ambas perfeitas, though.
No final, a maior impressão que você tem do musical é que foi algo grandioso e emocionante. Porque ele termina carregado com boas mensagens e frases inspiradoras que valem a pena ser anotadas. Como eu as coloquei aqui no blog. E me parece que Finding Wonderland não é o clássico para terminar o musical, mas fez seu trabalho muito bem, me deixando arrepiado. Talvez uma junção de tudo o que aconteceu, mas uma bela maneira de finalizar Wonderland. A última cena, o último abraço de uma família feliz… emocionante.
O musical conseguiu ser também uma grande homenagem a Lewis Carroll, até o colocando como personagem por um curto período, em um ótimo e sério dueto com Alice, em I Am My Own Invention. Um musical inteligente, se me perguntarem. Porque eu realmente fiquei surpreso com as revelações bombásticas da Chapeleira Maluca (amei o enredo), triste com o fim que deram ao Cavaleiro Branco, mas felicíssimo pela finalização com a chegada de Jack para falar com a esposa e a filha. E com as músicas tão boas então? ÓTIMO MUSICAL! Emocionante e divertido, uma ótima dica a todos os fãs de musicais! Até mais…

From all my upside-downs, I’m glad to be who I am.

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