Os tão mencionados “paradoxos temporais”


Vocês vão ver em tantos lugares através dos textos desse Mês meus comentários a respeito de “paradoxos temporais”, e é um assunto tão divertido e instigante, que eu não pude resistir à tentação de escrever esse texto. Para quem não sabe o que são paradoxos temporais, entenderemos agora, e quem já sabe, são sempre assuntos deliciosos de se discutir e confundir nossas cabeças. Então vamos embarcar em mais essa!
Paradoxos (qualquer tipo) são coisas que se contradizem, e que portanto tornam-se impossíveis. Um paradoxo temporal é exatamente a mesma coisa: quando aceita-se a teoria de viagens no tempo e a possibilidade de serem reais, chegamos aos problemas dos paradoxos, onde um acontecimento pode ser contraditório ou mesmo impossível. Não se sabe ao certo as conseqüências de um paradoxo na realidade, mas é de senso comum que seriam catastróficos – as obras de ficção tentam criar vários caminhos pelos quais eles são evitados, dentre eles o mais comum é o universo paralelo.
Do qual não gosto muito.
O paradoxo mais conhecido, e exatamente o mais fácil para explicar, é o Paradoxo do Avô. Imagine que você conseguiu viajar no tempo de alguma maneira, e voltou 50 anos no tempo, para época em que seu avô era jovem, ainda não tinha se casado ou tido filhos. Por um motivo ou por outro (não importa se é intencional ou não), você acaba se tornando o responsável pela morte de seu avô. Mas se seu avô morreu, sem antes ter filhos, então você nunca poderia ter nascido. O que significa que nunca poderia ter interferido na história, e portanto, sem a causa da morte, seu avô continua vivo. E você nasce. E assim por diante.
Há quem defenda a criação de universos paralelos – e então quando seu avô morreu prematuramente, você entra em um universo no qual nunca existiu, mas o outro continua existindo. Teoria da qual não gosto, portanto não discuto por muito tempo. Primeiramente porque é lei da física que o universo não pode perder massa (então como você simplesmente desapareceria?) – e segundo porque isso acarretaria em uma série de universos paralelos sendo criados infinitamente de acordo com cada decisão ou alteração. Parece totalmente inviável.
Outro exemplo de que gosto bastante ao explicar paradoxos temporais, é a teoria do Objeto Impossível. A primeira vez em que ouvi falar sobre isso nesses termos, foram em discussões a respeito de By His Bootstraps, um conto de ficção científica escrito por Robert A. Heinlein em 1941. Vou tentar explicar de maneira resumida (nos meus padrões) o que é um objeto impossível através do exemplo que o conto nos apresenta tão bem.
No conto, o personagem principal recebeu de uma versão mais velha dele mesmo, um caderno com um vocabulário do idioma que era falado pelas pessoas no futuro. Estudando e adquirindo esse conhecimento através dos anos, a versão mais nova dele viu que o caderno estava ficando desgastado e velho, e o transcreveu para um novo caderno, no presente – o caderno que mais tarde voltará para entregar ao seu eu mais jovem. Dessa maneira, de onde surgiu o conhecimento do caderno? Ele aprende o idioma com o caderno, e mais tarde ele mesmo escreve o caderno, copiando-o de uma versão já escrita por ele mesmo. Um ciclo vicioso e paradoxal que nos leva à conclusão: o conhecimento do caderno não existe!
Outro exemplo de um objeto impossível seria que eu desse de presente, por exemplo, um livro a minha mãe, no passado. De tanto que gosta desse livro, com o passar dos anos minha mãe me dá esse mesmo livro de presente, quando eu for mais novo. O livro que será meu e mais tarde voltarei no tempo para dar de presente a ela. Bem, mas se eu ganhei o livro de minha mãe, e minha mãe ganhou o livro de mim, de onde veio o livro? De LUGAR NENHUM! E em algum momento esse livro se tornará velho demais e impossível fisicamente. Portanto, mais um objeto impossível.
Paradoxos temporais são os grandes inimigos dos escritores de histórias de ficção científica, porque ou eles conseguem criar roteiros impecáveis e que se justificam e os excluem, ou o público não compra a história por sua impossibilidade (é minha relação com Looper, não aceito aquele paradoxo!). No entanto, de maneira divertida, algumas histórias tentam se utilizar justamente de tais paradoxos para basear suas histórias, e isso pode ser um trabalho interessante… eu amo escrever sobre viagens no tempo, e esses são alguns dos meus principais motivos!

Curta nossa Página no Facebook: Parada Temporal

Comentários

Postar um comentário