Um pouco da viagem no tempo em “Lost”
What’s
done, it’s done.
Lost é o
exemplo mais claro que me vem à cabeça quando penso na possibilidade de viagem
no tempo quando o passado e o futuro não se alteram. Ou seja, quando a viagem
no tempo já estava programada, já aconteceu. Nesse caso, o futuro no qual o vôo
para Los Angeles cai na Ilha só existe graças à viagem ao passado que
futuramente os losties enfrentarão.
A maneira como a viagem no tempo é abordada na
quinta temporada é fascinante. E eu gosto da finalização que só entendemos para
valer no início da sexta temporada, mas que de qualquer outra maneira geraria
um paradoxo gigantesco. A temporada já começa surpreendente, Daniel Faraday
apresenta mais importância do que nunca, e é maravilhoso ver aqueles
personagens tão queridos morando em 1974-1977, e sendo partes integrantes da
Iniciativa Dharma.
A quinta temporada de Lost é a minha preferida porque é basicamente ficção científica.
Mas não só. Eu amo a série pela quantidade de temas que consegue abordar, e
como tudo nunca é o que parece ser. Cada episódio de Lost é uma grande viagem, muitas informações, e grandes surpresas.
E mistérios que se sobrepõe um ao outro, que é o maior valor da série. Mistura
ficção científica (muita física!) com religião e sobrenatural. E a quinta
temporada é o maior exemplo disso tudo.
Até mesmo o estilo de narrativa muda por alguns
episódios, com várias vezes não tendo um personagem central em torno do qual o
episódio gira, afinal os flashbacks e
flash forwards já são desnecessários
com a quantidade abundante de pulos no tempo. Até que um grupo deles se
estabeleça nos anos 1970, bem quando a Dharma estava em seu ápice. E o que
podia ser a fonte de muitas respostas, criou muito mais perguntas do que
qualquer outra coisa. E é exatamente por isso que eu amo Lost.
Uma das maneiras de chegar ao ponto a que desejo,
é analisando o Season Finale duplo da
quinta temporada – The Incident. Para
os menos conhecedores da cultura Lost (I pity you!), acredita-se que o
“incidente” seja a perfuração de um bolsão de eletromagnetismo, que
eventualmente criará a Estação Cisne e o botão que Desmond apertará por anos,
até que um dia isso não aconteça e o avião caia antes de atingir LA X. Para impedir isso e a conseqüente
queda do vôo, Daniel Faraday decide explodir uma bomba de hidrogênio que
amenizará os efeitos do eletromagnetismo, e após a sua morte, Jack assume o
comando.
O Season
Finale é repleto daquilo que tanto estamos acostumados em Lost. Grupos divididos, alterações nas
alianças, e um grupo decidido a explodir a bomba contra outro que os tenta
impedir. E alguns que estão lá totalmente perdidos. Miles é o único a levantar
a possibilidade de a “bomba nuclear ser o incidente” – ou seja, a chance de
eles causarem exatamente aquilo que estão tentando evitar. E a temporada acaba
no grande mistério que envolve o eletromagnetismo e a bomba detonada afinal por
Juliet, em uma cena emocionante.
As conseqüências disso na sexta temporada são
fascinantes. A viagem esteve programada para acontecer desde sempre, e a queda
do vôo só aconteceu porque essa viagem já havia acontecido anteriormente, e
ainda aconteceria para aqueles que chegavam à Ilha na primeira temporada. Muito
bom vê-los integrados à história, e empenhados em alterar o passado, enquanto
são, o tempo todo, os responsáveis por tudo o que pretendem evitar. Uma das possibilidades
mais complicadas e interessantes de viagem no tempo!
Não posso terminar sem comentar: o episódio ainda
apresenta muito do sobrenatural que tanto me fascina em Lost, no caso com Jacob e o homem de preto. Aquela cena inicial com
a chegada do barco de Richard é clássica, e é aqui que vemos a morte de Jacob,
o desabafo de Ben, e a verdadeira identidade do John Locke. Embora as cenas
sejam chocantes e bem feitas, me pareceu tão óbvio quem era o Locke, mas
provavelmente porque eu já conheço toda a história. Sempre foi assim tão óbvio?
Primeira vez que vi Lost não tinha blog, não lembro todas minhas impressões.
Eu gosto de Lost
pela maneira impiedosa e inteligente de contar suas histórias. Como eu
sempre digo, não é algo para assistir com pressa, fazendo outra coisa, ou
assistir por assistir. Por isso me orgulho por tê-la acompanhado fielmente, e
poder ter sempre pelo menos uma semana para processar todas as informações,
criar minhas teorias, discutir com outros fãs para compartilhar opiniões. Lost é um grande convite para pensar,
uma narrativa extremamente inteligente com milhões de detalhes que precisamos
processar… e uma emoção gritante que toma conta de mim sempre que escuto a
trilha de seus créditos… bem, quem ainda não viu, não perca tempo! Lost é Lost!
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