Avenida Q – Trilha Sonora
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Encantadora.
O tipo de músicas que fica na sua cabeça para o
resto da vida. E, hei! Não é todo musical que eu digo isso, e não é mesmo…
porque embora alguns musicais eu ame de paixão, eu não consigo ficar escutando
seu CD. Agora de Avenida Q, a gente mal
precisa disso para ficar repetindo as músicas dentro de nossas cabeças. Com um
estilo bastante próprio e cativante, acho que as músicas são a cara do musical,
e são todas encantadoras. Queremos voltar e escutar de novo…
Que merda
que eu tô.
Avenida Q
é a história de como o jovem Princeton, pouco depois de se formar, vai morar na
Avenida Q, que é o único lugar que consegue pagar com o pouco dinheiro que tem.
Mas ali faz amizades verdadeiras e bonitas, além de enfrentar os típicos
problemas do dia-a-dia, se apaixonar e conhecer histórias diversas… além de,
claro, buscar um “rumo” na vida. A história, além disso, também traz muitos
outros temas controversos de maneira politicamente incorreta, e isso combinado
com os bonecos? É uma experiência bastante divertida e unusual.
Certamente a música que mais fica conosco até o
fim é “Que merda que eu tô” (“It sucks to
be me”), na qual os personagens da avenida são apresentados, cada um
reclamando da vida que tem, meio que disputando para saber quem é que está
pior. Isso nos guia durante todo o musical, é a melodia recorrente, inclusive a
que no final vem com a letra “Tudo há de
passar” (“For Now”), o que é bastante bonito… mais bonito do que isso,
claro, é ver os atores com seus bonecos, por exemplo Roberto com Rod e
Princeton ao mesmo tempo e Marilice com Lucy e Kate.
“Se você for
gay” (“If you were gay”) é a música de Nick para Rod, e é bem divertida. Na
verdade é uma bonita mensagem de amizade, ele está sendo um bom amigo, mas é
mais do que tudo engraçada (“Você tem
muito pra dar”). E Rod nos diverte o tempo todo com o seu tema da
homossexualidade – e é incrível vê-lo se consultar com Japaneuza. Como eu ri
com a história do “amigo” e com o “Ele é
evangélico!”! E o momento do grande anúncio, no final, é ajudado pela
plateia com o grande “oh” de “surpresa”. Simplesmente hilário!
Eu ri com a namorada do Canadá.
Especialmente o final!
Além disso, a peça ainda fala sobre racismo de uma
maneira extremamente divertida e nos fazendo pensar. “Todo mundo é meio racista” (“Everyone’s a Little Bit Racist”) é
ótima. Começa com Princeton e Kate, falando sobre o racismo contra monstros,
depois contra negros (o Gary entra aqui), depois judeus (vez do Brian) e por
fim orientais (Japaneuza). Mas não deixam as loiras e portugueses de fora… e a
música é bastante instigante e ousada ao defender que todos somos um pouquinho racistas, porque já contamos uma piada
dessas e seremos bem melhores quando pararmos de tentar negar isso.
Eu me diverti bastante também com Trekkie Monstro
interferindo no sonho de Kate. Ela com toda sua “pureza” e esperança, planeja
uma aula sobre internet para seus alunos, e ele vem falando que “A internet é pornô” (“The internet is for
porn”), e a cena acaba sendo uma briga entre os dois, e fica extremamente
engraçada (“Trekkie, você poderia ficar
quietinho um tempo e deixar eu terminar minha música?”). Trekkie faz isso
de maneira fenomenal, com piadas como: “Vocês
mesmos, o casalzinho aqui da frente. Já vi muitos vídeos de vocês no XVídeos”.
O musical faz isso o tempo todo, tentar arrancar as máscaras que todos carregam
consigo…
“Você pode
fazer um auê” (“You can be as loud as the hell you want”), quem foi que não
se surpreendeu com isso? Porque quem acreditava que Kate e Princeton eram
“inocentes” tem suas expectativas quebradas totalmente. A cena é deliciosa e
engraçada, com os moradores da Avenida Q defendendo que você pode fazer o
barulho que quiser enquanto estiver transando! E os bonecos fazendo isso é
realmente surpreendente. Engraçado, divertido, mas ainda assim forte. Eu me
diverti particularmente com as diferentes posições, e vocês repararam nas bocas
dos atores durante o ato?
Enfim, agora você sabe porque é para maiores de 14
anos!
Se formos continuar nessa perspectiva de que o
musical quer o tempo todo derrubar nossas máscaras e expor o fato de todos
escondermos coisas, mas todos também as fazemos, acho que a música de Gary para
Nick é ótima aqui: “Schadenfreude” é
um hino de como as pessoas se sentem bem e se divertem quando os outros estão
na merda. E mesmo que toda a humanidade tente esconder e negar isso, me diga:
não é verdade mesmo? Você nunca riu de alguém caindo da escada, por exemplo? A
maneira como isso é mostrado é inovador e divertidíssimo!
A música do dinheiro! Eu não consigo me lembrar de
como ela ficou em português, mas foi uma ótima e divertida cena. Porque
Princeton está começando a achar seu rumo, e decide ajudar Kate a realizar o
seu sonho de abrir uma escola para monstros. Para isso começa a arrecadar
dinheiro de todos os moradores da Avenida Q, e por fim todos saem para a
plateia pedindo dinheiro. Na primeira fila, onde estava, fomos parados por
Japaneuza… e ninguém deu nada. Ótimas piadas! “Vocês são um bando de pão-duro! Tudo meia-entrada, né?” e “Eu colaborei… o pessoal aqui não. Nadinha”.
A trilha sonora é marcante! Você certamente vai
sair do teatro cantarolando alguma delas, talvez seja a “Tudo há de passar” do final, ou qualquer outra que seja… termino
agora as minhas postagens sobre Avenida Q
(pelo menos por enquanto), mas gostaria de deixar essa mensagem bem clara: o
musical é apaixonante! Em todos seus aspectos nos cativa, seja na história, nas
músicas ou nos personagens e atores talentosos… é incrível e impressionante,
mereceu o título de Melhor Musical em 2004, e ainda hoje é um sucesso
atemporal… recomendo a todos que puderem ver!
P.S.: Lembrei-me
agora da cena da fita… as mensagens subliminares de Princeton para Kate e suas
reações a cada uma delas é fenomenal! “Meu
caro amigo, Amigo de fé, Melô do Amigão” / “Meu calhambeque, vaca profana,
diabo de mulher…”. Eu ri demais com o “Vaca
profana foi meio demais, né?”.
Preciso MESMO comentar?!
ResponderExcluirVocê disse T.U.D.O!!!!!
=p