Percy Jackson – O Mar de Monstros

Apesar de qualquer revolta, eu AMEI O FILME.

E esse texto será complexo e confuso do jeito que eu estou ficando especialista em ser. Acontece que o filme trás erros grotescos em relação ao enredo e ao que lemos no livro, mas ainda assim tem uma produção e um elenco tão bom que é impossível não amá-lo. E digo muito mais do que isso: embora não tenha sido uma adaptação fiel, eu achei que pude sentir Rick Riordan através das cenas muito mais do que pudemos senti-lo em O Ladrão de Raios. E isso é significativo em uma adaptação de livro.

Levantando polêmica, eu explicarei os motivos pelos quais defenderei o filme; e de certa maneira o chamarei de “fiel” em relação ao livro, e vocês hão de me entender até o fim da postagem. Concordar ou não é uma escolha própria, mas vocês me entenderão ao menos. Meu saldo final é positivo. Eu cheguei de volta ao hotel encantado com a produção e desejando ardentemente que eu pudesse voltar e assistir mais uma vez. Como eu me conheço, eu sei que eu farei isso mais cedo ou mais tarde. Mas dica número um: não espere uma transcrição do livro.

Porque, hei, ninguém esperava por isso, esperava? Acho que uma adaptação tão distinta do original como vimos em O Ladrão de Raios nos preparou para esse segundo filme – e mais do que isso, o trailer que mostrava de forma tão explícita cenas absurdas como o Velocino de Ouro no trono de Cronos também nos deu esse tempo para digerir tais informações. Portanto ver isso no cinema já não foi um choque. É terrível, infelizmente, mas não é mais um choque. Não pensem que eu não levei essas coisas em consideração, porque sim, eu levei.

A história está assustadoramente alterada. Pelo menos foi Clarisse quem ganhou a missão, mas por algum motivo foi o Percy quem foi até o Oráculo para ouvir a Profecia (e a cena não foi verde!) – ah, profecia que, por sinal, fala sobre seu aniversário de 20 anos. Ok. Mas a fuga do Acampamento Meio-Sangue está diferente, e a maneira como a história se desenrola também… o Mar de Monstros que dá título ao filme mal é explorado e aparece em poucas cenas. E não é nele que o clímax acontece, mas sim em um abandonado parque de diversões na Ilha de Circe (sim, a Ilha de Circe já está aqui, SURPRESA!) onde Luke consegue trazer Cronos de volta à vida…

Hã?

Sim, a história sofreu alterações gritantes. E embora eu acredite que os produtores tenham a esperança de fazer mais um filme (e acredite em mim, eu queria vê-lo), não acho que eles conseguirão. Do que tratarão em A Maldição do Titã? De como o Acampamento Júpiter foi atacado por gregos? Mas alguns erros não estavam propriamente nesse filme – coisas aconteceram aqui, mas puramente por reflexo da má adaptação de Ladrão de Raios, e então o roteiro tentou não apresentar nenhum erro de continuidade… dessa maneira que a Névoa é citada de maneira bem fajuta e não tem muito a ver com a simplicidade que é no livro. Infelizmente.

Mas o filme termina basicamente como o livro terminou – “Eu sou Thalia, filha de Zeus”. Embora no filme tenha ficado estranho que ela tenha envelhecido no pé da árvore, e também ganhamos uma nova visão do trono de Cronos e uma narração de Percy, justamente o que me levou a crer na esperança de um novo filme para a franquia. Mas por falar na narração de Percy, como o Logan Lerman envelheceu! Demorei no começo do filme para me dar conta que a voz que ouvíamos era a dele! Bem mais grossa do que estávamos acostumados, gostei de vê-lo mais maduro e ao mesmo tempo mais vulnerável, com a presença constante de Clarisse… embora eu acredite que Clarisse tenha sido um tanto descaracterizada.

Mas já que eu comecei a falar nesse assunto… os atores são parte importantíssima para o sucesso do filme. Eles são ótimos. Grover estava tão apagado que eu nem reclamei por ele não estar ausente como no livro – não me irritei mais com ele tentando ser engraçado como no outro filme. Annabeth estava mais convincente (não era o cabelo loiro!), Percy estava ótimo novamente. E novos no elenco, Leven Rambin foi uma ótima Clarisse na perspectiva do filme, eu amei suas cenas. Assim como Stanley Tucci como o Sr. D, fazia tempo que eu queria vê-lo.

MAS CADÊ A COCA?

Por algum motivo, Pierce Brosnan deixou a franquia, e foi estranho ver Quíron interpretado por Anthony Head – um ótimo ator, só achei estranha a mudança mesmo. Mas o que foi Douglas Smith como Tyson? GENIAL! Acho que foi a melhor escolha para o filme, sério. Ele conseguiu nos conquistar muito depressa, e com uma cara e um jeito de agir tão doces e inocentes, exatamente como eu imaginava ao ler o livro. Ainda o imaginava mais bobão, mas ficou ótimo. Um trabalho perfeito e incrível, sua relação com Percy ainda é fofa, o único problema foi como foi sua chegada apressada no filme.

Visualmente… o filme é belíssimo! Eu infelizmente não pude ver em 3D, e nem sou lá tão fã da tecnologia, vocês já devem ter notado, mas O Mar de Monstros eu quero ver em 3D! Algumas cenas já me pareceram estar assim mesmo em uma projeção comum, imagina só como será lindo… mas os cenários são todos ótimos, os efeitos convincentes e bonitos (amei o Mar de Monstros e o interior do animal), e um dos maiores exemplos disso foi o hipocampo. Que animal mais lindo! Eu nem sei como eu o imaginei no livro, mas ele certamente foi muito mais bonito de se ver no filme. Perfeito.

Mas enfim, eu achei um filme fiel.

Por mais paradoxal que isso soe, eu consegui sentir a narrativa de Rick Riordan nas cenas do filme, eu conseguia ver seu estilo ali, de maneira que Ladrão de Raios não teve. Também senti o esforço da equipe de produção em trazer o livro mais para perto do filme, talvez não totalmente possível em história, mas pelo menos na atmosfera, no ritmo e na maneira como a história é contada. E eles foram absurdamente bem sucedidos nisso! Um primeiro passo foi a trilha sonora, bastante condizente e que deu toques mais leves e aventurescos nos momentos mais essenciais.

Uma das maiores provas está no próprio Acampamento Meio-Sangue. Agora finalmente com uma Casa Grande e com o Sr. D por ali, ficou bem mais convincente. Coisas tão bem definidas no primeiro filme como a entrada não puderam ser alteradas, mas continuam ótimas. Outra coisa que me agradou foi mostrarem o lugar para as refeições (só faltaram as oferendas) e onde as missões são distribuídas… mesmo local, inclusive, em que tivemos um ótimo jogo entre os campistas que me pareceu tão natural, tão bonito, tão Percy Jackson! E me parece que eles tiveram uniforme finalmente, mas azul claro.

Vamos trabalhar nisso ainda.

E o Oráculo… eu esperava muito mais sombras e fumaça verde naquele momento, sem uma viagem ao passado, apenas aquele momento sombrio e tudo o mais. Não foi o que eu esperava, mas estava ali. O táxi com as três velhas de um olho só… como eu esperei para ver esse momento! Desde a primeira vez em que li o livro… e está perfeito, genial, exatamente como estava quando lemos o livro, muito bem transposto. Divertido, esquisito e muito maluco. Apaixonante.

Mas a maior prova está em Hermes. Vemos muito mais os deuses nos livros do que nos filmes, ainda não me conformei de não ter visto Ares no primeiro. Mas a visita a Hermes foi espetacular, foi quando pensei em escrever essa parte do texto. Ali, do começo ao fim, eu senti Rick Riordan, como se ele mesmo tivesse escrito o diálogo do filme. Hermes atual, trabalhando nas suas coisas de maneira atualizada, o seu jeito de falar, de agir, as piadas… tudo como lemos em todos os livros! Assim como também os seus presentes e a maneira como fala com Annabeth, e as cobras, que foram excepcionais! “Isso é um estereótipo ofensivo. Nós não falamos assim!”.

ÓTIMO!

Então acho que esses momentos foram o que mais fizeram o filme valer a pena. Não, não é fiel à história que lemos anos atrás em O Mar de Monstros, mas é uma produção caprichada com ótimos atores que consegue, ao menos, captar o estilo e a narrativa do livro e colocar isso em filme. Pela primeira vez conseguiram fazer isso com a franquia, O Ladrão de Raios não apresentou o mesmo tipo de clima. E posso dizer que isso me deixou muito contente, porque eu vi Rick Riordan no cinema (como a cena do ataque ao acampamento, o desfecho foi bem como coisas que lemos nos livros, não foi?). Pontos altos e pontos baixos, um saldo geral é positivo. Vou ver o filme novamente, essa postagem funcionará meio que como uma introdução… vocês me conhecem, O Mar de Monstros ainda verá muitas postagens aqui no Parada Temporal…

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