CAZUZA – Pro dia nascer feliz, o Musical – Elenco

Cazuza – Pro dia nascer feliz é um belíssimo musical biográfico atualmente em cartaz no Rio de Janeiro. Narrando toda a história de Cazuza, desde antes da sua fama até a sua morte pela AIDS, o musical consegue ser irreverente e debochado como Cazuza o era, e também é muito triste e forte ao nos depararmos com todo o sofrimento causado pela doença, além dos medos de não entendê-la completamente. Há uma bonita história de esperança, amigos fantásticos e uma relação familiar belíssima.

Lucinha Araújo foi uma das maiores bases para a construção desse musical, então é difícil dizer quanto disso foi realmente verdade da maneira como foi contado, mas podemos afirmar uma coisa: Lucinha idolatrava e idolatra seu filho mais do que tudo, e tinha por ele um amor incondicional. Susana Ribeiro traz uma interpretação ótima transmitindo essa mesma emoção, esse amor, e é bonito ver cada cena dos dois – ou cada narrativa dela sobre o futuro, todas muito sofridas, permeadas de dor.

Mas eu admiro Cazuza por uma coisa em particular: justamente sua relação com os pais. Eu tenho uma ótima relação com os meus, mas é muito bonito ver isso no palco! Tanto Lucinha quanto João Araújo (o pai, brilhantemente interpretado por Marcelo Varzea) amavam o filho mais do que se pode explicar, e é muito bonito ver a força que eles deram a ele em cada uma das fases de sua vida, e como estiveram com ele lutando contra a doença no final. A preocupação estampada, e o desejo de fazer o que fosse possível para que o filho melhorasse.

Emílio Dantas, meu querido… o musical é SEU. Eu acho que esse é o momento em que sua carreira realmente decola de maneira belíssima – eu já conhecia o seu trabalho, e já admirava sua voz, mas a interpretação de Cazuza precisa entrar para a história. Além da voz espetacular, e dos figurinos terem evidentemente ajudado, ele incorporou o Cazuza em todos os trejeitos, na maneira de falar, em tudo… e ele soube mesclar muito bem sua agressividade e sarcasmo com sua doçura e amor – fosse com os pais, fosse com Ney, fosse com Serginho. E no segundo ato, ele realmente arrebenta ao mostrar o Cazuza fragilizado à beira da morte, nos arrancando lágrimas sem muito esforço. PARABÉNS!

Thiago Machado foi fantástico também como Frejat! Cada cena com ele era ótima, e eu acho que duas merecem destaque especial: Carente Profissional e Eu queria ter uma bomba. Os demais membros do Barão Vermelho são interpretados por Bruno Fraga (Maurício Barros), Saulo Segreto (Dé Palmeira) e Bruno Sigrist (Guto Goffi). Vocês sabem que sempre tem um ator que não é protagonista mas que chama muito atenção – BRUNO SIGRIST É A SUA VEZ! Que interpretação brilhante… na verdade eu sempre o achei todo fofinho, então nem tem muita novidade, mas sua voz é linda, sua interpretação é perfeita, e eu o amei como Dr. Sheldon Wolf.

Bruno Narchi e Yasmin Gomlevsky.

Yasmin Gomlevsky estava absolutamente LINDA como Bebel Gilberto. Na primeira vez em que ela entra em cena com fala eu fiquei abismado com a voz, e depressa comecei a rir. Depois me acostumei. A personagem é ótima, descontraída, um alívio ao musical – e uma ótima amiga para Cazuza. É fantástico ver essa amizade tão bonita; tem coisa mais espontânea e legal entre dois amigos do que aquela primeira cena do “Cadê minha mochila?” “Aqui. Vamos”? E é claro que cantando sua voz não poderia ser diferente. Espetacular e perfeita, como sempre!

E Bruno Narchi foi um ótimo Serginho Maciel, o namorado de Cazuza. Eu fiquei muito contente com a maneira como o romance dos dois foi retratado no musical: verdadeiro e bonito, com todas as dificuldades, mas com todo o amor inegável que existia entre os dois. Então depois da fase da conquista temos ótimos momentos românticos como “Preciso dizer que te amo” e brigas próprias de qualquer casal que são resolvidas com “Faz parte do meu show”, que ficou totalmente diferente de qualquer outra maneira que eu já a tenha escutado. E isso é um elogio. Foi lindo e terno – eu sofri muito vendo Serginho chorar no enterro, afinal eu estava fazendo o mesmo.

Também tivemos André Dias interpretando Ezequiel Neves absolutamente bem. TURNÊ! Em alguns momentos eu até achei que era um pouco exagerado e podiam diminuí-lo, mas era um alívio a todo o sofrimento que éramos obrigados a assistir – ótima a mãozinha de Spock no hospital! E Fabiano Medeiros PERFEITO como Ney Matogrosso; eu não sou muito fã do Ney, mas sua relação com Cazuza foi bonita, verdadeira e muito importante – o sentimento de proteção era grande demais, foi uma história de verdade. E Fabiano ERA o próprio Ney, nem consegui achar as diferenças.

Sheila Matos fez uma infinidade de personagens (“Era a Tereza?” foi uma das falas mais inteligentes no final do musical) e se saiu muito bem em todos eles, me transmitia uma certa paz sempre que estava no palco. Juliane Bodini continua tão engraçada quanto nos lembramos dela em Rock in Rio – a parte da Feia foi HILÁRIA. Dezo Mota também fez um engraçadíssimo trabalho como Caetano Veloso, Osmar Silveira um ótimo Arapuã e Oscar Fabião foi um ótimo repórter e Zeca Camargo. Todo mundo riu quando ele se apresentou, mas a cena foi ótima!

O elenco está realmente de parabéns. Não é um musical fácil de encenar, eles precisam ser convincentes e presentes, e todos eles sabem como fazer isso. Com uma infinidade de cenas de pura emoção, é bonito ver que os próprios atores estão se emocionando de verdade, ver que lágrimas estão caindo e que eles estão sofrendo com a doença de Cazuza assim como nós também estamos… o musical fica ainda mais bonito com essa emoção tão verdadeira transmitida por eles. Todos de parabéns, recomendo o musical a todos!

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