Jogos Vorazes – Em Chamas
Perfeito.
Em muito mais de um sentido. Acho que a trilogia Jogos Vorazes, como um todo, marcará a
história do cinema, pela grandiosidade de suas produções, e sua tão bem
elaborada discussão política que é sua maior característica. Os livros muito
bem escritos de Suzanne Collins são inteligentíssimos e trazem uma narrativa de
opressão, ditadura e revolução com muita veracidade – os filmes bem adaptados
não deixam a desejar em relação aos filmes, são ótimas adaptações, e os fãs de
deleitam.
Saímos do cinema quase em prantos. Tudo é tão bem
elaborado, tão grande. Repleto de simbolismos interessantes, o filme se divide
em três partes para contar sua história de maneira mais organizada – a primeira
retratando a pobreza no Distrito 12 e as consequências pós-Jogos Vorazes; a
segunda na Capital, com um interessante contra-ponto com a realidade que vemos
nos Distritos; e a terceira sendo o Massacre Quaternário, uma inteligente
jogada do presidente Snow para acabar com seus problemas. Tudo isso enquanto a
chama da Revolução aumenta, depois de Katniss e Peeta terem “desafiado” a
Capital no primeiro filme.
A representação do Distrito é incrível, e o tipo
de vida sem esperança que é levada no 12 é realmente forte – também machuca vermos
Peeta e Katniss separados, sofremos com as visões que Katniss está tendo dos
tributos mortos no 74º Jogos Vorazes, e Jennifer Lawrence uma atriz completa,
emocionando em toda e qualquer cena, muito intensa em sua interpretação. É aqui
que vemos a esperança nascendo, crescendo – a Turnê da Vitória é quase
interrompida graças aos levantes em números crescentes e alarmantes… vide a
emocionante e triste cena no Distrito 11. Fomos às lágrimas, e ficamos
horrorizados com o tipo de consequência.
É quando Peeta e Katniss decidem jogar o jogo da
Capital, e é ainda pior ver o restante da Turnê, vê-los lendo textos prontos,
ver o ódio das pessoas no olhar, ouvir gritos de “Diga o que realmente está
pensando”. A que tipo de coisa eles estão se vendendo? A discussão aqui é bem
inteligente, e Snow representa esse poder ridículo com esse medo das revoltas.
Vender a ideia de que estão apaixonados? Como diz Haymitch, Peeta não é o
problema… mas mesmo Katniss precisa aprender a jogar nesse ano, e ela consegue
fazer isso muito bem. As mensagens são lindas, ver os símbolos pintados também,
Prim toda decidida “Você me deu uma chance de fazer algo. Esperança”.
E ironia é ver a neta de Snow!
Com todo tipo de horror que possamos presenciar,
somos então apresentados ao conceito do Massacre Quaternário – uma edição
especial dos Jogos Vorazes que acontecem a cada 25 anos, e que dessa vez
contará apenas com antigos vencedores na Arena. A revolta por quão revoltante é
esse plano todo da Capital para exterminar os Vitoriosos é estampada em nossos
rostos, e no de todo e qualquer Tributo. O filme não tem mais nada a ver com o
filme anterior, então notamos a revolta, e os tributos fazem questão de deixar
bem claro que não estão nada contentes com o que está acontecendo… afinal, por
que estariam? E o que de pior lhes poderia acontecer por questionar agora?
E é por isso que a Entrevista se torna um evento
tão grandioso e maior do que antes. Caesar não sabe mais o que fazer em meio a
tantas reclamações, e Johanna fascinante desde aí! Não só isso, mas Cinna
elabora para Katniss o maior protesto visto até então, transformando-a em uma
noiva apaixonada e infeliz num gigantesco Tordo, o maior símbolo da Revolução –
audacioso, perfeito e surpreendente. Ainda temos o incrível Peeta surpreendendo
ainda mais. Bem como no livro, tive meu ataque de risos com a história do bebê,
aplaudi, bati as mãos, nervosismo puro. E o protesto final dos Tributos, dando
as mãos. INCRÍVEL.
Tique-taque.
Dessa forma, a Arena do Massacre Quaternário é
pensada e elaborada de uma maneira toda nova e muito mais complexa. Note que
embora haja muito horror nisso tudo, o foco desse filme não é o duelo corpo a
corpo entre tributos – eles passam a maior parte do tempo não lutando entre
eles, mas sim contra a Arena, contra a Capital. Lembre-se de quem é o verdadeiro inimigo. Da mesma maneira vemos o
inteligentíssimo plano de última hora de Katniss funcionar, e a estrutura toda
da Capital se desmoronar, em uma cena repleta de simbolismo.
Se você me perguntar, eu gosto muito mais dessa arena
do que da anterior. Formada como um relógio, é muito bom entender isso
finalmente e poder presenciar os horrores de cada hora. A Névoa, os macacos, a
onda, mas o que há de pior: os gaios; bem como no livro, aquela cena foi
atormentadora, ficamos horrorizados com os gritos de Prim, com Katniss
sofrendo, com o “distante” Peeta que tenta acalmá-la e não pode fazer muito…
perfeito e assustador. Que tipo de mente doentia Suzanne Collins apresenta
nesse volume, huh? Essa sequência toda foi bem mais escura do que as cenas na
Arena da primeira, o que conferiu ao filme um visual bem sombrio e
desesperador. Deve ter sido essa a intenção.
E os novos personagens? EU SEMPRE AMEI O FINNICK.
Ansioso para vê-lo no próximo filme…
Quanto à Capital, eu também acho importante
ressaltar o quão terrível é vê-la, ver aquela festa na qual as pessoas vomitam
para poder comer mais enquanto nos Distritos as pessoas estão morrendo de fome.
Os Pacificadores que chegam novos no 12 e espancam Gale, e fazem todo o tipo de
coisa. É aqui que a simpatia por Effie aumenta, enquanto o ódio pela Capital
apenas se enerva e queremos entrar como parte integrante desse grande
Movimento. Queremos derrubar a Capital. Vide a terrível cena com Cinna pouco
antes de Katniss ser mandada à Arena…
Peeta. Tanto Jennifer Lawrence quanto Josh
Hutcherson são atores fenomenais, e eu continuo afirmando que Peeta e Katniss
são o casal mais bonito de ficção que eu conheço. A maneira como isso é
trabalhado pouco a pouco, e como são os únicos momentos nos quais conseguimos
respirar um pouquinho. E mesmo que Katniss ainda demore a assumir, é sempre
evidente o grande amor de um pelo outro, muito bonito e verdadeiro: ela pedindo
que ela fique ali para dormir com ela (é sempre lindo ver essas cenas!), como
eles se sentem seguros um com o outro, como um faz de tudo para salvar o outro
na Arena, o ciúme que Katniss sente de Johanna (engraçadíssimo, por sinal!). É
um amor crescente e não colocado em palavras, o que torna tudo ainda mais
bonito.
I do. I need you.
Jefferson gritou, pulou, bateu os pés, chorou,
quase morreu. Lindo demais! E agora fico só imaginando como será ver isso tudo
no próximo filme, sem nenhum tipo de felicidade, sem Peeta. O final foi
PERFEITO, exatamente como no livro, e portanto exatamente como eu esperava. Há
o plano idêntico, a Katniss sendo resgatada, o plano dos Revolucionários no
Distrito 13, o fato de Peeta não ter sido resgatado e estar nos poderes da
Capital e Gale contando à Katniss que o Distrito 12 não existe mais. QUE
ADAPTAÇÃO INCRÍVEL! Tudo esteve lá, como deveria estar.
Toda adaptação de livro deveria ser como essa: a
ordem é seguida, os acontecimentos são os mesmos, os atores são incríveis, o
filme tem tudo para ser um tremendo sucesso, incrível e perfeito. Mas também
não dá para exigir isso sempre porque nem todo livro foi tão bem escrito quanto
Jogos Vorazes. Precisamos elogiar
Suzanne Collins por ter criado essa trama tão bem amarrada e complexa, que
muito mais do que um primeiro olhar pode revelar, não é uma simples história de
adolescentes morrendo numa arena. É uma incrível narrativa política repleta de
críticas sociais interessantíssimas. Um filme complexo, cheio de ótimos
materiais para reflexão, e que precisa ser avaliado como tal… infelizmente
muita gente falha ao analisar esse lado do filme, mas Em Chamas deixa suas intenções muito mais claras do que Jogos Vorazes. Ansioso para a primeira
parte de A Esperança.
Eu também amei este filme, louco pra ir ao cinema assistir de novo.
ResponderExcluirMinha mãe chorou feito louca o filme inteiro, muito emocionante o longa.
Que venha logo o final de 2014, já devorando novamente o livro A Esperança, pra saciar a espera.