On Broadway – Company


Um livro da Jane Austen cantado.
Ok, isso é um eufemismo. Só a temática que me lembrou um pouquinho Jane Austen por ser sobre casamentos e isso tudo, mas só… enquanto sua literatura se centra na Londres Vitoriana da Aristocracia, Company é um musical encenado pela primeira vez em 1970, mas que continua com seus temas assustadoramente atuais, e as músicas parecem bastante modernas… muito mais do que eu imaginei que gostaria, eu amei o espetáculo! Tudo mesmo… das músicas aos personagens, a diversão e a emoção. Fascinante!
O musical, com música e letra de Stephen Sondheim e livro de George Furth, conta a história de Robert – um homem solteiro que não consegue se envolver de verdade com alguém, e se pergunta se está pronto ou não para o casamento, e se está, por que é que ainda não se casou. Amigo de 5 casais fascinantes e excêntricos, ele também tem um relacionamento pendente com três garotas: April, Marta e Kathy. A história não é necessariamente cronológica, e parece apresentada em episódios – a única coisa que une todas elas é o aniversário de 35 anos de Robert.
O musical é perfeito! Brilhante! Contagiante, divertido, emocionante e nos convida a pensar… além de um grande número de personagens se alternando em cena com cenas perfeitas e cabíveis a cada um, cada um com seu destaque e sua importância, músicas que combinam com eles (bem como as histórias) e um desenvolvimento adequado. Afinal, tantos personagens assim, o musical consegue desenvolver cada um, e nós nos tornamos afeiçoados a cada um deles, de um jeito ou de outro… gostamos deles, os entendemos, e cada um tem sua personalidade própria que é mantida ao longo de todo o musical. As cenas de todos juntos são impecáveis, amei o estilo de músicas, e Neil Patrick Harris como Robert é perfeito…
Como sempre, claro.
Mas ele chama muito a atenção. É maravilhoso ver o musical com ele, ele brilha em cada momento com uma atuação impecável que não é tão simples de se encontrar. Ele convence em cada perspectiva do personagem, que tem várias… inicialmente o vemos acompanhando os casais, como um cara sonhador e um tanto solitário. É bonito ver o quanto ele é importante para cada um daqueles personagens (a abertura do segundo ato é genial!), e como ele mesmo é confuso dentro de si, como sofre, como ama, como espera… gosto de vê-lo se divertir, e também gosto de ver a intensidade da emoção representada em lágrimas nos olhos durante Being Alive. Neil perfeito em cada cena.
Sobre a abertura do segundo ato, comentado ali em cima, eu gostaria de dizer que me emocionou. E me divertiu. Como todo o musical. A música usada antes soou mais uma vez diferente, e a reutilização de uma mesma cena é surpreendente… Side by Side by Side e What Would We Do Without You? são bonitas por serem verdadeiras declarações de amor dos amigos a Robert, e além disso, ela é visualmente brilhante! Como eu amei ver aquelas bengalas e aqueles chapéus todos… tão clássico, e aquela coreografia foi tão perfeita. Eu só desejei que aquela cena não acabasse nunca! PERFEITA!
Mas sobre todos os demais personagens, conseguimos nos identificar e nos importar com eles. Eles parecem reais, tem seus sentimentos e características bem explorados – isso é o que mais me fascinou em Company. Porque como JJ Abrams uma vez mencionou: você precisa fazer sua audiência se importar com seus personagens, eles devem ser o ponto principal de sua produção, nada mais. Se o público gostar e se importar com seus personagens, pronto, você tem um sucesso garantido. E não é verdade? Eu amei os personagens de Company, e isso é surpreendente, sendo 14 importantes personagens dividindo a atenção por menos de duas horas e meia…
Também é um musical com pouco cenário (pelo menos na versão que eu vi) e o figurino não muda muito – muito melhor do que eu imaginei que seria, quando comecei a assistir, o musical clássico traz músicas e temas que parecem absurdamente modernos! Isso foi uma grande surpresa. Acabei apaixonado pelo musical, cantando as músicas e fascinado. Querendo demais ver de novo e legendar para meus amigos… quem sabe? Acho impressionante esses musicais antigos e o estilo deles: isso de se basear quase total e cegamente à história e às músicas, nem lhe deixando reparar que não há grandes mudanças cenográficas. O que acontece é que todo o resto chama tanto a atenção, que você ainda o admira mais do que outros musicais, por conseguir nos emocionar, nos divertir e nos deslumbrar sem precisar de tudo o que musicais como Wicked possuem por exemplo.
Não me julguem, eu AMO Wicked.
Mas vejam Spring Awakening
Bem. Eu comentaria toda e qualquer cena de Company, e farei algo parecido com isso na próxima postagem, mas uma versão resumida é essa: o musical é perfeito! Eu amo a maneira como os personagens são construídos, como as histórias se apresentam em episódios e se conectam através da festa surpresa de aniversário, amei as músicas, e foi muito bom acompanhar essa busca incessante de Robert pela felicidade. Criativo, inovador e cativante, Company é um daqueles musicais que vão depressa para sua lista de favoritos… se você for fã de musicais, você deve, sim, ver esse musical. Depressa!


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