Second Doctor – The Nameless City (Michael Scott)
Em história, apenas o conto avaliado
individualmente, eu gostei mais da história de Eoin Colfer com o Primeiro Doctor – mas avaliado como uma parte do
Universo Who, esse segundo conto por Michael Scott foi incrivelmente melhor!
Teve vários elementos clássicos de Doctor
Who que tanto amamos, teve a participação efetiva de um companion durante toda a aventura, coisa
que eu queria muito ver, e acho que Scott conseguiu capturar a personalidade de
Patrick Troughton muito bem, da maneira como Colfer não conseguiu.
Embora ainda me lembre o Matt às vezes.
Mas talvez Patrick Troughton seja mais fácil de
representar na forma escrita, ou não? Escolhido pelo próprio Hartnell para
substituí-lo, Troughton assumiu o papel de Doctor em 1966 – e foi uma mudança
abismal do que estávamos acostumados. Além de ser mais jovem que seu
antecessor, o Segundo Doctor apresentou uma mudança drástica de personalidade,
o que deu a cara à série por todas as temporadas futuras, onde um ator, assim
que entrava no papel, assumia seu estilo e não precisava imitar o ator que
viera antes… o que é um dos maiores charmes de Doctor Who.
Dessa maneira, o Segundo Doctor era bem mais
compreensivo, muito menos rabugento, e não tinha isso de ficar sendo sarcástico
o tempo todo. Extremamente inteligente, os seus planos eram típicos da maioria
das encarnações do Doctor – ou seja, desprezavam a violência na maioria das vezes,
e eram puramente intelectuais. Ele tinha a tendência a esconder os seus planos,
se fazer de bobo e deixar que seus inimigos o menosprezassem. Para só então
provar que não era nada disso na realidade… e foi exatamente como Michael Scott
o representou no conto.
Uma das descrições no conto são assim [e eu amo
lê-las e ligar aos Doctors que todos nós conhecemos]: “Polly, one of the Doctor’s companions who had known him before he’d
changed, once described him as looking an unmade bed. Jamie thought it was a
good description. The Doctor’s mop of thick black hair was uncombed, his collar
was rumpled and a bow tie sat slightly cock-eyed round his neck.” Não pode ser só eu que leio
essas coisas e pensa imediatamente em Matt Smith. Acho que porque a
gravata-borboleta é inconfundível! Embora a descrição de que “ele estava em
seus quarenta” não pareça com ele. E a melhor descrição de todas: “Jamie
still hadn’t decided if he was a genius or a madman. Or both”.
The Nameless
City é uma ótima história numa galáxia muito, muito distante. Perdoem-me a
piada à Star Wars, mas ela não foi
involuntária. Já aproveito para comentar: se Eoin Colfer tem mesmo o dom (e
sempre teve) de fazer grandes referências sugestivas no meio de sua narrativa,
na maioria das vezes parecendo despreocupado e sutil, eu consegui reconhecer
apensa uma na narrativa de Scott, mas valeu a pena, certamente. “He suspected the Doctor might be one of the dark Sith”. Mais alguma coisa?
O companion
dessa aventura foi Jamie, embora tenhamos visto Polly brevemente. Eu gostei
bastante de terem colocado o escocês ali, talvez o companion mais clássico das aventuras do Segundo Doctor, mas gostei
mesmo do fato de termos um companion
efetivamente participando da narrativa. Porque é sempre no lugar deles que nós
nos colocamos. Sabemos que, infelizmente, jamais seremos um Time Lord e não
teremos uma TARDIS, no entanto não sabemos a que hora uma Police Box Azul vai
parar na porta de nossa casa e ouviremos: “I’m
the Doctor”. Eu morro de um ataque cardíaco antes de ter a chance de
perguntar “Doctor who?”. Ou não.
Espero que não.
O conto começa justamente com Jamie, encontrando o
misterioso Professor Thascalos, num plano gigantesco dos Archons que
futuramente conduzirá o Doctor e a TARDIS a um planeta muito distante e há
muito tempo perdido. Não sei se são só vocês, mas The Nameless City me dava a impressão de uma cidade fantasma e meio
assustadora. Foi totalmente diferente na hora de ler… a arquitetura do lugar
parece belíssima, e eu adoraria vê-la em alguma temporada de Doctor Who mesmo, além de que as
criaturas de vidro negro eram interessantíssimas… mas não era bem uma cidade
fantasma.
Michael Scott, autor de The Nameless City |
A história de Michael Scott então, é que o livro
ganho por Jamie e então dado de presente ao Doctor é extremamente perigoso e os
conduzem a esse lugar perdido no espaço, onde as criaturas inimigas de qualquer
outra criatura no universo e mortas há mais tempo do que é possível que
qualquer pessoa viva se lembre, onde os Archons retornam para roubar a TARDIS
do Doctor (com uma história a respeito do passado de Gallifrey e dos Time
Lords, que por ser tão envolto em mistério pode até mesmo ser verdadeiro) e
levantar seu Império novamente. O que o Doctor não permite, com seus planos
geniais e irreverentes, e com a ajuda de Jamie, um ótimo companion.
Eu gostei bastante do livro, The Necronomicon, the Book of Dead Names – e eu acho que isso é bem
o estilo de Scott. Ainda não li nenhum de seus livros, mas dei uma pesquisada
na internet, e me parece o tipo de coisa que ele escreveria lá. Mas gostei do
fato de o livro ser tão perigoso e poderoso, das luzes, de toda a ação e de ele
mesmo colocar a TARDIS com problemas para funcionar novamente. O livro me
lembrou vagamente o diário do Tom Riddle / o livro do Príncipe Mestiço, além
dessa história toda de escurecer a mão do Dumbledore Doctor. E em algum
momento, pensei ter vislumbrado o Olho de Sauron na descrição de Scott, mas
pode ter sido apenas impressão minha…
Eu achei o final genial – não que tenha sido realmente
tão genial assim, mas na mitologia da série fica. Foi bastante utilizado o fato
de as TARDIS não serem máquinas criadas, mas “cultivadas” (qual a melhor
tradução para grown aqui?), e depois
de concertada, as criaturas que querem roubá-la têm uma forte relação com
música, e isso mesmo que o Doctor e Jamie utilizam para poder escaparem delas…
e uma das características do Segundo Doctor é justamente sempre andar com uma
flauta, a qual ele gostava de tocar ocasionalmente. Então foi uma inteligente e
bonita homenagem de Scott. Ponto.
Agora
veja só isso:
“No matter how many times he
travelled in the extraordinary machine, Jamie knew he would never get used to
the idea that the Doctor’s ship – the TARDIS – was bigger on the inside than it
appeared on the outside”. Clássico, necessário. E o DOCTOR ESTÁ USANDO UMA SONIC
SCREWDRIVER! Sim, Eoin Colfer não podia ter feito isso porque o conceito só foi
inventado para o Segundo Doctor, mas ainda assim! Todas as vezes em que ela era
citada meu coração já disparava, e eu consigo até ouvir o barulhinho dela na
minha cabeça… o autor não precisa se esforçar tanto para descrevê-lo… whovians em qualquer lugar conseguem
ouvi-la sem precisar de estímulo algum.
Patrick Troughton foi o primeiro ator a ter que
enfrentar os fãs substituindo um personagem já tão amado – ele abriu espaço
para que os demais atores no futuro não precisassem sofrer tanto assim. Embora
acredite que ainda seja uma grande responsabilidade substituir alguém tão amado
– como substituir Matt Smith… não será fácil não. Troughton ficou no papel
durante três temporadas, de 1966 a 1969, participando de um total de 21
histórias e 119 episódios. Brincalhão, mais descontraído e gentil com os companions, o Segundo Doctor está muito
bem representado no conto de Michael Scott, deixo recomendado a leitura a
todos! Até mais…
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