On Broadway – Matilda, the Musical – We are revolting children…
Mágico.
Apenas no sentindo figurado da palavra. Matilda, the Musical é uma nova versão
encantadora daquela história que todos já conhecemos e amamos. Mas dessa vez
Matilda parece uma criança mais real, que sofre com o desprezo dos pais, que
busca uma figura paterna que a proteja, que se emociona ao se despedir da
família… a telecinesia acontece apenas no final do musical, e só porque os fãs
certamente queriam ver aquilo – mas não teve importância. E a boneca da Miss Honey? Nope. “It isn’t much, but it
is enough for me”
É um musical lindo e contagiante. Divertido,
emocionante, profundo. Eu gosto da maneira como as crianças são utilizadas e
como toda a história parece girar em torno delas – crianças na Broadway são
encantadoras, um número tão grande delas juntas, então? Maravilhoso! Porque
isso dá ao musical um tom totalmente diferente, as músicas em coro e
coreografias perfeitas são fascinantes, é uma sensação única. E ao contrário do
que se possa imaginar, não é um musical puramente infantil. É, na verdade, um
musical para qualquer idade, por pregar a esperança e a felicidade, a busca por
entender quem é e qual seu lugar…
Mas a maior mensagem é da esperança.
Os personagens são guiados por isso. Matilda é uma
criança não-compreendida pelos próprios pais, pessoas mundanas e trapaceiras –
“It’s just not normal to a girl to be
thinking” – mas que encontra na imagem da professora Srta. Honey a primeira
figura materna; essa mesma que teve uma história parecida com a de Matilda, mas
diferente dela, nunca conseguiu fugir disso. E Matilda é aquela menina
encantadora e avançada para sua idade, que diferente de toda sua família, ama
os livros, aprendeu muito sozinha e é uma criança extremamente inteligente.
Não tem como não amá-la.
“I can now read words. […] I need to
learn to read words, so that I can read sentences. Because sentence is
basically a big bunch of words. And if you can’t read sentences, you cannot
read books” / “And… have you read a whole book?” / “Oh yes, more than one. I
love books”.
No começo eu fiquei pensando: e cadê aquela conta
de cabeça que ela fez no filme? E embora eu queria muito ver aquilo na peça,
essa cena me emocionou, foi lindo ouvi-la dizer essas palavras. E foi
engraçado, claro. Porque ela começa sua incontável lista de livros já lidos,
indo de livros mais comuns a clássicos como Romeu
e Julieta. Uma garota de apenas 5 anos de idade! E isso ainda gera uma
piada maravilhosa mais para a frente, quando Honey vai conversar com a mãe
dela: “Kids at the bottom class aren’t
supposed to read” e ouve como resposta “God
knows I tried”. Como eu ri!
Eu também fiquei totalmente apaixonado pelo
cenário e a maneira como foi construído. Se as crianças eram fofas e mudou o
estilo do musical, o cenário detalhado era belíssimo e seguiam um padrão
interessante! Teve muito livro e letras espalhadas, acho que aquilo combinava
com o estilo, e com quem Matilda era. Também amei a maneira como a escola foi
construída, com as mesas e cadeiras que brotavam do chão, e os balanços que nos
recordam tanto a infância e são tão belamente utilizados durante a performance
de When I Grow Up, na qual os atores
dão um show. É bonito, é emocionante, você quer voltar e ver de novo. E de novo
e de novo.
À primeira vista não parece um musical com um
número tão grande de músicas, não até você assistir. Porque então você percebe
que algumas músicas duram bastante tempo, e não passamos tanto tempo entre uma
e outra – mesmo que haja um tanto considerável de cena dialogada, o que também
é interessante ao estilo. Mas as músicas ficam na sua cabeça, e tem estilos
diferentes… eu amo as performances das crianças juntas, como When I Grow Up e Revolting Children, as melhores performances deles! Mas também há
músicas mais lentas e emocionais que são perfeitas…
O humor. Diferente de um grande número de musicais
na Broadway, Matilda não é um musical
de comédia, mas ainda tem aquele humor peculiar que podemos notar no filme de
1996 e em qualquer narrativa de Roald Dahl – é o estilo dele. Piadas como “AAAAAHHH! She’s reading a book!” / “Stop scaring your mom with that book, boy”,
bastante ironic e caricaturado – e ainda a maneira como o pai cisma em chamá-la
de “boy” e a constante afirmação: “I’m a
girl!”. Assim, é emocionante quando ele a chama de filha no fim do musical
– “Dad! You called me a
daughter”.
My mummy says I’m a miracle.
She is!
Aah, e embora no filme ela também tenha dito isso,
talvez tenha sido a música, ou então o cabelo desgrenhado e sem lacinho, mas a
Matilda do musical ficou bem mais “naughty”. E eu gostei disso, ela continua
sendo inocente como sempre o foi, mas continua com seus planos quando se trata
de punir os pais… eu amei a sua irreverência ao sugerir uma solução para o
problema do cabelo verde: “I know what
you can do. You can pretend you’re an elf”. Não sei o quanto de inocência
estava presente nesse comentário, mas eu achei simplesmente genial! Me diverti…
E como eu ri do primeiro garoto tentando ler o que
a Srta. Honey escreveu no quadro. Também ri muito quando as crianças mais
velhas tentam assustá-la com The Chokey
Chant e ela reage meio “Ok, great”.
E as cenas das crianças juntas era sempre muito bom… como a comemoração por
nada de ruim ter acontecido quando a menina dos rabos-de-cavalo é jogada pela
Srta. Trunchbull, ou como elas reagem à toda a cena de Bruce tendo que comer o
bolo todo. Que, por sinal, como última cena do primeiro ato, foi genial! Foi
bom ver a coreografia tão perfeita, a união das crianças, a comemoração quando
ele consegue – e a música, o ritmo incrível, as vozes infantis num coro… ótima
cena!
Mas nada se compara a Revolting Children. Ok, When
I Grow Up sim, mas só também. É ótimo como a diretora vem querendo
desafiá-los a um teste de soletração, e eles mostram o quanto aprenderam com o
método da Srta. Honey, mas ela abusa com uma palavra horrível para a última
criança… e todos se voluntariam a ir para o Chokey
Chant também, dando soletrações absurdas. Um belo momento de união das
crianças, coragem e foi bonito! Matilda ainda deu um toque final escrevendo no
quadro e afugentando a Srta. Trunchbull, e Revolting
Children é marcante e perfeito! Amei ver Bruce cantando como um astro do
rock, amei a intensidade da música e da performance, a maravilhosa coreografia
intensa, complexa e executada com perfeição… exige muito fôlego e muita
concentração, mas as crianças fazem isso perfeitamente, demonstrando alegria
ainda. Uma cena maravilhosa!
O musical é lindo, e qualquer fã de Broadway
precisa conhecê-lo. Estreou em Nova York nesse ano, mas já há propostas de uma
tour nacional e uma futura adaptação cinematográfica na versão musical. As
músicas são ótimas, a parte técnica impecável, e a história é aquela divertida,
emocionante e repleta de esperanças e bonitas mensagens/críticas que nós já
conhecemos, e já amamos profundamente. Eu amei conhecer essa nova Matilda,
estou apaixonado por ela como sempre fui pela personagem, esperando para poder
ver novamente… claro que farei isso em breve, e tentarei legendar para meus
amigos, afinal eles também precisam conhecer isso!
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