“A 5ª Onda” Parte VI – A Argila Humana
Ender’s
Game.
Novamente eu fui enganado pelo livro, e depois de
acreditar que demoraríamos até podermos continuar na história do pequeno Sammy,
temos Ben Parish Zumbi proporcionando outra visão do Campo Abrigo,
apresentando-nos Reznick e sua personalidade cruel, enquanto eles treinam
bruscamente para a Guerra, o que me lembrou muito Ender’s Game – os teachers
como reais vilões, a brutalidade feita com crianças, a injustiça, a falta de
nomes verdadeiros; e a chegada do pequenininho, Nugget, me lembra um pouco de
Bean.
A Argila
Humana é uma metáfora à maneira como essas crianças estão sendo moldadas,
alteradas, transformando-se em algo que não são por esses loucos, provavelmente
piores que os alienígenas; quando os piores inimigos são humanos.
E a relação de Ben com Sammy, ou melhor, de Zumbi
com Nugget, fica muito bonita, e eu gostei do fato de ele enfrentar Reznick
para defendê-lo… e todos sabemos que, não importando a crueldade desse tipo de
pessoas, elas sempre tendem a apreciar a coragem. Mas eu detestei a maneira como
essas crianças são tratadas, e o que eu achei mais revoltante foi encará-los
como sobreviventes, que acreditavam estar indo para um lugar melhor, quando na
verdade o Campo Abrigo é apenas um lugar de treinamento para prepará-los para a
guerra e transformá-los em adultos frios que só pensam em matar… em que momento
a infância deixou de existir? Quando foi que Ben Parish morreu para que Zumbi
nascesse?
E agora o Sargento Parish.
Eu achei fascinante a maneira profundamente
irônica que Zumbi escolhe para contar a rotina deles no Campo Abrigo – e para
falar a verdade, não sei se é porque li há pouco tempo ou qual o motivo, eu me
lembrei bastante de Ender’s Game. Não
por Reznick, que não tem um equivalente tão cruel naquele livro em uma única
pessoa, mas pela situação na qual eles são colocados tão jovens, e por incitar
em mim exatamente as mesmas questões de lá… um momento de pura reflexão. Também
é bacana notar o contraponto de Ben adolescente, que troca revista pornográfica
e pensa nas namoradas, com Sammy, a inocência de 5 anos de idade – e aquele
bonito e emocionante momento no qual ele recorda a irmã e pede que o rapaz reze
com ele; é digno de lágrimas ler essa oração dos dois deitados juntos,
esperando a morte.
O que se torna constante.
Terrível é ler o capítulo seguinte, que foi o
único momento em que eu me dei conta de que, depois que a Parte V chegou ao
fim, Sammy teve que fazer com algum infestado exatamente o que Ben teve que
fazer com Chris no momento de sua chegada a esse lugar… e que horror! Que trauma
para uma criança… sem contar com todo esse tipo de serviço de limpeza dos
corpos dos infestados e dos humanos mortos, quase conseguimos sentir o cheiro,
o terror, o nojo. E pensamos realmente no que eles estão se transformando, no
que tudo isso virou – e que tipo de futuro Sam, de apenas 5 anos, poderá ter;
que tipo de pessoa ele será. Triste.
Novamente como em Ender’s Game, temos aqui o conceito de “Dar uma de Dorothy”, que nada mais é o momento em que eles não
agüentam mais tamanha pressão e se dão conta que não há um futuro digno a
nenhum deles, e surtam, perdem totalmente o controle, considerados casos de
tratamento psiquiátrico. As cenas com Tank são difíceis porque sabemos que, no
fim, ele não está errado – e é terrível ter Dumbo encontrando-o entre os corpos
no trabalho. Que é quando conhecemos Especialista…
Gosto da maneira como, a cada parte, o livro
avança na história, faz com que conheçamos mais profundamente seus personagens,
mas não deixa de apresentar mais alguém marcante – e dessa vez é a menina
durona que chega ao Esquadrão para fazer a diferença, a qual conhecemos como
Esp, e ainda não temos noção do seu nome verdadeiro. Ótimas cenas com ela de
treinamento, amei sua personalidade… até chegarmos ao momento da formatura, o
terrível momento em que Ben deixa de ser Ben, ou Zumbi e se torna o Sargento
Parish, rumo à guerra, pronto para atacar um grande grupo de infestados, e
abandonando Sammy, que fica sozinho e “desursado” novamente…
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