On Broadway – Jesus Christ Superstar – What’s the buzz?


Jesus Christ Superstar é uma opera rock que estreou na Broadway pela primeira vez em 1971, e conta a história da última semana de vida de Jesus – com sua chegada a Jerusalém até a sua Crucificação, sem a Ressurreição. De maneira inteligente, o musical mescla tempos e se vale de inúmeros símbolos para contar sua história, levantando questionamentos interessantes, e criando um plausível desentendimento moral e político entre Jesus e Judas, que faz todo o sentido. O musical é lindo e emocionante, vale a pena ser assistido.
A história começa com a chegada de Jesus em Jerusalém, recebido e aclamado pelo povo, confrontado por Judas em uma belíssima cena. Acho que o personagem de Jesus cresce ao longo da narrativa, até a sua Crucificação… no início apagado, cheio de si como Judas previu, Jesus não transmite a simpatia do personagem… e embora a música do Templo tenha sido ótima (e eu amei a inteligência de como colocar a perdição nessa versão atualizada da história), o Jesus da peça realmente me conquistou apenas com Gethsemane (I Only Want to Say), QUE CENA! Foi linda e emocionante, Ben Forster colocou sua voz de maneira sublime, forte, intensa, cheia de emoção… o falsette belíssimo!


E é tão bom ver Jesus exatamente como na Bíblia, no seu momento de maior provação, suas dúvidas quanto ao que está acontecendo. After all, I tried for 3 years, seems like 90… o medo que ele finalmente sente, as perguntas nunca ditas, as lágrimas – e sua intensa força. Provavelmente o momento em que Jesus mais se sentiu como um Homem, ele sofre, ele não quer morrer, mas decide fazer isso por ser o plano de seu Pai. Take me now before I change my mind. É tudo realmente muito triste, muito emocionante… quase voltei a cena para ouvir novamente, a letra é belíssima, a interpretação também. Memorável.
Maria Madalena é representada no musical de maneira muito bela – a conhecemos no começo, defendida por Jesus e ao mesmo tempo cuidando dele. Cenas como Everything’s Alright (duas vezes) nos emocionam e os versos não saem da cabeça… mas I Don’t Know How to Love Him é seu melhor momento. Além do ritmo e da letra incríveis, e da voz, tudo é tão emocionante! Ou então, após a Negação de Pedro (outra cena fantástica – “Peter, don’t you know what you have said?”), ouvi-la cantar Could We Start Again Please? com Pedro é de partir o coração. Belíssimo.
Mas Judas em uma reprise de I Don’t Know How to Love Him é de arrepiar.


O personagem que mais nos marca é Judas. Ele apresenta uma intensidade incrível e Tim Minchin o interpretou de maneira tão verdadeira – além de amar sua voz e seus questionamentos, o personagem consegue ser carismático e, mais do que isso, REAL. Suas cenas compartilhadas com Jesus são fantásticas, tristes ou fortes… seja a Última Ceia, seja cada uma das discussões ou enfrentamentos… e Judas’ Death é quase mais triste que a crucificação de Jesus, por tudo o que ele fala… além daquela música de Maria, ele fala sobre como o culpam pela morte de Jesus, no entanto ele fez como estava no plano; sem nunca deixar de amá-lo. Horrível vê-lo se enforcando.


Prisão de Jesus também começa em uma ótima cena que ele compartilha com Judas, que é o beijo – como aquilo foi emocionante; o beijo de Judas, o choro, o abraço. A reprise de “What’s the buzz? Tell me what’s happening”. Inteligente a representação de Herodes, como um apresentador de TV entrevistando Jesus, o número para “LORD or FRAUD”, as piadas sobre transformar água em vinho ou “caminhar na piscina” – o musical assume um tom sarcástico ideal; hilário e revoltante. Associado a uma crítica incrível… mas ainda mais do que Herodes, quem merece elogios é Pilatos.
Suas cenas são ótimas, e começam em Pilate’s Dream como eu comentei na minha postagem anterior. Mas a crucificação de Jesus é realmente muito forte pelas suas mãos, às quais ele tentou inocentar. O musical deixa muito clara a versão da história na qual Pilatos não pretende matar Jesus, pois não vê nele nenhum crime, mas se vê incapacitado de fazer algo graças à ira da população e à falta de defesa de Jesus – as 39 chicotadas são cruéis e terríveis de se ver, uma cena forte, e Pilatos transmitindo a emoção no olhar, na voz, o desespero, simplesmente fantástico. E a Crucificação também é linda, com aquela Cruz iluminada, Jesus entregando seu espírito…
What’s the buzz? Também é justo que elogiemos o Ensemble desse musical, que desempenha um papel brilhante, e várias das cenas mais memoráveis vêm deles. Hosanna é provavelmente a melhor música em conjunto em Jesus Christ Superstar, e eu digo isso porque quando ela foi repetida no segundo ato em fiquei todo arrepiado e quase comecei a chorar – ela assume estilos tão diferentes em diferentes ocasiões, e é muito parecida com a nossa Hosana Hey, Hosana Ha do Domingo de Ramos… linda, emocionante. “J.C., J.C., won’t you die for me?”. “Christ, you know I love you. Did you see I waved?”. O movimento deles, o sentimento de povo, as coreografias… esse elenco faz toda a diferença!
Tudo nesse musical parece perfeito – o que mais chama atenção é a inteligência do roteiro composto apenas por músicas, que consegue cativar aqueles mais puritanos e os nem tanto, porque não nega a Bíblia ao mesmo tempo em que inova. A Simbologia está presente e linda, a mensagem é emocionante, os personagens ganham músicas que combinam com eles em um estilo rock atual que nos deixa abismados. Uma nova visão sobre a história de Jesus Cristo que merece ser conhecida, que nos enche os olhos, que nos faz terminar de assistir com o coração cheio, seres humanos mais ricos… apaixonante, emocionante, belíssimo! Um must a todos os fãs!

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