O Último Guerreiro das Estrelas (The Last Starfighter, 1984)
Em algum lugar escondido do meu cérebro alguma
coisa de The Last Starfighter se
escondia. Porque assistindo ao filme eu tive a impressão de que não era a
primeira vez que entrava em contato com aquela história, no entanto não me
lembrava do filme. E é um filme bom. Com efeitos especiais bastante precários e
uma história bastante simples e linear, The
Last Starfighter surpreende pela simpatia e inovação de contar duas
histórias ao mesmo tempo, com “dois Alex”. Isso tudo junto torna o filme
bastante cativante.
Acho que faz parte do sonho da geração de 1980:
essas viagens espaciais todas. Acredito que existam duas formas de ficção
científica: aquela que mexe com seu cérebro e te faz questionar a realidade, e
aquela que te ilude e te faz sonhar, ou retrata seus sonhos. Também posso
descrevê-las como “sérias” e “divertidas”, e esse filme se enquadra na segunda
categoria. Mas com muito bom humor e cenas realmente marcantes, podemos dizer
que é uma hora e meia bem gasta para os fãs do gênero. E parte da comédia está
mesmo nos efeitos risíveis.
No entanto, acho que o final foi risível. Eu realmente
não esperava nada daquilo, estava vendo um final todo dramático em que Alex
tivesse que fazer uma escolha e suas experiências todas fossem colocadas em
risco. Mas desde o retorno de Centauri já vemos que não é bem isso que teremos,
e foi tão absurdo que eu realmente ri. Não dá para levar o filme muito a sério,
o roteiro todo parece mesmo tirado de um sonho adolescente, um aficcionado por
jogos que queria viver aquilo na realidade. E de um jovem que não sabia ainda o
que fazer da vida, só queria ser grande.
Na história do filme, Alex Rogan mora num conjunto
de trailers (conjunto de trailers e fã de videogame, eu acho impossível não me
lembrar de Wade/Parzival) e em uma noite consegue finalmente bater o recorde do
jogo Starfighter – já é uma sensação
no povoado todo, com todos vindo para ver a grande conquista. Acontece que o
jogo foi implantado na Terra por um alien, Centauri, como uma forma de teste
para recrutar reais Guerreiros das Estrelas para a grande guerra que se
aproximava… e essa jogada coloca Alex como prioridade para o cargo.
There’s a perfect logical
explanation for this.
I gotta be dreaming.
Retirado da Terra sem saber o que está acontecendo
por um alienígena realmente muito louco, ele recusa o emprego e volta para a
Terra para o que eu acho uma das mais fascinantes cenas do filme: o encontro
com o simulóide, a Unidade Beta, o robô que assume seu lugar enquanto ele está
fora. A conversa de Alex com Alex é simplesmente encantadora, e eu acho que o
filme poderia ter continuado naquele diálogo eternamente e não teria sido
chato. Simplesmente fantástico, foi ótimo ver os Zando-Zan atacando, e o Beta
ajudando a convencer Alex a ir para o espaço… “Good luck, Alex” “You too…
Alex”.
Nessa pequena saída para a Terra, todo o hangar
com os demais starfighters é atacado,
e então ele é o único a sobreviver. O filme é bastante inteligente ao mostrar o
longo processo até se tornar um starfighter
de verdade – mesmo já na nave, Alex ainda enfrenta suas dúvidas e seus medos, e
precisa convencer a si mesmo de que pode fazer isso, e isso é uma transição
importante, repleta de motivos bem convincentes para tal. E também é bom vê-lo
ter o dom, mas mesmo assim precisar praticar até se tornar alguém tão poderoso
quanto Centauri prometeu que ele seria.
E por incrível que pareça, a parte que mais me
fascinou no filme foi ver o Alex Beta na Terra, tentando viver como um humano e
passar despercebido. Não achei que o filme fosse acompanhar os dois, mas
felizmente o fez! E assim pudemos ter momentos realmente divertidos com Maggie
e com Louis, o irmão mais novo. Com Louis foram cenas realmente engraçadas – “Louis, you’re having a terrible nightmare.
Go back to sleep” – e com Maggie além de engraçadas foram fofas – “You’re my Juliet. My Venus”. Teria dado
certo se ele não tivesse escolhido a pessoa errada para copiar…
Muito legal vê-lo tentando ser um humano como os
outros, eu acho que eu sou fascinado por esse tipo de história de robôs. E a
parte da Terra precisou de menos efeitos especiais, que tornaram toda a
narrativa mais crível e menos imaginativa. Dentro do possível. E fiquei
surpreso em ver ele dizendo a verdade por Maggie, e ainda ser ajudado por um
Zando-Zan que fez questão de atirar nesse momento e revelar sua verdadeira
identidade de robô. “You owe me one,
Alex”.
O filme é bem divertido. Tem a cara daqueles
filmes que nós víamos quando éramos crianças, na Sessão da Tarde. Com uma
história bem criativa e bem maluca, não é o filme que você precisa levar muito
a sério, e não é a ficção científica que vai mudar a sua vida, mas é aquele
filme divertido de férias que você vê enquanto come pipoca e ri com os amigos
em uma tarde chuvosa. Divertido, vale a pena, provavelmente muita gente já viu!
E o que vocês acham do filme? Até mais!
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