Doctor Who 8x04 – Listen
What’s under
your bed?
O melhor episódio da temporada (e dos últimos anos?), a oitava temporada
já vem nos conquistando com alguns dos momentos mais épicos que acompanhamos. Depois
da dor de se despedir de Christopher, de David e de Matt, Peter Capaldi já nos
conquistou como o Doctor, e Clara é uma companion
e tanto se tornando cada vez mais importante na história do Doctor – porque o
que seria dele sem ela? Ela simplesmente esteve vital em tantos momentos de sua
vida, que basicamente não existe mais o Doctor sem ela. E assim que Jenna
Coleman deixar a série, ela pode retornar para participações a qualquer momento, sem nenhuma
dificuldade de explicação… e eu adorei retomarmos sua linha temporal, mesmo que
tenha sido algo bem diferente.
Qual é o medo coletivo da humanidade? Não sei se
dá para qualificarmos esse tipo de emoção, mas o Doctor começa o episódio
sozinho naquele memorável momento de “Listen!”,
que já tínhamos visto nos trailers antes do início da temporada, e de
abraçarmos Capaldi como o Doctor. E ele se pergunta se, em algum momento, nós
estamos realmente sozinhos na vida. Por que insistimos em falar em voz alta
quando sabemos que estamos “sozinhos”? Por que temos a constante sensação de
estarmos sendo observados, ou de que há algo levantando os pelos nas nossas
nucas? O que é aquela sombra de reflexo no espelho no canto de nossos olhos? A sensação
de que tem alguma coisa embaixo de nossa cama…
Será, então, que estamos realmente sozinhos em
algum momento, ou sempre temos alguém, alguma coisa que nos acompanha o tempo
todo, que seta sempre presente? Se uma criatura tem a finalidade de se esconder
e nunca ser detectada, como saberíamos de sua existência? E se todo mundo, em
algum momento de sua vida, já teve ou terá um pesadelo durante a noite do qual
acorda, coloca os pés no chão, e tem a impressão de que alguém está segundo seu
pé… alguma coisa estava em cima da cama de Rupert, alguma coisa existe, alguma
materialização do medo. Eu adoro como Doctor
Who consegue trazer episódios macabros e sombrios, que são repletos de um
suspense assustador que consegue nos deixar apreensivos do começo ao fim.
Porque é assim que nos sentimos vendo um episódio como
Listen. Apreensivos, nervosos. A série
consegue andar por gêneros com uma rapidez estrondosa, e sair-se bem em todos
eles. Doctor Who traz, de tempos em
tempos, um episódio repleto de suspense, e eles sempre figuram entre os meus
favoritos. Não foi diferente com Listen.
Além de termos um incrivelmente bem escrito suspense que me deixou nervoso,
também tivemos esse aprofundamento nos medos desses personagens que nos faz
conhecê-los melhor do que a qualquer um – porque convenhamos, a partir do
momento em que invadimos essa realidade do medo do outro, temos uma boa noção
de quem é ele.
Mas eu queria ver o que tinha embaixo da cama da
Clara!
No momento em que o Doctor pede a ajuda de Clara
dessa vez (“How long have you been
traveling alone?”), ela está em um encontro desastroso com Danny Pink. E conectada
à TARDIS (eu realmente gostei dessa nova conexão das duas!), sua linha temporal
passa a fazer parte dos circuitos da nave, mas como ela é distraída com um
telefonema, eles acabam em um lugar completamente diferente: um orfanato escuro
e assustador, no qual um menininho não consegue dormir por causa de um
pesadelo, e a certeza de que algo se esconde sob sua cama… e esse menininho se
chama Rupert. Rupert Pink. Achei incrível conhecermos, novamente, um pouco mais
de Danny Pink antes de ele vir a ser um
companion, é uma construção contínua do personagem, que eu estou adorando.
Mas o encontro foi desprezível.
A cena no quarto de Rupert foi uma das melhores
partes do episódio – Clara estava ótima como sempre está, e o Doctor fez uma
participação excepcional fazendo-o não olhar diretamente para o seu medo, e um
discurso muito bonito sobre ser natural ter medo, sobre o medo ser um super
poder, e sobre o medo nunca nos deixar sozinhos, fazer de cada um de nós um companion. Eu me arrepiei com aquilo! Então
tivemos aquelas interações bacanas de Doctor e Clara, enquanto ela tentava
colocar o Rupert para dormir, e ele era completamente insensível como o Doctor
do Peter consegue ser… e desse modo, conhecendo tão bem esse medo e essa faceta
de Rupert/Danny, Clara precisou retornar para o seu encontro e tentar consertar
aquilo.
Quase foi possível, teria sido possível se não fosse
a viagem no tempo. “When you get home, stay away from time travel”
“Runs in the family”.
Porque o Danny ficou novamente na defensiva e quase rude quando ela
acidentalmente o chamou de Rupert… e então ela foi resgatada. Certamente a cena
mais bizarra do episódio fica para quando ela entra na TARDIS, seguindo aquela
espécie de astronauta, e quando ele tira o capacete, é o Danny… ou pelo menos,
Samuel Anderson. Mas dessa vez ele não é o Danny Pink, mas o Coronel Orson
Pink, que parece próximo do Doctor, que exibe uma felicidade tremenda por ele
ter sido capaz de encontrar Clara novamente… quanto tempo se passou ali? Uma figura
de uns 100 anos no futuro da linha do tempo de Clara, quem exatamente é ele?
Sabemos, é claro, mas ficou impressionante!
E o final do episódio vem para nos provar que não estamos
realmente sozinhos, em momento nenhum, mas que também estamos sozinhos e que
tudo pode não passar de medo. Então, vem para nos provar que não existe prova
alguma. Uma visita ao fim dos tempos nos mostra que Orson pode ser a última
pessoa no Universo, e que a última pessoa não está sozinha. O brinquedinho que
significava tanto para Rupert, e que se tornou uma relíquia de família, e que
por fim será levada por Clara para o mais célebre dos Senhores do Tempo… cenas
tão profundas e tão bem escritas, que eu fico arrepiado, e ansioso para ver o
episódio de novo e de novo e de novo.
Clara e o Doctor brigam. Eles brigam porque Jenna
e Capaldi brigam todo episódio, mas eles se amam, se amam de uma maneira
impossível de negar. Então ele a chama de gorda, reclama do tamanho de seus
olhos (“Ela está fazendo aquele negócio
com os olhos. Porque a cara dela é grande demais. Ela precisa de três espelhos”),
e eles brigam realmente mas só porque ela quer protegê-lo a todo custo e não abandoná-lo
do lado de fora da TARDIS quando ele evidentemente está em risco. Essa é a missão de Clara: salvar o Doctor e estar
sempre presente por ele. “You’re an idiot”.
Mas Orson Pink consegue salvá-lo, Clara dá uma ajuda essencial, e no fim ela o conhece,
mais uma vez, melhor do que nunca, e o abraço porque o ama.
“No, no, no, not the hugging. I’m
against the hugging. Please”
Melhor cena do episódio foi ver Clara escondida
sob aquela cama de um garoto que não consegue se controlar e parar de chorar –
seria Rupert? Ou Orson? Ela fica ali, escutando enquanto pessoas conversam
sobre ele, sobre ele não poder ficar chorando por aí se quer ir para o
exército, e o momento mais impactante de todos: “He’s not going to the Academy, is he, that boy? He’ll never make a
Time Lord”. Eu surtei ao saber que era o Doctor, eu queria o cinema todo ao
meu redor gritando, mas não tinha exibição no cinema desse episódio… não esperava
por essa, mas mal posso me conter de alegria por termos presenciado esse
momento tão importante na vida do Doctor, e novamente termos tido a
participação essencial de Clara Oswald.
Porque o que seria dele sem ela?
Ela só retoma todo o discurso que ele fizera,
anteriormente, para ajudar Rupert Pink a superar o seu medo, mas ele nunca
significou tanto quanto naquela hora. Sendo dito na voz de Clara, para um jovem
Doctor, não podíamos nos controlar… foi arrepiante, foi comovente, e fez
lágrimas se juntarem em meus olhos. Tudo bem ter medo, o medo é um super poder,
que te torna mais forte e mais veloz; o medo faz companions de cada um de nós. Ela foi o pesadelo dele, ela foi a
mão sob a cama, mas ela também foi a voz que o ensinou tanto, e o soldadinho
sem arma que provavelmente o acompanhará no futuro. Foi ela, foi tudo ela. Ainda
tivemos cameo do John Hurt como o War
Doctor, e o tema do Eleventh no Next Time,
ou você não percebeu isso?
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