Hoje Eu Quero Voltar Sozinho
Emocionante. Lindo. E verdadeiro.
Assisti Hoje
Eu Quero Voltar Sozinho e simplesmente me apaixonei instantaneamente. O filme
com tanta repercussão no mundo todo é uma obra-prima do cinema brasileiro –
feito com simplicidade e uma história cativante, os personagens são convincentes,
e os dramas abordados são bastante reais. Consigo me identificar amplamente com
o filme, em vários aspectos. O mesmo filme trata tanto da questão da cegueira
quanto da homossexualidade. Cresci com três tios cegos, perfeitamente ciente
desse universo, e o TCC da minha mãe foi basicamente com a temática tratada no
filme… e de quebra, entendo perfeitamente o que é ser gay, certo?
Pode ser que o filme fale mais comigo do que com
outras pessoas então.
Mas o filme é realmente muito amplo. Independente de
ser gay ou de ter contato com pessoas cegas, o filme traz uma bonita história e
levanta algumas questões que devem te levar a questionamentos. Ela trata dos
assuntos mais comuns como o amor, a amizade, e o desejo de viver uma vida
feliz, às vezes de fugir daquela realidade na qual você está. De experimentar
coisas novas. E ainda te faz olhar para algumas realidades e pensar sobre elas:
refletir sobre a realidade de um adolescente cego na escola, o bullying dos colegas de sala, a amizade
de Giovana, e a super proteção da mãe que é o que muitas vezes observamos em
casos como esses.
O filme conta a história de Leonardo – um garoto
cego com uma mãe super protetora. Mas ela ainda não chega aos extremos de
super-proteção, afinal ele pode sair, por exemplo. Mas sempre com alguém por
perto, e ela sempre ligando para saber onde ele está ou como ele está. Mas convenhamos:
isso é basicamente uma mãe comum, não é? Sua melhor amiga é Giovana, e eu acho
muito bonito ver a amizade desses dois. A maneira como eles deitam um ao lado
do outro e conversam, e falam sobre os planos para o futuro, sobre o desejo de
viver um drama ou um grande amor. E como ela é atenciosa, e fofa com ele –
mesmo que às vezes ele anseie por mais liberdade.
Até que Gabriel chega à escola. Gabriel é aquele
garoto perfeitamente apaixonante. Lindo, simpático e atencioso, ele é
coincidentemente colocado para se sentar atrás de Leonardo – e eles vão se
conhecendo. É bonito ver como o sentimento entre os dois vai nascendo e vai
crescendo, sem que eles de fato entendam. Quer dizer, sem que Leonardo de fato
o entenda. Gabriel é muito mais confiante e ciente de sua sexualidade, enquanto
o Leonardo se vê experimentando algumas coisas pela primeira vez: a vontade de
dançar, o ciúme quando ouve outras pessoas o elogiando, e aquele bonito momento
no qual o Gabriel esquece a blusa na casa de Leonardo e ele dorme sentindo o
seu cheiro… aquilo foi tão terno, tão bonito! Ou quando ele começa a usar sua
blusa na escola?
Todo o filme parece fluir com uma leveza
impressionante. Leonardo enfrenta os problemas com os pais, deseja fazer
intercâmbio para fugir daquele lugar, e vai descobrindo que está apaixonado por
Gabriel. Aquele típico começo de relacionamento em que o ciúme dos amigos
impera, uma briga bem previsível com Giovana (mas que nunca nos cansa), e
algumas conversas muito interessantes… porque toda a química entre os
personagens é válida! Então é ótimo ver a discussão bêbada no banheiro entre
Giovana e Gabriel, sobre Leonardo; ou então o momento em que o Leonardo resolve
contar para a amiga que está apaixonado por Gabriel; ou quando ela diz que eles
formariam um casal “bonitinho”.
Essa cena... essa cena! Só... essa cena... MUITO AMOR POR ESSE FILME! |
Muitas cenas são marcantes, da maneira mais terna
possível. Porque eu fiquei encantado com a maneira como os atores passaram
confiança em seus papéis, e como tudo soou verdadeiro e emocionante. “Todo mundo fica tentando me controlar, e
ninguém quer que eu beije ninguém”. Aquele primeiro beijo me deixou em
êxtase. E eu ansiava pelo término do filme… mas as últimas cenas foram MUITO
melhores do que eu imaginei. Com imensa simplicidade, os dois conversam no
quarto do Leonardo, e vão se aproximando para o beijo leve, verdadeiro e bonito
que quase termina o filme. E o abraço. Só para terminar, a última provocação na
escola… e eles vão embora segurando a mão um do outro. Belíssimo,
simplesmente belíssimo.
Já passou ou está passando no mundo todo. Já ganhou
incontáveis prêmios em diversos lugares. E agora recebeu uma indicação ao
Oscar. Eu vou torcer muito por Hoje Eu
Quero Voltar Sozinho em Fevereiro, com toda a certeza. E eu acho que
merecemos essa estatueta!
P.S.: A cena do banho. Ousado,
completamente sensual, e ainda assim belo. Como todo o filme.
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