Matilda, the Musical – Sometimes you have to be a little bit NAUGHTY!
We are revolting children,
we live revolting times.
Que coisa mais gostosa! Eu sou e sempre fui um grande
devoto de Matilda. Cresci assistindo ao filme na sessão da tarde, e
sempre fui apaixonado por aquela garotinha tão fofa e tão inteligente, que não
recebe de ninguém além da Miss Honey a atenção que merecia. Também, já um pouco
mais velho e depois de ter assistido ao filme zilhões de vezes, eu li o livro
de Roald Dahl. E foi uma paixão completamente diferente – porque o filme se
distancia bastante do livro original, de maneira encantadora, mas ainda assim
diferente. Quando o musical foi anunciado... eu não podia ter ficado nada além
de feliz. E completamente entusiasmado. A minha alegria de perceber que o
musical não segue a trilha do filme é quase indescritível – é todo um conceito
novo de Matilda, uma nova apresentação da encantadora personagem e de sua
história, através de um olhar mais próximo ao de Roald Dahl.
Então o que temos para o musical é algo muito mais
“revolucionário”. We are revolting children. Matilda não segue o
estereótipo de uma garota linda e fofa (embora Brooklyn Shuck, tão pequenininha
com apenas oito anos, seja ambos linda e fofa), e parece muito mais arteira. E
eu adoro essa versão dela. Esse cabelo meio desgrenhado, esse seu lado levado
que é uma das maiores marcas do musical. Sometimes you have to be a little
bit naughty. Apesar de todo o estilo caricaturado do musical, que apresenta
uma família colorida e terrível para essa criança de 5 anos, assim como uma
diretora que parece um monstro, a história em si é meio pesada. Eu adoro essas
piadas, adoro o tom descontraído, adoro a caricatura que é cada um deles. Mas
também paro em vários momentos durante a história para pensar no quanto Matilda
deve estar sofrendo (e está sofrendo) por ter essa vida...
Porque é uma vida triste para uma menina como ela: tão
espetacular, tão cheia de vida! Tão inteligente, notável! A família não a
queria, o pai a chama de menina o tempo todo (“I'm a girl”), e ela vê a
necessidade de mentir quando as pessoas lhe falam sobre como seus pais devem
estar orgulhosos de ter uma filha como ela. Porque que criança gostaria de
admitir que os pais a veem como eles a veem? É muito triste e muito bonito
vê-la lendo aqueles livros (a insistência dos pais para que ela não leia),
vê-la “imaginando” uma história como aquela da acrobata e do escapista. E ver o
quanto ela deseja uma família, um pai que a ama e que a proteja. Adoro a sua
relação com Miss Honey (começando nas contas e quando ela conta dos livros que
leu), e como as duas se aproximam durante o musical, enquanto Miss Honey acha
em Matilda a força para lutar contra seus próprios medos. Porque ela vê que
Matilda precisa de sua ajuda, e descobre que ela não pode ser mais uma a
prejudicar aquela garota por medo, por ser patética.
O musical é de uma intensidade incrível. Eu adoro tudo
e como tudo é feito. Além de figurinos fantásticos (eu gosto muito de uniformes
escolares!), temos um cenário lindo! O teatro em si é uma visão e tanto! Todas
aquelas caixas do lado de fora... e o palco? Como as coisas brotam do chão
(como as carteiras escolares), e a maneira como os atores utilizam todo o
espaço do palco e da platéia para suas cenas! Então temos atores saindo e
entrando constantemente pelo nosso meio, ou aquela cena maravilhosa na qual a
garota é arremessada pela Miss Trunchbull, e cai no meio do corredor central.
Também gosto de como todo o espaço do teatro é transformado em um Chokey antes
de Revolting Children, e como aquelas papéis explodem sobre nós no fim
da apresentação. E nós sabemos que está acabando e não queremos sair dali. E
como os balanços de When I Grow Up ficam lindos ao vivo, sobre nossas
cabeças. Um belo uso do palco! E eu adoro aquela música, aquela cena, e aquela
letra! When I grow up I will be brave enough to fight the
creatures you get to fight when you're grown up.
Matilda é um encanto, uma fofura, uma criança perfeita
que todos gostaríamos de ter em casa! Acho que é tudo muito mais encantador por
ser uma menina tão jovem, tão pequena, fazendo o papel principal em um musical
como esse na Broadway! É tão fofo ouvi-la falar russo com a máfia no final (e
uma ótima atitude para com o pai, que nunca fez nada para merecer isso – “It's
a tempting offer”), e a explicação dela de porquê ela aprendeu a falar
russo. Também a maneira apaixonada como ela conta suas histórias, e como ela
realmente comove, fazendo daquilo algo grandioso! E aquele maravilhoso momento
na casa de Miss Honey (“Are you poor?”) na qual descobrimos que a
história que ela está contando, do escapista e da acrobata, não são realmente
histórias que ela está inventando. Não, na verdade é a história da própria Miss
Honey que, de alguma forma, ela está vendo.
O que me faz pensar em seus “poderes”. Seus poderes
nunca foram um grande destaque no livro de Roald Dahl. É muito mais sobre uma
pequena menina encantadora, inteligente e mal-compreendida. Desse modo, ela usa
os seus poderes em momentos muito necessários. Como quando, depois de ir à
biblioteca em busca da sessão de “vingança”, ela enfrenta Miss Trunchbull e
derruba aquele copo. Belíssima interpretação de Quiet, por sinal! Ou
então no fim da peça, quando ela faz o giz flutuar e escreve no quadro fingindo
ser o pai de Miss Honey, o irmão de Miss Trunchbull que foi assassinado por
ela. Agora você vai me dizer que essa não é uma história razoavelmente pesada?
Adoro ver aquela finalização, aquele lindo epílogo. Os pais indo embora (e ela
se emociona na despedida), e ela pulando no colo de Miss Honey, aquele momento
tão terno e tão bonito! E Miss Honey contando que Matilda nunca mais “fez
coisas se mexerem com seus olhos”, porque ela nunca mais precisou disso.
Algumas coisas bem marcantes que eu devo comentar. Gostei
de como as músicas são, na maioria, usadas mais de uma vez. Mesmo que apenas um
verso. Ou fala. “That's not right!” que acaba o primeiro ato é
fantástico! Falando em final de primeiro ato, durante Bruce eu fiquei
meio louco, meio “Eles acabaram de comparar o Bruce à TARDIS? SIM?”. Sim. “Is
like the TARDIS: considerably roomier inside”. E alguns comentários, como
de Miss Trunchbull, como “Imagine um mundo sem crianças. Só por segundo,
fechem os olhos e sonhem”. E sim, nós adoramos a Miss Trunchbull, de qualquer
maneira, porque ela é incrivelmente engraçada! Ou aquele começo despretensioso
do segundo ato, com o Mr. Wormwood dando alguns avisos: “Sabemos que algumas
coisas foram feitas por crianças aqui, coisas nada legais. E não queremos que
as crianças saiam desse teatro tentando fazer o mesmo, em casa. Coisas
terríveis como, por exemplo, ler um livro”. FOI EXTREMAMENTE ENGRAÇADO! E
ele perguntando quantos de nós, adultos, já lemos um livro na vida?
Tsc, tsc, que vergonha.
ADORO a inteligência e complexidade de School Song,
e como eles usaram o alfabeto. No palco ficou incrivelmente bonito, com o
elenco mais velho (“as crianças mais velhas”) assustando as crianças pequenas
sobre a escola, naquele cenário incrível, e cada letra do alfabeto sendo
colocada em encaixes perfeitos (ficou visualmente belíssimo!) enquanto são
mencionadas na canção. Mas aí, principalmente, está a inteligência de toda essa
letra! Eu amo como eles usam as letras do alfabeto em ordem durante a canção,
mas sem usar algo como “A para...”, simplesmente encaixando cada uma nos seus
discursos. Eu fico pensando como será quando algum outro país quiser fazer sua
versão de Matilda. Não será nada fácil de traduzir essa parte... já da
Inglaterra (produção original) aos Estados Unidos já foi quase um problema, já
que americanos não chamam o “Z” de “Zed”. Isso que não saímos da língua
inglesa. Imagina só como eles conseguiriam fazer isso em português, por
exemplo?
Quando chegamos ao final, nós simplesmente não
queremos ir embora. As músicas são lindas, as crianças são adoráveis, toda a
produção é impecável. A história de Roald Dahl é gostosa, nos faz bem.
Aplaudimos aquele final tão lindo e tão terno, e queremos continuar ali para
assistir mais, ou assistir de novo. Incrível, perfeito! E eu adoro a maneira
como o elenco se apresenta no final, para agradecer ao público: todos andando
em patinetes. Quão adorável é aquilo tudo? As crianças, os adultos, até a Miss
Trunchbull! Tem como não se encantar? E cantando aquela versão de When I
Grow Up com Naughty que eu gosto demais, e que eu achei que não
estivesse no CD. MAS ESTÁ! E no final de Naughty, ainda temos a doce e
adorável Matilda fazendo aquela pose que é a marca do musical, aquela que virou
capa do CD e estampa o poster mais conhecido da produção. Lindo, maravilhoso,
esplêndido. Se eu pudesse, eu voltaria para ver mais uma vez, porque certamente
vale a pena!
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