The Book of Mormon – Ma Ha Nei Bu, Eebowai!
He will hold me in his arms
/ and he will baptize me.
Tudo o que podemos dizer ao deixar o teatro depois de The
Book of Mormon é “Ma Ha Nei Bu, Eebowai” por essa noite incrível!
Esse é um musical que estreou em 2011 (e parece pouco tempo em comparação a
tantos musicais que estão na Broadway há tanto tempo!), mas já se tornou um
clássico – e um dos favoritos. Tanto que é um dos ingressos mais caros e mais
procurados. A animação dentro do teatro é contagiante! Dos atores e do público.
Então você tem um tempo incrível. O musical consegue te divertir do começo ao
fim – você dá risadas o tempo inteiro, com uma sátira inteligentíssima e quase
profana, mas que apenas te faz se sentir bem. É muita diversão, o tempo todo, e
uma quantidade imensa de referências e confusões que fazem até com que Darth
Vader e Uhura dividam o mesmo palco... e o que eu aprendi? Que tenho que ser
uma boa pessoa para não queimar no fogo de Mordor!
Como o nome sugere, The Book of Mormon fala
sobre um grupo de missionários mórmons. Elder Price é um formando prodígio que
sonha em ser mandado para Orlando em sua missão de dois anos. No entanto, ele
acaba preso a Elder Cunningham, e ambos são mandados para Uganda. E as coisas
na África não são nada como O Rei Leão (aquele filme usou muita licença
poética!). Como falar sobre religião e batizar africanos que estão mais
preocupados com seus problemas do dia-a-dia, como guerra, fome, pobreza e AIDS?
Então, em algum momento, parece que é demais para o Elder Price, e ele abandona
seu companheiro e seu setor. Justamente no momento em que Nabulungi, uma das
africanas da vila, se convence e convence os demais de que eles querem ouvir o
que aquele “garoto branco” tem a dizer? Como o Elder Cunningham pode substituir
o Elder Price se ele nunca leu o Livro de Mórmon?
Afinal, é muito chato. [Segundo ele]
Uma grande sátira, uma gigantesca piada. The Book
of Mormon é tão escrachado como você pode esperar que fosse vindo dos
criadores de South Park. Então eles vão ter cenas aparentemente
chocantes como Hasa Diga Eebowai, de mandar Deus se fuder (embora seja
uma boa crítica, sobre a realidade deles e suas preocupações – e a referência
ao Rei Leão aqui, com “Does it mean no worries for the rest of your
lives?”), e outras constantes piadas sobre as crenças mórmons. Como o fato
de ninguém nunca ter visto as placas de ouro (é engraçadíssimo como eles
brincam com isso!), ou aquela história de “um mórmon simplesmente acredita”.
E isso está explicitamente expresso em I Believe, uma marcante música de
Elder Price no segundo ato, que é uma das coisas mais engraçadas! Como o Jardim
do Éten no Missouri, e o planeta de Jesus. Também temos aquela coisa de que
“mórmon ignora aquilo que eles não querem sentir”, com Turn It Off e o Spooky
Mormon Hell Dream, que é uma impressionante cena muito bem produzida. Assim
como todo o musical. Uma sátira inteligente.
Sou realmente apaixonado pelo Elder Cunningham, e acho
que grande parte do sucesso de The Book of Mormon é por conta dele –
muita responsabilidade recai sobre o ator a interpretá-lo. Christopher John
O'Neill fez um trabalho tão fantástico! Ele era fofo, carismático... embora ele
não tenha tido uma fala de “but mostly me” no segundo ato, e eu fiquei
realmente esperando por isso. Mas tivemos a reprise de I Am Here For You
com o Elder Price, um abraço fofo e carinhoso entre eles, e a perninha subindo.
Mas acho que eu gosto tanto dele por esse seu lado nerd, e por todas as
histórias que ele inventa por não ter, de fato, lido o Livro de Mórmon. Ele
coloca hobbits no meio, a Enterprise, uma série de coisas nesse estilo... e é
tão legal o que ele faz. Making Things Up Again é um ótimo momento para
o personagem, mas na verdade... olha tudo o que o Elder Cunningham fez por aquelas
pessoas. Eu entendo a bizarrice de toda a trama, e a enormidade do absurdo, mas
também o aplaudo por seus bonitos ensinamentos, por ter feito as pessoas ali
mais felizes, e por ter mesmo feito um ótimo trabalho. Ensinado alguma coisa,
melhorado a vida deles.
Não é à toa que temos vontade de ler o Livro de
Arnold no fim do espetáculo!
Eu amo toda a companhia responsável por The Book of
Mormon, amo as cenas, as músicas e as coreografias – temos momentos de
todos os mórmons juntos que são ótimos. Também temos aqueles momentos dos
africanos. Temos solos e duetos. Tudo é impressionante. Gosto muito, e sempre
gostei, de Hello e Two by Two, porque não tem como não amar
aquelas duas cenas. E a enormidade de Hasa Diga Eebowai. Mas temos
momentos simples como I Am Here For You que são absolutamente lindos.
Porque olha o quanto aquela música representa para a amizade de Elder Price e
Elder Cunningham – e como a comparação da primeira vez em que ela é cantada e
na reprise mostra o desenvolvimento da história. E Sal Tlay Ka Siti,
que é um solo tão gostoso e tão bonito de Nabulungi?
Nikki Renée Daniels estava excelente!
Mas também temos outras cenas muito grandiosas. Como All-American
Prophet, que é tão envolvente, e tão engraçada. Eu adoro a maneira como o
ritmo muda para se trazer uma versão ridícula de Moroni e Joseph Smith
dançando! Em paralelo a isso, temos a versão africana para essa cena, com Joseph
Smith American Moses, que é uma das coisas mais esquisitas e mais
engraçadas da fase da terra. COMO RIMOS COM AQUELA CENA! E o Turn It Off,
que é um dos meus momentos favoritos no musical. Eu gosto muito dessa chegada
dos meninos na África, e é o momento em que conhecemos os demais mórmons
naquele setor. Toda a piada, toda a dança... está fantástica! E eu gosto muito
da sessão intensa de sapateado, da rápida colocada daqueles coletes rosas
brilhosos enquanto as luzes estão apagadas mas o sapateado não parou... claro
que para o sucesso dessa cena, o Elder McKingley precisa ser ótimo, mas Grey
Henson foi um excelente Elder McKingley. E eu amo esse personagem!
Deixei um parágrafo isolado específico para falar
sobre MAN UP. Porque essa é minha cena favorita na peça, e acho que
representa a grandiosidade de The Book of Mormon incrivelmente bem. É um
momento de virada, é uma perfeita finalização para o primeiro ato, e o Elder
Cunningham está deixando de ser um “seguidor” para ser um líder. Então eu gosto
muito da graça da letra, e de toda a parte que ele canta sozinho... amo a
versão mais rock'n'roll e desleixada do uniforme dos mórmons – adoro aquela
coreografia, que considero intensa e sexy. Mas o que realmente confirma o
momento como uma cena muito grande, é o restante do elenco. É um momento de
reunião de todos os personagens, todos os momentos, músicas e tribos. Temos
Elder Price cantando Orlando, temos Nabulungi cantando Sal Tlay Ka
Siti, temos os outros mórmons entrando com Turn It Off, e os
africanos no ritmo de Hasa Diga Eebowai. Todos aqueles cenários se
juntando, todas aquelas vozes e canções se sobrepondo... é nesses momentos que
eu não questiono o porquê de terem sido sete anos de produção!
Também amo Baptize Me. O ritmo, o momento de
Cunningham e Nabulungi, e toda a dualidade da letra. Falando nesses dois... é
sempre uma piada à parte a maneira como ele constantemente erra o nome dela.
Mas o ápice foi com “worry about Nicki Minaj”. Eu não aguentei!
Esse elenco atual está maravilhoso. Fora os já
mencionados, que desempenharam papéis incríveis, temos Gavin Creel como Elder
Price; Daniel Breaker como Mafala Hatimbi; Lewis Cleale como a voz de Two by
Two, pai de Price, Joseph Smith e presidente; Derrick Williams como o
General Butt-Fucking Naked; e como guardas, Mormon, Jesus e o ensemble
em geral, temos Stephen Christopher Anthony, Jimmy Bain, Jacob bem Widmar, Terren
Wooten Clarke, Christian Delcroix, bem Estus, Charlie Franklin, Marja Harmon,
Phyre Hawkins, Bre Jackson, Darius Nichols, John Eric Parker, Nick Spangler,
Maia Nkenge Wilson, Tommar Wilson, Candice Marie Woods. E os swings: Graham Bowen, Delius Doherty,
Camille Eanga-Selenge, Tyson Jennette, Trevor Leaderbrand, Matthew Marks e
Christopher Price. Assistindo ao vivo, me
pareceu que o envolvimento da platéia é bem maior, a vibração é mais intensa,
mais palpável que nos outros shows até então. O sentimento conjunto de puro
júbilo que pode ser sentido! Como os aplausos começam ao subir da cortina, ao
Elder Price dar um passo à frente antes de falar qualquer coisa pela primeira
vez... enfim, tudo muito intenso! E o musical está perfeito. Como sempre!
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