The Phantom of the Opera – Say you'll share with me one love, one lifetime
Pessoas dizem que é “Broadway's most haunting love
story”
Eu não acho assim tão fácil de classificar – e por
experiência, as opiniões a respeito de The Phantom of the Opera podem
ser muito diferentes! É impressionante como cada um vê determinado personagem
de uma perspectiva diferente. Mas uma coisa é unânime: a grandiosidade do
musical. E você sabe que vai ser grandioso assim que ele começa, daquela
maneira modesta e aterradora, com aquele leilão. Classifico aquela como uma das
cenas mais sombrias e mais melancólicas que eu já vi no teatro (e fora dele), e
o ar soturno daquele leilão ainda me causa arrepios! Quando chegamos ao lote
666, o candelabro da ópera, temos aqueles lindos efeitos de explosão enquanto
as luzes se acendem, o candelabro é elevado sobre a platéia até o alto do
teatro, e o palco vai se transformando na Opéra House, como se estivéssemos
voltando no tempo, até aquele ensaio de Hannibal onde “tudo começou”.
A história de The Phantom of the Opera é um
tanto quanto macabra. E ainda assim belíssima. Christine é uma adorável garota
do coro, com um talento escondido por estar sendo treinado por alguém que não
conhece: seu anjo da música. Enquanto isso, pequenos acidentes
atribuídos ao Fantasma da Ópera acontecem na casa – a chegada de Raoul, um
amigo de infância de Christine, desencadeia uma série de eventos que começa com
a revelação do Fantasma para Christine. Ele aparece e a leva até o seu mundo de
sonhos/pesadelos, e lentamente entendemos a dinâmica de obsessão dele por ela,
e de fascinação dela por ele. É uma relação estranha e doentia, que entra em
contraste justamente com o amor tão puro e tão verdadeiro que ela desenvolve
com Raoul. Enquanto o Fantasma, cada vez mais obcecado, se torna cada vez mais
perigoso, para conseguir aquilo que quer.
Trata-se de uma história aterradora, e contada de
maneira belíssima no teatro. Eu não sei se The Phantom of the Opera
chega a ser uma ópera, mas certamente soa como tal – os vários ensaios e
apresentações de Hannibal, Il Muto e Don Juan Triumphant
são oficialmente óperas. E mesmo fora delas, as canções seguem todas esses
estilos, e é sublime. É uma mistura interessantíssima de ópera com musical que
funcionou tão incrivelmente bem – e pode ser uma das causas de tamanho sucesso
desse espetáculo. Adoro os cenários, adoro os figurinos (como os vestidos de
Christine!), mas mais do que tudo, adoro a música. Eu gosto como isso tudo soa
aos nossos ouvidos, e como cada nota é marcante, a ponto de a reconhecermos a
todo momento. Por isso o começo é tão impactante: porque não tem Overture (assim
adoramos ainda mais o Entr'acte), e a música começa de maneira
impactante com a orquestra de The Phantom of the Opera assim que o
candelabro explode e está sendo elevado.
A partir daí você sabe o quanto essas músicas mexerão
com você.
Cada música é incrivelmente forte. Eu adoro a
transição que ocorre em The Phantom of the Opera, aquele momento em que
o Fantasma está levando Christine por aqueles corredores até o seu mundo de
pesadelo, e também adoro a maneira como Angel of Music nos preparou para
aquilo! A música em si, cantada ou não, me dá arrepios. Inevitavelmente. Assim
como aquele desabafo do Fantasma em The Music of the Night. Também gosto
como todas essas são retomadas inúmeras vezes – como aquela cena no cemitério
que usa Angel of Music, e é uma das maiores expressões do domínio que o
Fantasma tem de Christine, e como aquilo é doentio. Porque a cena consegue
transpor, exatamente, a maneira perigosa como ela se entrega a ele sem ter
controle sobre si mesma, como se ela estivesse dormindo. Essa atmosfera é
criada ao longo de todo o musical, de sonho, de pesadelo, de não saber
exatamente o que é real e o que não é. Tudo com os cenários escuros, o jogo de
luzes, as fumaças. Parecemos ter sido realmente transportados para fora do
teatro.
E isso é maravilhoso!
O teatro em si, o espaço do teatro, em algum momento
parece deixar de existir. Eu adoro como nada daquilo tem limites – como tudo
foge do que você espera. Eu não sabia como seria a cena do candelabro no
Majestic Theatre, eu adorei vê-lo subindo lentamente enquanto a orquestra fazia
seu belíssimo trabalho. Aquela música que você adora, mas que ainda assim é
assustadora. Inside your mind. Adorei particularmente as cenas em que o
Phantom não estava no palco, mas estava falando, como nas cenas dos bilhetes,
que no filme sempre me divertiu tanto: porque a voz dele parecia, simplesmente,
sair de todo lugar. Você olhava em volta, procurando de onde vinha, mas
estava por ali. Em qualquer lugar. Era quase aterrorizador. Ou quando
ele está acima do que você acha que é o limite do palco, ou desce escondido
atrás de uma estátua de anjo para fazer sua reprise de All I Ask Of You.
Você escuta as notas de The Phantom of the Opera
e você sabe exatamente de onde elas são. Você sabe quando cantarolar angel of music you've deceived me, ou
quando cantarolar the power of the music of the night, ou ainda the
Phantom of the Opera is here, inside my mind... ou minha parte favorita: in sleep he sang to me / in dreams he came. É música desse
espetáculo fala por si só, tem vida por si só – ela é forte, é intensa. E ainda
brinca por vários caminhos dentro de um gênero conhecido como ópera.
Você escuta cada versão instrumental e aquilo te arrepia, além de te causar
emoções, sejam elas quais forem: medo, alegria, melancolia... o suspense do
segundo ato, aquele que te faz ficar apreensivo comendo todas suas unhas, é
completamente criado por essa orquestra tão fenomenal, que merece os mais
grandiosos aplausos.
Quem não fica arrepiado com o “Sing to me”?
Enquanto o Fantasma está cada vez mais obsessivo, e já
matou algumas pessoas pelo seu caminho, o amor de Christine e Raoul floresce –
e o Fantasma some por seis meses para escrever Don Juan Triumphant. E
esse é um ponto de divergência entre os fãs de The Phantom of the Opera:
mas eu adoro o romance de Christine e Raoul, porque para mim não existe romance
entre ela e o Fantasma. Ela é grata a ele por tê-la ensinado, ela acredita que
é um anjo que seu pai lhe mandou, ele, embora um gênio das artes (eu reconheço
o seu talento!), só é completamente obcecado por ela. Não é amor.
Enquanto o que ela tem com Raoul é palpável, é fofo, você consegue se conectar
com aquilo. E eu acho que isso é perfeitamente representado em All I Ask of
You – por isso é uma das minhas músicas favoritas. Eu gosto da ternura e da
força daquela música! O quanto ela representa, o quanto está sendo dito
naquelas palavras, tanto por Raoul quanto por Christine. Say you'll share with me / One love, one lifetime. Parece puro. Parece
verdadeiro. Eu amo esses dois, então por tudo o que essa cena traz, eu não
posso deixar de amar essa cena.
E Raoul passou uma vida amando Christine.
Parte disso está justamente no leilão no início do
espetáculo, quando ele está comprando aquelas coisas – e ele compra aquele
macaquinho que, para mim, é um dos maiores símbolos da história. Eu tenho
arrepios ao vê-lo quando assisto ao filme, porque para mim ele é a
representação física de todo o sofrimento, toda a dor e toda a melancolia que a
história traz. Eu não consigo assistir Masquerade sem pensar na versão
um pouco mais lenta que é tocada instrumentalmente pelo macaco. E aquilo faz
lágrimas se juntarem em meus olhos. Que versão mais deprimente daquela música!
Todo o musical pode ser definido por essa característica, por isso coloco o
macaco numa posição tão alta em símbolos: The Phantom of the Opera é
escuro, é dramático e incrivelmente triste, melancólico. Completamente
emocionante, a história apesar de ter um pouquinho de comédia, tem muito mais
drama, suspense incontável e um quê de terror que me agrada mais ainda. É um
musical perfeito, é um musical completo.
We've passed the point of no return.
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