Wicked – It's time to try defying gravity!
Kiss me goodbye, I'm defying
gravity.
Acho que qualquer pessoa que me conheça um pouquinho
sabe que eu sou apaixonado por Wicked. Eu amo esse musical de uma
maneira inexplicável, talvez mais do que eu ame qualquer outro. E é difícil
entender o porquê, ou explicar. Talvez seja a complexidade dessa história.
Talvez seja a grandiosidade dessas músicas. Ou ainda talvez seja o carisma
desses personagens. Não sei ao certo, mas de qualquer modo, eu amo Wicked,
e eu já estava emocionado durante todo o dia em pensar em vê-lo ao vivo. Eu
quase comecei a chorar lendo o programa – Wicked é tão auto-explicativo
e tão conhecido nos Estados Unidos, que seu programa não traz nenhuma
informação do show. Apenas fotos de vários elencos e depoimentos de pessoas
como Idina Menzel, Megan Hilty e Aaron Tveit. E eu lia um comentário, um
depoimento, e parava, para já não cair no choro antes mesmo de o espetáculo
começar.
Tudo em Wicked é grandioso demais. Desde os
figurinos até as canções. Então essa é a sua primeira impressão ao entrar no
teatro. De que tudo é muito grande. O teatro em si é imenso, até o espaço para
suas pernas é maior que o normal! Aquele palco belamente montado para o grande
espetáculo a seguir... o dragão sobre todos nós, as escadas nas laterais, o
mapa da Terra de Oz. E então tudo começa. E nós ficamos constantemente
embasbacados com a qualidade da produção. Figurinos belíssimos repletos de
detalhes, realmente lindos. Desde os uniformes de Shiz até as roupas
extravagantes e verdes do povo da Cidade das Esmeraldas. Temos cenários também
lindos, e as músicas são grandes marcos que não podem ser esquecidos. Quando
Elphaba termina sua performance de The Wizard and I, por exemplo, você
aplaude e quer pedir que ela comece novamente, por favor.
Wicked é a história de
Elphaba, a Bruxa Má do Oeste. Mas ela não é nada daquilo que você imaginava
ouvindo a história de O Mágico de Oz. Ela não é, realmente, má. Quando o
espetáculo começa, Glinda está anunciando sua morte para o povo de Oz, que
comemora tal acontecimento. E então, quando um deles pergunta se é verdade que
elas eram amigas, a memória de Glinda volta no tempo, para os tempos de
escola, quando elas se conheceram. E não poderia ter sido fácil. Verde, Elphaba
foi sempre tratada como uma coisa esquisita, menosprezada, e ninguém gostava
dela. Filha de dois mundos, seu poder apenas a tornava ainda mais estranha. E é
bastante interessante ver essa amizade peculiar e inesperada surgir entre Elphaba
e Glinda – e os eventos todos que levam à sua fuga, depois de descobrir a
corrupção do governo do Mágico, e toda a maldade nele. Uma frustração tão
grande que faz Elphaba fugir para o Oeste, sabendo da verdade sobre a natureza
do Mágico. E sabendo de tal verdade, eles não podem deixar que as pessoas
acreditem nela, e por isso a proclamam A Bruxa Má.
É uma história bastante complexa e bastante
interessante. Se nos lembrarmos de O Mágico de Oz como aquela história
que ouvimos desde crianças, nos lembraremos da assombrosa Bruxa Má do Oeste. No
entanto, não tem como não se afeiçoar a Elphaba, e não amá-la. E não lamentar a
maneira como ela é mal-compreendida. E não lamentar a maneira como ela é feita
fugitiva por suas crenças, e por não se submeter aos ultrajes do governo do
Mágico, que está capturando Animais para que eles não possam mais falar e sejam
mantidos em jaulas. Tudo o que Elphaba quer, no fim, é um mundo justo. Seu bom
coração e suas tentativas de boas ações acabam dando ainda mais poder à sua irmã,
Nessarose, que se torna a Bruxa Má do Leste; transforma o pequeno Boq, tão
amável e sofredor, no Homem de Lata; e uma última tentativa de boa ação, de
salvar a vida de Fiyero, o homem que ela amou desde o tempo de escola, o
transforma no Espantalho. É demais que ela queira os sapatinhos que foram um
presente de seu pai para sua irmã?
E aquela menina caipira, que simplesmente pega os
sapatinhos de uma mulher morta?
Temos uma infinidade de cenas marcantes enquanto
assistimos a Wicked, e eu gosto muito da maneira como as músicas são
organizadas – como temos os solos, os duetos, aquelas performances de todo o
elenco! Temos a voz marcante de Elphaba (nesse caso Caroline Bowman) em cenas
como The Wizard and I e Defying Gravity. Essa última, o
encerramento do primeiro ato, é certamente um dos momentos mais arrepiantes de
todo o espetáculo! Enquanto vemos o desenrolar de todos os eventos, e a vemos
fugir, cantando que ninguém poderá pegá-la, e a atriz é levantada no palco. Que
coisa mais linda! Também gosto de como sua voz soa mais suave em cenas como I'm
Not That Girl (para nos emocionar como deveria) e As Long As You're Mine,
que é uma das minhas performances favoritas!
Mas certamente um dos maiores destaques de Wicked
é e sempre será Glinda (anteriormente chamada Galinda, with a GA, mas depois
ela muda seu nome para Glinda, como uma maneira de homenagear o Dr. Dillamond,
o último professor animal de Shiz – dali em diante, o GA é mudo). Kara Lindsay
interpretou uma adorável Glinda. É tão bom vê-la no palco; ver todos os
movimentos e a brilhante atuação, a maneira como Glinda é constantemente
engraçada, como fala coisas idiotas e inventa palavras absurdas; mas como ainda
assim consegue comover em uma cena como For Good, que é onde as lágrimas
estão no auge! Adoro Popular, acho que é eternamente uma favorita de
muita gente, e a maneira como as coisas começam estranhas para ela e Elphaba
com What Is This Feeling? E cenas tão importantes como a briga das duas
no túmulo de Nessa, o tapa, as cobranças, as maravilhosas piadas. “Nem todo
mundo pode andar por aí em uma bolha!” e toda a coreografia de luta! Ótimo!
Assistir a Wicked ao vivo, mesmo já sabendo
exatamente tudo o que ia acontecer (e sim, eu sabia inclusive as falas dos
personagens!), é uma experiência maravilhosa! Uma coisa que me surpreendeu e me
emocionou foi as pessoas ao meu redor chorando. Eram choros de passar metade do
segundo ato secando as lágrimas e fungando! Completamente compreensível, eu
também ainda estava chorando quando levantei de minha poltrona. Ainda estava
com meus olhos vermelhos quando deixei o teatro. E uma última coisa que me
comoveu: um garotinho, uma criança que não devia ter nem 10 anos, na saída do
teatro, com os olhos vermelhos, chorando, todo emocionado e visivelmente feliz
por ter visto Wicked. Achei aquilo tão bonito de se ver! E eu acho que
isso, basicamente, resume toda a emoção que é ver Wicked e poder
vivenciar essa história, ao lado desses personagens: é perfeito, é sublime. E
não podemos realmente colocar essa emoção em palavras, apenas senti-la.
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