Convergente – Uma escolha vai te definir
A sociedade
baseada em facções, na qual Tris Prior acreditara um dia, desmoronou –
destruída pela violência e por disputas de poder, marcada pela perda e pela
traição. Portanto, diante da chance de explorar o mundo além dos limites que
ela conhecia, Tris não hesita. Talvez, assim, ela e Tobias possam ter uma vida
simples e nova juntos, livres de mentiras complicadas, lealdades suspeitas e
memórias dolorosas. No entanto, a nova realidade de Tris torna-se ainda mais
alarmante do que aquela deixada para trás. Antigas descobertas rapidamente
perdem o sentido. Novas verdades explosivas transformam os corações daqueles
que ela ama. Então, mais uma vez, Tris é obrigada a compreender as
complexidades da natureza humana – e a si mesma –, enquanto convergem sobre ela
escolhas impossíveis que exigem coragem, fidelidade, sacrifício e amor.
Foi uma finalização poderosa. Mas poderia ter sido
mais.
Quando o livro começa, eu ainda estava tentando me
situar dentro da série e lembrar exatamente o que tinha acontecido no fim de Insurgente… como é que estávamos naquela
época. E então eu fui me lembrando, e isso pouco importava, porque as coisas
mudam drasticamente como se, de repente, Veronica Roth tivesse tido uma ideia
de uma nova série, mas não pôde esperar e fundiu com Divergente. De todo modo, não é exatamente isso que sentimos ao
ler, sentimos que estamos realmente sendo guiados por uma boa história, que foi
muito bem pensada desde sempre, e as mudanças mais drásticas no roteiro e
narrativa realmente nos empolgam. Eu acho que o livro perde o fôlego em algum
momento, e pena para recuperá-lo, mas no geral, foi um bom final.
Em Insurgente,
as coisas acabam realmente dramáticas! Edith Prior acaba de fazer um anúncio
que acaba com toda a fundamentação daquela cidade de Chicago, aquela sociedade
baseada em facções. Depois de conhecermos mais as facções, elas deixam de
existir – o sistema caiu, Jeanine está morta, e Evelyn está no poder da cidade,
liderando os sem-facções em uma espécie de revolução. Mas mesmo isso parece
desmentido e jogado por terra quando o vídeo é exposto, e a verdade não dita
sobre vida fora daquelas cercas. A pergunta é: o que tem fora da cerca? Então
depois de um tempo na sede da Erudição, os sem-facção e suas revoltas, e os
Leais contra os sem-facção, Tris e
mais um povo resolve realmente deixar
a cidade, e ver o que tem do lado de fora da cerca.
Do que Edith Prior estava falando? E quem era ela?
Foi, certamente, a parte que eu mais gostei do
livro. Eu sabia que tinha alguma coisa grande do lado de fora, eu só não sabia
ainda organizar o que era. E entre a página 100 e a página 200, temos as
melhores partes do livro. Passagens reveladores que desvelam um novo mundo
perante nossos olhos, e que nos fazem perceber que estamos diante de uma coisa
completamente diferente, muito distinta daquilo que projetávamos quando a série
começou. Eu adorei o elemento surpresa. Diferente de Jogos Vorazes, que embora seja uma trilogia muito bem escrita, Divergente não apresentou uma
linearidade e uma previsão. Nós fomos realmente surpreendidos com o conteúdo do
lado de fora da cerca, com o Departamento… e foi uma narrativa bem ficção científica que, de certa maneira,
me fez pensar em The Maze Runner.
Acho que foram todos os experimentos.
Tudo fica muito bem explicado naquelas páginas: a
cidade de Chicago é apenas um experimento do governo dos Estados Unidos. Claro.
Muitos anos atrás, os humanos resolveram mexer com os códigos genéticos das
pessoas, na esperança de tirar deles o que consideravam negativo. Por exemplo,
tirar o medo (fundação da Audácia). Mas então eles perceberam, depois de
gerações, a falha em todo o processo: ao tirar o medo, a pessoa também se
tornava cruel. E várias outras implicações. Desse modo, esses indivíduos
conhecidos como Geneticamente Danificados,
foram concentrados em cidades, chamadas de “experimentos”, para que aprendessem
e desenvolvessem novamente essas coisas que lhes foram tiradas, ao longo de
gerações… e Chicago foi a primeira a implantar o sistema de FACÇÕES, porque
tinha tudo a ver com os GDs.
Portanto, os Divergentes
nada mais são do que pessoas “geneticamente puras”, cujos dados genéticos já
foram concertados… mesmo que nem todo mundo que você acreditou ser Divergente
realmente o seja.
Assim, surge todo um novo problema e uma nova
discussão, que eu achei particularmente muito interessante. Além de todo o
sofrimento de descobrir que toda sua vida foi uma mentira (isso é terrível!),
pessoas que não são GPs se consideram “inferiores” e, pior: o governo as considera inferiores,
investindo em experimentos para “corrigi-los”. Assim, continua uma discussão
sobre as diferenças e o preconceito, onde os membros das facções não-divergentes são menosprezados. Ainda
buscando a igualdade, uma nova guerra se instala, pela igualdade dos GDs e para
que o experimento de Chicago não seja fechado, e é uma boa narrativa. Novos
personagens e uma nova dinâmica ao livro mais diferente da trilogia – não se
sabe em quem confiar, e todos os planos parecem absurdos e arriscados. Mas as
medidas devem, mesmo, ser drásticas.
Veronica Roth optou por terminar sua trilogia com
uma diferença na narrativa, que você vai entender quando o livro chegar ao fim.
Se Divergente e Insurgente foi narrado apenas por Tris, esse é narrado ora por ela,
ora por Tobias. E embora no começo eu estivesse animado, em algum momento eu
comecei a detestar o Tobias por todo seu draminha infantil. Mas… é uma maneira
muito boa de dividir as atenções, e de impactar mais quando o livro chega ao
final, e alguém que você não esperava que morresse, morre. Foi um bom e ousado final, que me deixou contente por inovar.
Por não trazer de volta. E, convenhamos, foi uma morte digna e muito bonita.
Pelo menos a partida. E a despedida dois anos e meio depois? Emocionante.
Gostei. O único problema é que o ápice do livro
está antes da página 200, de 520.
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