Fifty Shades of Grey – Cinquenta Tons de Cinza
Precisava assistir para entender esse frenesi todo.
Acabei saindo do cinema mais frustrado por não entender realmente o porquê do frenesi, mas mais contente do que eu
imaginava pela finalização do filme, que não era o que eu esperava. Jamais tive
vontade de ler o livro, não consigo me ver fazendo isso, e conhecia pouquíssimo
da história – e não estou ligado às diferenças entre filme e livro, embora eu
acredite que quem está reclamando só seja mesmo muito purista e esperava mais sexo, porque parece ser o que está faltando
no filme. À exceção disso, eu acho a história muito comum, e em alguns momentos
aterrorizante. Lendo o blog, você sabe que eu gosto muito de sexo, e não
costumo ser moralista a respeito disso… mas também não sou sado-masoquista, então talvez por isso as práticas do Sr. Grey
tenham me parecido terríveis.
Na história, temos uma garota pobre e simples –
exatamente o mais convencional do convencional, nada de novo – que conhece um
cara rico, charmoso e misterioso quando vai fazer uma entrevista. Anastasia
Steele é a típica romântica: ela espera um cara que queira andar com ela de
mãos dadas, que a leve no cinema, e com quem tenha momentos ternos de romance. Por outro lado, o sedutor mas
aterrorizante Christian Grey é um cara perturbado, com uma história triste, que desenvolveu gostos diferentes no quesito sexual. E o que
mais me incomodava, sem realmente conhecer a história, era pensar nela submissa a isso, aos desejos mais
macabros do homem, apenas porque ele queria isso, mesmo que ela não quisesse…
ela ainda era virgem, por favor!
Mas ela não é necessariamente a protagonista
idiota, e eu gostei disso.
Tenho a convicção de que entrar detalhadamente em
méritos da vida sexual de Christian Grey não vai realmente me levar a lugar
algum – e não julgo pessoas por gostarem do que quiserem gostar. O meu problema
estava na relação com Ana, que não gostava das mesmas coisas. E ele, insistente
e mandão, se torna nojento em várias partes do filme, mesmo em momentos mais
simples. Como abrir um cupcake e
exigir que ela o coma. Sua atitude autoritária, ou a maneira grosseira como ele
fala com ela me incomoda. Assim como sua crença de que vai conseguir fazê-la
assinar o contrato dando-lhe presentes caros, como um passeio de helicóptero,
um carro absurdo ou primeiras edições de livros pelos quais ela é apaixonada.
Ele está tentando comprá-la, sem fornecer o que ela realmente quer, achando que
com dinheiro ela fará o que ele quiser.
Falando no contrato, é algo realmente vergonhoso.
Em algumas partes, eu estava realmente sentindo vergonha alheia. Eu não
acredito que ele teve coragem de escrever algo daquilo, e de entregar a uma
mulher na esperança de que ela ache isso normal.
Me aterrorizava que ela fosse assiná-lo. E então ela tem uma cena bizarra e
engraçada na qual marca uma reunião de
negócios com ele para discutir alguns termos do contrato. E começa a
alterá-lo. E ali eu tive a primeira prova de sua Inteligência e determinação, e
eu comecei a gostar mais dela. Mudando coisas, tirando o que não queria,
ganhando um encontro por semana, e o provocando sexualmente antes de ir embora
sem nem se aproximar dele. Foi ali que ela se mostrou digna de algum respeito e
eu passei realmente a gostar dela. Pela primeira vez.
Já sabia que ela não assinaria o contrato. Que o
filme terminaria sem isso.
Mas também não sabia como isso ia acontecer… no
fim, acabei ficando bem contente. Não, não temos aquelas tão comentadas cenas
de sexo, com cenas incompletas que acabam perto do ápice – e você sai do cinema
com uma decepção ao estilo “nem consegui me excitar”. Mas você percebe
exatamente a sequência clichê que a
autora dará à obra, com Ana mudando lentamente Christian para conseguir o
romance que ela tanto quer. Ele acabará a trilogia como uma nova pessoa. Mas o
que me fez sair da sala do cinema com algo próximo a um sorriso foi a postura
de Ana em relação à maneira forte como o filme termina, com ele espancando ela,
ela chorando e quase humilhando ele, com “É
assim que você quer que eu me sinta? Me ver assim te dá prazer?”, e
horrorizada e enojada com suas práticas… deixando a casa, devolvendo os
presentes, não permitindo que ele lhe toque e, por ora, dando adeus.
Espero a sequência. Não vou me preocupar em ler o
livro.
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