On Broadway – If/Then – Love wherever and whenever and however you feel
Do you believe in fate? No,
I believe in choices.
E no que você acredita? Acredito,
primeiramente, que cada decisão na nossa vida é importantíssima. Que se eu
decidir ir ao cinema no sábado ou se eu decidir ir ao cinema no domingo pode
mudar minha vida inteira. Também acredito que não só minhas decisões, mas as
pequenas coisas que acontecem comigo também são decisivas – como o fato de meu
cadarço desamarrar e eu me atrasar 3 segundos para atravessar uma rua. Também
acredito que “e se?” é a pergunta que as pessoas mais se perguntam, e
que a resposta para ela é que ninguém pode realmente saber o que teria
acontecido se... também acredito, por fim, que dificilmente outra
produção, tão cedo, se assemelhará à profundidade e beleza de If/Then,
que infelizmente está fazendo sua última apresentação hoje na Broadway, depois
de pouco mais de um ano.
If/Then, bem como o
nome sugere, é um musical que trabalha exatamente com todas essas
possibilidades. Elizabeth é uma mulher de quase quarenta anos que acaba de
voltar para Nova York. E em um único momento no parque, sua vida muda para
sempre. Ela encontra dois amigos seus: Kate e Lucas; cada um a convida para uma
coisa diferente; Kate a convida para ficar pelo parque, ver aquele cara sexy
que está tocando violão; Lucas convida ela a participar de seu protesto com
ele. “Eu estava pensando. Em como seria se eu nunca tivesse te conhecido,
naquele dia no parque. Se minha vida teria sido diferente se eu tivesse
escolhido ir com Lucas”. Então ela vai com Kate, e se torna Liz, uma mulher
que não atende um telefonema e conhece Josh, um médico que acabou de voltar de
um trabalho no exército; e ela também vai com Lucas, e se torna Beth, uma
mulher que atendeu aquele telefonema, e ganhou uma incrível proposta de emprego
– se tornando bem sucedida, mas sem conhecer Josh.
As duas vidas de Elizabeth vão se alternando em cenas
perfeitas, enquanto vamos vendo o desenrolar de suas vidas. O que teria
acontecido se ela tivesse sido Liz, e o que teria acontecido se ela tivesse
sido Beth. Eu adoro o jogo que isso tudo representa. É maravilhoso ver as
coisas mudando depressa frente a seus olhos. Começando por aquele maravilhoso
giro de palco em What If?, que mostrou toda a história com Kate e os
colocou de volta no começo, para que ela escolhesse Lucas. E quando as coisas
seguem com It's a Sign, eu achei que fôssemos ter uma cena aqui e outra
ali. Mas, felizmente, não é nada disso que temos. Temos uma transição rápida
entre Liz e Beth que acontece inúmeras vezes dentro de uma mesma cena! E é tão
gostoso ver os personagens mudando drasticamente de um lugar para o outro
(destaque para as diferenças em Lucas!), ver o interessante arrumar do palco, e
os elementos de cena como o berço, o escritório, ou os seus óculos! Óculos que
representam que ela é Liz.
Tendo seguido Kate no parque, Liz foi uma mulher que
viveu intensamente, e pôde aproveitar um grande amor. Ela conheceu Josh naquele
dia no parque, e não deu atenção a ele. O conheceu pela segunda vez, no metrô,
no dia seguinte. E depois uma terceira vez, de volta no parque. Eu adoro a
história de amor daqueles dois! É tudo tão terno, tão bonito! Como aquela
música dele de You Never Know (que ainda significa muito mais que ele
canta), mas principalmente o lindo dueto que é Here I Go. EU ADORO
AQUELA MÚSICA! Eles estão tão incrivelmente felizes em seu casamento, eles têm
um filho, dois filhos, e Josh os ama da maneira mais bonita possível! Hey
Kid. Todo mundo também parece estar feliz, como Lucas que conheceu seu
namorado por ser amigo de Josh, e tem aquela linda cena de Best Worst
Mistake, que é uma declaração de amor fofa e incrivelmente natural! Adorei.
Até os catastróficos eventos que a colocam a cantar I Hate You, e
aqueles momentos que nos partiram o coração completamente enquanto recebíamos a
notícia de que Josh tinha morrido.
“I don't believe in
independents. Like I don't believe in bisexuals... choose a side!”
Por outro lado, tendo seguido Lucas no parque, Beth
foi uma mulher de negócios. Que a meu ver, nunca chegou a ser realmente feliz.
E não parece que as pessoas naquela história puderam ser felizes – Lucas nunca
encontrou um namorado, viveu uma fantasia de ser apaixonado por Beth, vivendo
em dependência dela enquanto nenhum dos dois era realmente feliz. You Don't
Need to Love Me. Ela teve uma gravidez indesejada de um homem que ela não
amava – não pôde realmente lidar com isso e não quis a criança. Não encontrou o
amor de sua vida, e foi incrivelmente bem sucedida nos negócios. Conseguiu,
ali, tudo o que sempre quisera. Uma carreira brilhante, admiração. Lucas também
conseguiu sucesso com seu livro. E Kate foi feliz com sua companheira, mesmo
depois das brigas, naquela linda performance de Love While You Can, que
tem algumas das letras mais bonitas desse espetáculo! E ela resolveu recomeçar
depois do susto naquele avião.
E sobre recomeçar, Always Starting Over. Adoro a explosão final de Idina Menzel para isso!
O musical te faz pensar. O tempo inteiro. Você começa
pensando em Elizabeth, você termina pensando em você mesmo. Temos vários
momentos, especialmente o intervalo, para ponderar sobre o que estamos vendo.
Graças às falas do começo, para mim Elizabeth sempre fora Liz, Beth nunca
existiu. Mas e se nenhuma das duas fossem reais? Também me parecia uma escolha
muito melhor ser Liz – porque mesmo com todo o sofrimento do segundo
ato, ela viveu uma vida mais intensa, ela viveu. Enquanto Beth ficou
atolada em sofrimentos, dificuldades, e uma vida meramente profissional. E nós
sabemos que, embora uma vida não possa ser definida por outra pessoa, todos
ansiamos por essa outra pessoa na vida. Tendo um emprego, boas condições, eu
não trocaria uma carreira brilhante e todo o sucesso do mundo pelo amor da
minha vida. Jamais. E enquanto Liz está cantando Always Starting Over, e
está pensando no Josh e dizendo que teria, sim, o amado tudo de novo se
pudesse, tudo o que queremos é abraçar aquela pessoa que amamos. E dizer: eu
amo você.
If/Then é uma
experiência sublime, uma proposta original incrivelmente bem desenvolvida.
Comovente. Impactante. O elenco estava incrível – Idina Menzel é um espetáculo.
Ela é tudo o que eu esperava que ela fosse. Assisti-la ao vivo é uma
experiência que eu nunca vou esquecer: perfeita, admirável. Que voz, que presença
de palco, que carisma. Que TALENTO. A aplaudimos assim que ela entra no palco.
Nunca mais paramos. Anthony Rapp estava ótimo como Lucas (embora eu goste muito
mais dele na versão Liz, tão fofo com seu namorado David – Jason Tam), e
eu o amo desde Rent, então... LaChanze foi uma ótima e engraçadíssima
Kate! James Snyder, lindo, carismático e talentosíssimo, um excelente Josh. Jerry Dixon ótimo como Stephen, Jenn Colella ótima
como Anne. Adoro a intensidade da narrativa, amo a qualidade
extra que essas músicas conferem à história (histórias) que está sendo contada
– amo também as surpresas, as reviravoltas, aqueles momentos (como do avião),
de te deixar sem fôlego. E como tem um final todo terno, todo admirável. Tanto
para Liz quanto para Beth. E você se dá conta de que você nunca precisou
escolher.
Comentários
Postar um comentário