On Broadway – If/Then
If you choose, then there's
no turning back... and you wonder what if?
Tem musicais que você assiste e se diverte. Tem
musicais que você assiste e se emociona. Tem musicais que para sempre serão
guardados na sua memória com uma ternura incrível. Mas então tem musicais como If/Then.
Musicais tão explosivos que você nem sabe o que comentar. Que você acaba
ainda grudado à sua cadeira, encarando o palco vazio, tentando colocar todas as
peças no lugar: e não consegue parar de exclamar o quão incrível foi. If/Then
é um musical completo e impressionante: tem toda a grandiosidade de uma
produção da Broadway, tem um elenco incrível, e também tem uma história
complexa e original que é provavelmente a melhor coisa desse espetáculo! Então
eu posso dizer que fui assistir por causa de Idina Menzel e Anthony Rapp – mas
que provavelmente eu retornaria com qualquer elenco. PORQUE A HISTÓRIA É
INCRÍVEL! Embora tenhamos interpretações brilhantes desse elenco, e seja
difícil imaginá-los sendo substituídos.
Juro que eu não sabia o que esperar. Eu sabia o mais
básico do básico de If/Then, o que agora me dou conta que era nada.
Eu gostei muito mais do que eu esperava gostar. Eu adorei. Eu encontrei um novo
musical favorito na Broadway. Porque acredite: nenhum outro musical na
Broadway se equipara. E eu acho que isso é um incrível trabalho conjunto de
tudo o que o musical traz. Um palco lindíssimo (adorei o jogo com os
espelhos!), um elenco impecável e talentosíssimo, músicas marcantes. Tem toda a
graciosidade que você pode esperar, tem o retrato do dia-a-dia em uma cidade
como Nova York, embora isso possa ser estendido a qualquer outra cidade: o
retrato da vida. Tem também o cômico de momentos como What the fuck?
(como eu ri com toda aquela cena, com cada What the fuck? –
principamente o último, depois daquele momento de pausa, e o I suck!),
pelo qual todos nós já passamos, de um jeito ou de outro. E tem todo o
impressionante drama que não te deixa dar nenhum sorriso mais, enquanto você
está abismado e atordoado demais com tudo o que está acontecendo durante o
segundo ato!
If/Then é a história de
Elizabeth. Uma mulher, mas duas vidas para ela. Idina Menzel se divide no palco
entre Liz e Beth, tendo vislumbres das possibilidades de sua vida tendo
escolhido um ou outro caminho. Tudo começa em uma tarde no parque. Logo depois
de Kate e Lucas se conhecerem da maneira mais adorável possível, ambos convidam
Elizabeth para segui-los: ver o sexy músico, ou ir a um protesto. Com Kate, ela
se torna Liz, uma mulher que não atendeu um telefonema e acabou conhecendo
Josh, um médico que acaba de voltar do exército. Por outro lado, se ao invés de
Kate ela tivesse escolhido ir com Lucas, ela nunca teria conhecido Josh, e ela
teria atendido aquele telefonema, com uma interessante proposta de emprego. E
ela se tornaria uma importante city planner, com uma carreira bem
sucedida. Agora quais são os altos e baixos de uma vida e de outra? E como ela
poderia, realmente, saber o que teria acontecido se uma de suas escolhas
tivesse sido diferente?
Quem nunca se perguntou isso? Eu adoro a premissa do
musical. Adoro como ele é todo pautado em cima de possibilidades, e uma das
perguntas mais famosas de todo o mundo: e se? Porque quem é que nunca se
perguntou o quão diferente suas vidas poderiam ter sido se, em qualquer
momento, nós tivéssemos tomado uma decisão diferente? E tudo recai a discursos
que eu tanto adoro em filmes como A Máquina do Tempo, Agentes do Destino
e O Curioso Caso de Benjamin Button: se uma coisa, uma única coisinha,
tivesse acontecido diferente do que aconteceu, talvez todo o resto tivesse sido
diferente. E eu tive uma dessas experiências ao sair do teatro: depois de uma
semana em Nova York sem ter qualquer tipo de problema com o ticket do metrô, eu
“perdi” o ticket para voltar para casa, tendo que ficar procurando por ele, e
atrasei uns minutos para descer à estação. E se isso não tivesse acontecido, o
que poderia ter sido diferente? Todo o musical gira em torno da possibilidade
de “what if” – e parte de uma
decisão aparentemente muito simples: ir com Kate ou ir com Lucas no parque?
Nós, ao assistir ao musical, seremos levados por essas
maravilhosas possibilidades. E é uma dinâmica interessantíssima. Ora Idina
Menzel é Liz, ora Idina Menzel é Beth – e você precisa acompanhar quem ela é
naquele momento, mas não apenas isso: sua vida está realmente diferente nas
duas circunstâncias, então quando ela aparece no palco, você precisa
identificar quem ela é e colocar em primeiro plano na sua mente qual é toda sua
vida e toda sua história, o que está acontecendo e o que cada um dos demais
personagens significam para aquela versão de Elizabeth. E isso acontece mais
vezes do que você imagina: indo e voltando de uma a outra várias vezes dentro
de uma mesma música.
A ponto de termos duetos de Liz com Beth.
Também somos constantemente confrontados: qual caminho
ela deveria ter seguido? Esse musical tão cheio de vida, tão comovente e tão
inteligente, tem livro por Brian Yorkey, música por Tom Kitt e letras por Brian
Yorkey, novamente. Por ser tão vividamente um musical de Idina Menzel e esse
elenco brilhante, não teremos mais ninguém interpretando esses personagens, não
na Broadway, pelo menos. Depois de 29 previews e 401 performances, o musical
termina no dia 22 desse mês, infelizmente. Pelo menos, tive a chance de
assistir na Broadway, com esse elenco maravilhoso, e vivenciar tamanho evento. If/Then
não é apenas um “musical da Broadway” como tantos outros, mas é um espetáculo,
um espetáculo grandiosíssimo, e o melhor musical que eu vi em anos. Que eu vi
na vida. Repleto de inteligência, de vida, de carisma e de questionamentos
bastante reais, If/Then é um musical para ser para sempre relembrado. E
para ser para sempre celebrado por quão grandioso o é.
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