Cúmplices de um Resgate – De Belinda a Daniela Luján

Sim, o canal trocou a atriz que fazia as duas protagonistas da novela. Vai entender!

Não, na verdade até dá para entender, porque nós temos uma boa noção do que aconteceu… toda a história gira em torno de um desejo do canal de produzir mais capítulos do que estava inicialmente previsto, e então os contratos sofreram alguns problemas. Belinda ficou até o fim de seu contrato, que era uma média de 100 capítulos, mas como a novela foi estendida até o capítulo 155, outra atriz precisou assumir seu lugar, e foi então que Daniela Luján passou a interpretar as gêmeas Mariana e Silvana. Outros atores sofreram com esses capítulos extras, com problemas em seus contratos, como Laura Flores, que deixa a novela logo após a substituição, e sai para uma lua de mel infinita depois do casamento da personagem de Rosa, a mãe das meninas.

Mas não sem antes resolver toda a história.

O que, por sinal, também achei um pouco de sacanagem. Porque é muito rápido, depois da entrada de Daniela Luján na novela, para que tudo se resolva: por exemplo, que Rosa descubra que teve gêmeas e conheça as duas filhas. Foi tudo bem depressa. Daniela assume as personagens quando Mariana está se passando pela irmã na banda, com a ajuda deles no segredo todo, e Silvana está na casa dela, porque Mariana queria que ela conhecesse sua mãe e aprendesse a amá-la e saber que ela jamais a abandonaria. Foi tão rápido para tudo se resolver, menos de 10 capítulos, que eu acho que a trama podia ter sido adiantada em alguns poucos capítulos para permitir que Belinda filmasse essas cenas ainda.

Seria absolutamente lindo vê-la nesse momento tão emotivo.

A novela perdeu muito com a saída, e isso não é necessariamente culpa de Daniela, que fique claro. O roteiro estendido não sabia exatamente o que fazer, e os focos mudaram… enquanto o seqüestro que dava nome à novela, originalmente, já tinha acabado e todos os problemas colocados no início da trama já tinham se resolvido, o que sobrou foi a banda. E um número reduzido do elenco. Lembram-se de como Mariana e Joaquim eram absolutamente fofos? A nova fase da novela resolveu inovar, resolveu mudar tudo drasticamente, um pouco para que Daniela Luján não precisasse ficar o tempo todo mimicando Belinda – por isso eles cresceram o personagem de Silvana e lhe deram Martín Ricca para contracenar, como segundo protagonista. E era assim que a novela andava…

Por fim, a aparência. O figurino e o visual do cabelo foi pensado para Belinda, foi feito para ela. Então ficavam absolutamente lindos para ela. Os cachos de Mariana, os cabelos de Silvana… Daniela Luján passou por uma adaptação – o cabelo colorido de Silvana ficou preso em uma espécie de coque que ainda sustentava um cabelo super longo; Mariana passou a usar cabelos amarrados dos dois lados, mais lisos do que deveriam ser, com dois cachos ridículos onde deveria estar a franja. Ainda não entendo o que eles realmente queriam com aquilo… a interpretação? Pode ter se perdido também, mas um pouco porque não foi ela quem construiu aquelas personagens. A Mariana parecia mais tonta e chorona do que doce e encantadora; a Silvana parecia mais metida e mimada do que incompreendida e infeliz.

Acho que essa “rejeição” toda por Daniela Luján apareceu mais tarde, não na minha e na nossa mente de criança quando assistíamos Cúmplices de um Resgate. Lembro-me nitidamente de como o SBT anunciava que na semana seguinte Daniela Luján interpretaria o papel das gêmeas Mariana e Silvana, e quando Daniela Luján chegou na sala pela primeira vez, vestida de Mariana. E tudo o que eu pensava era: “Eles não vão comentar como ela parece diferente?”, enquanto minha mãe ao meu lado garantia que não. Não comentaram mesmo, e agora eu sei que eles não fariam isso. Acho que eu gostei menos da novela com Daniela Luján, e a prova disso está no fato de que em todas minhas memórias figura Belinda – todas as cenas marcantes, ou qualquer coisa relacionada à novela.

Mesmo assim, continuamos na novela até o fim. Ainda era Cúmplices, e eu amava.

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