Vale o Piloto? – Humans 1x01
Uma das propostas mais interessantes da ficção
científica atual!
O que nós poderíamos fazer caso tivéssemos uma
variedade de Sintéticos disponíveis no mercado, que se parecem exatamente com
humanos, mas não possuem as mesmas qualidades que nós: como sentimento, emoção
ou consciência. Poderíamos tê-los para desempenhar as mais variadas funções
dentro de casa, enquanto nossa vida se tornaria a cada dia mais simples. Certo?
Mas o quão próximo dos humanos esses Sintéticos poderiam estar? Por exemplo,
poderia existir uma variedade deles capazes dessas coisas que supostamente humanos
são capazes: sentimento, emoção e consciência? Mas, ainda mais complexo do que
isso, como poderíamos programar uma máquina para essas capacidades, se não
somos capazes de entender essas características dentro de nós mesmos por
completo? Por exemplo, o que, de fato, é a
emoção humana?
A proposta de Inteligência Artificial vem
fascinando gerações. Ao mesmo tempo em que temos uma parte da ficção científica
interessada em desenvolver nosso presente em um interessante futuro
tecnológico, repleto de cores e possibilidades tecnológicas avançadas, também
temos outra parte que apresenta um futuro distópico com poucas esperanças para
a humanidade. No entanto, temos um outro segmento da ficção científica que se
preocupa muito com a Inteligência Artificial, segmento tal que produziu algumas
das melhores produções no gênero, como A.I.,
um dos melhores e mais emocionantes filmes já produzidos. Humans trabalha com a possibilidade de Singularidade: o momento no
qual a tecnologia humana os terá superado, quando as máquinas forem capazes de
se aperfeiçoar e se reproduzir sem a
ajuda humana. “This freaks are the
singularity”.
Como The
Matrix, que apresenta um mundo pós-Singularidade.
Em Humans,
a Singularidade ainda se aproxima, a passos rápidos, sem ter realmente tomado
forma completa. O episódio começa apresentando uma fábrica de Synths, todos
muito belos e perfeitos, e uma Synth qualquer que admira a lua. Mesmo que não
pudesse, supostamente, ser capaz de fazer isso. Em uma família cheia de
problemas, com uma mãe ausente, Joseph resolve comprar uma Synth para a
família. A proposta é interessante: que isso possa aproximá-los, já que
diminuirá as obrigações dos integrantes da família – e Sophie, a filha mais
nova, se apaixona pela Synth (que eles nomeiam Anita) quase instantaneamente. A
Synth aparentemente normal, com movimentos mecânicos e expressão vaga, é levada
para casa, e as coisas vão lentamente mudando dentro da família – enquanto
Laura, a esposa, retorna sem acreditar que Joe tenha comprado uma Synth, e sem
concordar que ela esteja ali.
Na famíla, Matts (Matilda) representa uma parte
muito interessante dentro de toda a trama: ela simboliza parte dessa humanidade
que não aceita os Synths, porque se sentem inferiorizados perto deles. Como o
discurso de que “poderia ser o que quisesse”, mas para ser cirurgiã, por
exemplo, levaria 7 anos, tempo no qual os Synths teriam evoluído para serem
cirurgiões eles mesmos. Então o “melhor dela não é o suficiente”. Recaímos nos
mesmos problemas éticos e existenciais do desenvolvimento de Inteligência
Artificial… o quanto isso facilita nossas vidas, e o quanto nos inibe? A mãe,
Laura, em nenhum momento parece satisfeita com a presença dentro de casa. E um
dos momentos que poderia ter sido um dos mais bonitos, se torna um dos mais
bizarros, porque Anita é “programada” para rir da piada, mas não tem a mínima
noção do momento de parar, com uma risada forçada e prolongada que se torna, no
mínimo, assustadora.
Laura versus
Anita é grande parte do episódio. “Don’t check on Sophie anymore. That’s
my job, okay?” Foi meio impactante a maneira como Laura tentou pegar a função
de ler para Sophie de Anita, mas a menina não quis, quis que a Synth
continuasse lendo, porque ela “não lia com pressa”. Parabéns, Laura, olha o que
você ganha por não fazer seu papel direito. Também foi bem pesada a cena na
qual Sophie vem correndo querendo dar um beijo de boa noite em Anita, e para
privá-la do perigo ao tirar uma forma quente do forno, Anita desvia e acaba
queimando Laura. O roteiro ainda surpreende com perguntas bem estranhas por
parte de uma “máquina estúpida”: “The
moon is beautiful tonight, don’t you think?” E me deu um desespero completo
ver Anita saindo de casa carregando Sophie no colo naquela cena final. Muita,
muita agonia de verdade.
Mas a linha entre Sintético e humano acaba sendo
muito tênue… afinal, o quão humana é a relação de George com o seu Synth, Odi?
Tendo perdido a família, e com problemas de saúde que envolvem perda de
memória, George se afeiçoou tanto a seu Synth em seis anos de convivência, a
ponto de chamá-lo de filho. “C’mon, son”. Mesmo com os evidentes
problemas de Odi, desatualizado, não podemos julgar George pelo laço forte que
ele criou com ele. Ainda que Odi apresente problemas evidentes, como o “sangue”
que sai de seu nariz, ou a forte cena do supermercado, é incrivelmente bonito
ver a relação de George com ele, ao cuidá-lo tão bem, ao tentar trazê-lo de
volta à vida depois de tudo, ao ajudá-lo a recordar de coisas, ajudando o Synth
a superar exatamente os mesmos problemas pelos quais ele está passando.
O quão poético é isso tudo?
Supostamente, os Synths não são sencientes. Não
possuem sentimentos, emoções ou consciência. Mas a série apresenta, já em seu
primeiro episódio, a proposta de que nem todos são assim. Voltando cinco semanas
no tempo, vemos Colin Morgan – sério, que
saudade que eu senti de Merlin ao
vê-lo ali, mas eu ADOREI tê-lo na produção – com quatro Synths que não são
exatamente a descrição de “máquina estúpida” difundida entre os humanos daquele
universo. Três deles são seqüestrados: Niska, Fred e Mia (Anita), enquanto um
deles, Max, continua com Leo. Durante cinco semanas, eles buscam aqueles
perdidos, Synths que não são “normais”, muito mais próximos de humanos do que os demais. Max tem
dificuldades extremas para esconder sua verdadeira natureza, Niska está
escondida em uma espécie de prostíbulo, Fred foi capturado por pessoas
perigosas, e Mia foi reprogramada, e como Anita começa a recuperar algumas
memórias.
Amei a série. Foi um primeiro episódio com muita força.
Foi impactante, foi claro na sua proposta, e nos deixou perfeitamente
instigados a retornar. Eu realmente queria que já tivéssemos mais e mais
episódios para que eu pudesse vê-los todos, mas infelizmente… e pensar que
teremos apenas oito episódios? Série altamente recomendada, realmente acredito
que todos nós deveríamos vê-la!
Para mais de Humans,
clique aqui.
eu amei essa série... e aguardando a 2a temporada, que está sendo filmada esses dias... Colin Morgan sempre se superando... a evolução dele é impressionante! Estou adorando ler suas sinopses sobre as séries! Obrigada!
ResponderExcluirAhn, obrigado você pelos comentários, fico contente que goste dos textos! Volte sempre :P
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