Carinha de Anjo, Capítulo 126 – Em memória de Libertad Lamarque
“Em memória da
nossa companheira e amiga, a atriz Libertad Lamarque”
A novela Carinha
de Anjo entrou em um pequeno recesso, dando lugar à história de 20
capítulos chamada Rayito de Luz,
especial de Natal no fim do ano 2000. Ao retornar para os seus últimos 50
capítulos, a novela tinha sofrido uma perda lamentável em seu elenco: a atriz e
cantora Libertad Lamarque, que interpretava a incrível personagem da Madre
Superiora (que tinha uma química incrível com Dulce Maria e com a Irmã Fabiana,
por exemplo, e as broncas pelas travessura nunca mais seriam as mesmas – porque
ela tinha a firmeza necessária e o carinho para amenizar, afinal ela também
amava a Dulce Maria). Assim, o capítulo 126 chega com nova abertura e antes
disso traz uma bonita dedicação do capítulo à atriz, na voz de Daniela Aedo, na
qual ela se despede dela e manda um bonito “Até
sempre!” no final. O capítulo já começa nos emocionando com uma música na
voz de Libertad Lamarque e cenas belíssimas e alegres da atriz na novela.
Deixará saudades.
Mas o capítulo é, como um todo, BASTANTE emotivo –
ao melhor estilo novela mexicana, esse capítulo está recheado de muita emoção e
bastante drama. Mas mesmo nos momentos mais dramáticos, a fofura de Daniela
Aedo não nos permite que não sorríssemos com a doçura de Dulce Maria. O
capítulo 126 se inicia com a crença de que Dulce Maria e a Irmã Fabiana
morreram – elas foram, previamente, seqüestradas por criminosos e presas em uma
cabana que começa o capítulo pegando fogo. É doloroso ver o sofrimento de todo
mundo ao se deparar com essa situação; Tia Peruca e Cecília estão
preocupadíssimas, sem informações, enquanto Luciano chora ao lado de fora da
cabana em chamas, gritando por sua filha e dizendo que não é justo que ela
morra, ela é apenas uma doce criança de 5/6 anos de idade! “Ela é minha filha e agora ela está morta. Nunca mais vou ouvir seu
riso. Nunca mais vou dar bronca por uma travessura. Nunca mais vou dar um beijo
de boa noite nela. Está morta, Gabriel. Não está vendo? Morta!”
O sofrimento dele é de partir o coração.
E certamente ecoa o nosso… Dulce Maria é doce
demais para morrer.
Claro que nós tínhamos consciência que uma novela
que leva o nome de Carinha de Anjo e
traz como protagonista justamente a Dulce Maria não iria simplesmente tirá-la
assim… mas ainda assim é dramático e doloroso. O capítulo é repleto de
sofrimento e muitas lágrimas, com o Luciano falando sobre um milagre que poderia tê-las salvo, por
exemplo, e Cecília desmaiando com a notícia de sua filha morta. “É verdade que minha filha…?” e depois
ela lamenta com o pensamento na cabeça de todo mundo: “Essa casa nunca mais será a mesma sem os risos da minha menina”. E
o fato de eles esconderem Dulce Maria e a Irmã Fabiana do público até certo
ponto do capítulo representa justamente esse sentimento: a saudade do riso de Dulce Maria, de seu sorriso, de sua voz… nada
seria o mesmo sem ela. Além de todo o sofrimento da família, as meninas na
escola passam o episódio chorando, deixando o dormitório no meio da noite para
se amontoar na capela e rezar por Dulce Maria, ou no intervalo das aulas…
E é muito bonito.
As orações das garotas são fofíssimas de se
assistir! “Meu bom Senhor, eu prometo que
não como doces por um mês se a Dulce Maria e a Irmã voltarem para o colégio”.
Porque é extremamente infantil, mas as crianças falam de seus corações, e por
isso nós sabemos que todo o sentimento é verdadeiro, e é isso o que nos
emociona. É muito inocente e puro, mas justamente assim sabemos que é real. As
lágrimas, o desespero, as conversas com Deus, uma melhor do que a anterior. Eu
sei que, ao reassistir agora para o Cantinho
de Luz, eu me emocionei profundamente com as preces e as promessas, porque
o sentimento das crianças é muito intenso, e sabemos que é assim na vida real:
criança demonstra, criança sente. E elas têm um jeitinho todo especial de
conversar com Deus que eu acredito que é uma excelente maneira de ele nos
ouvir.
A felicidade retorna quando eles recebem a notícia
de que elas estão vivas…
Apenas desaparecidas. Ótimo. Também toda a alegria
retorna à novela porque Dulce Maria está ali, de volta, presa em um carro indo
para algum lugar, com a Irmã Fabiana e o ladrão. O primeiro exemplo do quão
fofa Dulce Maria é está quando ela diz: “Escuta,
senhor ladrão. Eu quero agradecer por… porque você abriu a porta de trás do
quartinho onde a gente estava trancada”, porque ela agradece pelo fato de,
graças a ele, elas não terem morrido queimadas no incêndio. Uma criança de
muito bom coração, que sabe agradecer mesmo nesses momentos. Eu me pergunto o
quanto de Dulce Maria não foi baseada na fofíssima Pollyanna, de Eleanor H.
Porter, afinal eu AMO aquela menina! “Você
pode até ser ladrão, mas no fundo, não é uma má pessoa”. E as cenas com o
ladrão se desenvolvem de maneira incrível, nós adoramos um momento mais do que
o outro, como por exemplo: “Você não tem
vergonha de roubar?”
“Eu já disse
a você muito obrigada, tio ladrão”
Admiro impressionantemente toda a conduta de Dulce
Maria na situação. Admiro o quanto ela é íntegra a seus valores, falando sobre
roubar (“Isso tudo é porque você rouba,
que é um pecado muito feio”), por exemplo, ou honrando sua palavra quando
decide não fugir e convence a Irmã Fabiana disso, afinal elas tinham feito um
juramento e ela precisa honrar a sua palavra (“Também não dá pra esquecer que ele salvou a gente de morrer queimada”).
Isso é caráter. Admiro o quanto ela é humana e preocupada, lembrando-se dos
pais e pensando no quanto eles devem estar preocupados. “Você me faz um favor? Os meus papitos já devem ter passado o maior
susto da vida deles. Se eu te der o número da minha casa, você pode ligar pra
eles e dizer que eles já podem dormir tranqüilos?” E é emocionante quando
ela liga para Cecília dizendo “Eu tô
ligando aqui de um orelhão, mamãe. Eu estou com a irmãzinha Fabiana” e
responde ao preocupadíssimo “Não percebe
que você está matando a gente de angústia, minha filha?” de Cecília com um
simples “Não, mamãe, eu não quero matar
você. Dá um beijo meu em todo mundo”.
Outros dois momentos importantíssimos no capítulo
que são exemplos do quanto a novela é adorável e uma brilhante representação de
infância e da imaginação fértil de Dulce Maria estão a partir de conversas com
o ladrão. Quando ela lhe pergunta “Você
acha que está tendo um piripaque?” e ele responde que não, porque São Pedro
não ia recebê-lo no céu, ela se imagina no Céu, com todo o cenário construído
para isso e os figurinos, ela como secretária de São Pedro, intercedendo pelo
ladrão quando ele chega e São Pedro não quer deixá-lo entrar. Exemplo não
apenas de sua imaginação, mas de seu coração bondoso e bonito. A segunda
fantasia do capítulo vem quando o médico demora com o ladrão e a Irmã Fabiana
diz que ele deve estar operando ele. A maneira encantadora como a novela
funciona, meio Pollyanna meio O Fantástico Mundo de Bobby, coloca
Dulce Maria HILÁRIA como uma médica, operando uma melancia. “Que difícil, mas no fim eu consegui tirar o
apêndice dessa melancia”. E a risadinha dela depois?
“Eu sou uma
doutora muito maneira”
“Às vezes eu
faço travessuras, mas no fundo, eu sou mesmo uma boa dama”
Fora esses dois momentos O Fantástico Mundo de Bobby, nós conseguimos ver a trama caminhando
para dar mais espaço a Pollyanna na
personalidade de Dulce Maria nos próximos capítulos, na assustadora figura
vingativa de seu avô. Ele é, basicamente, um velho amargurado e inteiramente
mau. A maneira como ele se alegra com o desaparecimento de Dulce Maria, porque
então Luciano vai sofrer o que ele sofreu ao perder Angélica, é vergonhoso. “Luciano Larios não sabe onde está a filha.
Agora ele está sofrendo o mesmo que eu sofri quando perdi você. Que bom que
sofra. Que sofra! Ele merece”. E como Dulce Maria já perguntou porque o seu
avô não gostava dela, nós sabemos que ela não vai deixar isso pra lá… que ela
vai bancar a Pollyanna pra cima dele! Mas as cenas nesse capítulo do avô são
revoltantes, a alegria e satisfação dele com o sumiço de uma garotinha tão
pequena e tão doce quanto a Dulce Maria, além do fato de ela ser sua neta, ser
filha da Angélica que ele tanto diz amar. Parece sem alma, sem coração. “Sofra, Luciano. Sofra como merece”.
Extremamente cruel.
Muito se falou, também, ao longo do capítulo,
sobre a personagem da Madre Superiora – eles a colocaram se sentindo culpada pelo
o que tinha acontecido a Dulce Maria e à Irmã Fabiana, e tendo muita
dificuldade para lidar com isso, ela resolveu sair em um retiro espiritual. “Eu estou vindo em nome da reverendinha.
Porque ela está muito mal dos nervos. E está tão agoniada que achou melhor ir
para um retiro espiritual”. Foi a despedida de Libertad Lamarque, sem que
sua personagem morresse, mas sem retornar à novela, evidentemente, tirada para
um retiro espiritual. Nas cenas da escola, com todo o clima de sofrimento do
lugar, as irmãs instruem as garotas a rezar não apenas por Dulce Maria e a Irmã
Fabiana, mas também pela Madre Superiora, para que ela possa ficar mais
tranqüila onde está, e eu achei essa uma parte muito bonita, uma bonita
despedida a uma personagem tão importante e, também, tão bela. A Madre
Superiora de Libertad Lamarque para sempre estará guardada com muito carinho em
nossos corações.
“Até sempre,
dona Libertad!”
Você pode ver o capítulo na íntegra, clicando aqui.
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