Como Eu Era Antes de Você (Me Before You, 2016)


“Just live well. Just LIVE”.
Por que nós gostamos tanto desses filmes bonitos e tristes que nos fazem chorar? Ah sim, porque eles são muito bonitos. E chorar às vezes faz muito bem! Saí do cinema aos prantos, e não achei que eu fosse chorar. Porque as lágrimas vieram depois dos créditos! Não foi como em A Culpa é das Estrelas, no qual eu chorei durante o enterro falso do Gus e depois na carta final, e saí de olhos inchados. Não chorei durante o filme, mas fiquei completamente emocionado e mexido. Só percebi, talvez, o quanto, quando resolvi fazer algum comentário com as outras quatro pessoas que tinham ido ao cinema comigo. E então, falando sobre a conversa de Lou com o pai dela e tudo o que ele quis dizer para ela naquele momento e não disse, as lágrimas vieram. Como Eu Era Antes de Você está repleto de muito sentimento e, infelizmente, MUITA dor, e de certa maneira eu não acredito que Will tenha tido coragem de fazer o que fez. Fiquei, sim, um pouquinho revoltado, mas mais do que isso: eu fiquei horrorizado, chocado.
Foi difícil assimilar que aquilo tudo tinha mesmo sido daquele jeito!
Mas foi.
O filme, baseado no livro de Jojo Moyes (que minha mãe leu bem depressa para poder ver o filme e eu ainda não li, mas pretendo ler e trazer a resenha para o blog em breve, até porque estou MUITO curioso para ler a sequência, Depois de Você), traz a história de Will e Louisa. E spoilers: você vai se apaixonar pelos dois! Will (interpretado por Sam Claflin), é um rapaz rico por ser um grande empresário que sofre um grave acidente no prólogo; ao ser atropelado por uma moto, ele fica tetraplégico, sentindo-se um peso para a família por depender deles para tudo, outrora tão independente. Louisa (interpretada pela fofa da Emilia Clarke), por outro lado, é uma garota simpática, alegre e extravagante que aceita um contrato de 6 meses para trabalhar ajudando a cuidar de Will, embora a função dela, pretendida pela mãe do rapaz, é muito maior do que essa, e envolve muita responsabilidade. A realidade dos seis meses se torna deprimente quando você entende o motivo pelo qual o contrato era tão claro no período de emprego.
Então você já começa a ficar com o coração apertado.
Lindíssimo. Eu diria que o filme é lindíssimo porque fez com que eu gostasse de ambos os personagens muito depressa e que eu me importasse de verdade com eles – o carisma do elenco é impressionante e a química entre eles é inegável! Como Eu Era Antes de Você apresenta a proposta do “antes de você” através das evidências do quanto ambos mudaram. De uma forma ou de outra. Will, no início do filme, está deprimido, sofrendo e é terrivelmente difícil conseguir alguma reação positiva dele. Quase impossível. Lou, por outro lado, com suas roupinhas coloridas e combinações exageradas (que a tornam fofa e encantadora, no entanto!), é uma moça devidamente determinada. E eu adoro isso! Ela decide que ela pode ajudar o Will e ela quer fazer isso, por isso ela se dedica lendo livros e mais livros sobre o seu caso, procurando alternativas para coisas divertidas que eles podem fazer, para, de uma forma ou outra, provar para ele que a vida ainda vale a pena ser vivida, por mais que ele ache o contrário.
Ela erra, inicialmente, mas sempre tentando acertar…
O que foi aquela corrida de cavalos?
A ideia do filme é essa, e é profundamente dolorosa: Lou descobre que Will decidiu que vai se matar, e ele tem a ajuda de seu pai para fazê-lo na Suíça, já que, se não for assim, ele vai tentar sozinho de um jeito ou de outro. É doloroso, é terrível, é angustiante. Mas Lou acha que ela pode fazê-lo mudar de ideia, mesmo que não possa. Ela luta, e ela tem menos de 6 meses para isso, que é o prazo que a mãe conseguiu para convencê-lo de não fazer isso. Assim, um muda drasticamente a vida do outro. Ele faz com que ela cresça como pessoa, se livre do babaca do namorado Patrick, e ela faz com que ele sorria. Com que ele possa ser feliz. É tão bom vê-lo sorrindo, vê-lo deixando-a cortar sua barba e depois diminuindo o cabelo. Vê-lo se divertir e se sentir em casa em um jantar com a família de Lou Clark. Os Clark são mesmo um máximo, tem até a Jenna Coleman! E o Will diz coisas excelentes como “Ela dá um ótimo banho de leito” para provocar o Patrick, e isso é fenomenal! São vários momentos que nos provam como ele pode ser feliz.
E deveriam estar provando isso para ele também!
Afinal, era o que Lou esperava que estivesse fazendo.
Desse modo, ela o leva em um concerto (ah, aquele vestido vermelho! E A ETIQUETA?!), depois ele pede que ela vá com ele ao casamento da idiota da ex-namorada dele (mas o casamento é um máximo, porque a Lou bêbada é LINDA!), os dois passeiam no castelo (ela está uma fofa nessa cena), os dois saem em uma viagem lindíssima na qual ele quer ficar olhando a chuva e pede que ela fique ali com ele. Segundo Nathan, ele só queria fazê-la feliz. E nós sabemos que ela só queria fazê-lo feliz. O sentimento dos dois é muito forte e muito bonito – muito real. Eu adoro a maneira como ele dá a meia de abelhinha para ela no aniversário dela (e é MARAVILHOSA a reação dela, toda animada como uma grande criança, saindo para prová-las) ou como ela dorme precariamente nos banquinhos do hospital do lado de fora do quarto dele quando ele tem uma complicação por causa de pneumonia. Também adoro como ele diz para ela, no casamento da ex, que ela é, basicamente, a única coisa que lhe dá forças para acordar, todas as manhãs.
E então ela pede pra ele para que eles viajem!
Como resistir a todos esses belíssimos momentos?
Por isso o final foi tão triste e tão angustiante. Eu esperava que ele morresse, me parecia óbvio desde sempre. Mas eu esperava algum acidente ou alguma complicação como aquela cena em que ele, de fato, vai parar no hospital. Eu não esperava eutanásia na Suíça. E, como Lou, eu esperava que ele estivesse mudando de ideia, que toda a diferença que ela estava fazendo em sua vida fossem de fato fazê-lo decidir que valia a pena viver. Porque valia a pena viver. Mas não foi bem assim. Na viagem, em um momento TERRÍVEL que a deixou verdadeiramente destruída, ele diz para ela que ainda não mudou de ideia. Que ele vai seguir com o plano original. Ela chora e pede para ele que ele não faça isso. Mas não há o que fazer, e ela não consegue perdoá-lo por isso. É triste vê-la voltando para casa arrasada abraçando a Katrina, mas ali temos a belíssima cena do pai, e eu acho que eu entendo o que ele quer dizer: que é claro que aqueles 6 meses que ela passou com o Will fazem a diferença! Ele ainda quer se matar, mas pelo menos ela lhe proporcionou momentos de pura felicidade, e ele vai partir desse mundo assim, feliz.
Melhor do que estava seis meses antes, sem Lou.
Então não foi em vão.
Certamente não foi em vão.
Ela fez alguém feliz. Mesmo que por apenas 6 meses. Mesmo que como despedida.
Por isso, talvez, ela tenha ido para a Suíça para estar com ele. Coisa que eu não faria. Eu não ia querer estar presente num momento desse. Eu me enrolaria na cama da qual nunca mais sairia (como minha mãe disse que acontece no livro) se eu estivesse no lugar de Lou. Mas eu não culpo nem odeio o Will, porque eu meio que entendo o que ele quer por sentir-se tão dependente, por sentir falta da vida antiga, por saber que Lou pode ser feliz e temer ser um empecilho por não poder lhe dar tudo o que ela merece. Ele sofre demais e não quer mais sofrer, não quer mais ter dor. Ainda assim, eu não teria coragem. Eu não acho que fazer o que Will fez seja uma coisa fácil, ainda mais estando feliz como ele estava nos últimos meses, diferente da depressão em que se encontrava no começo do filme, de onde era mais fácil partir para a eutanásia. Eu não sei como ele esperava, também, que a Lou fosse feliz, porque eu não sei se eu conseguiria voltar a ser feliz no lugar dela. Talvez, de uma forma ou de outra, eu devesse tentar seguir em frente. Mas não é simples. Eu sei que, no fim do filme, eu ainda não estava preparado para vê-la em Paris, mas aquelas meias de abelhinha me fizeram sorrir com uma dor profunda no coração.
Era muito bonito!
Também não estava preparado para ouvir a voz de Will e saber que ele não estava ali.
Infelizmente.
Um belíssimo filme. Mas tristíssimo. E ousado.

Review do livro de Jojo Moyes, EM BREVE.


Comentários

  1. Muito boa a resenha! Ainda choro de me lembrar. Mas perdoei o Will pelo que fez, imediatamente.
    E bom, só um detalhe, na Dignitas, eles fazem suicídio assistido. É diferente de eutanásia.

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