Doctor Who: Season Three (2007) – Part 1
“Some people live more in 20 years than others do in
80”
Foi uma passagem muito rápida de uma companion com o Doctor, enquanto ele
ainda estava muito envolvido com todo o sentimento não dito em relação a Rose
Tyler, e eu acho que isso prejudicou a caminhada de Martha Jones na série. Não
somente porque o Doctor não conseguia de fato prestar atenção nela, por sempre
pensar em Rose (acho que por isso era essencial que o Twelfth Doctor esquecesse
a Clara, porque a próxima companion
jamais teria chances otherwise), mas
também porque a audiência ainda estava despreparada para superar aquele final
dramático no qual Rose ficou presa em um Universo Alternativo. Quer dizer, faz
sentido, afinal Rose Tyler foi a primeira companion
desde que a série retornou em 2005, então a resistência é natural. Acredito
que, atualmente, o público esteja mais preparado para aceitar essas trocas, como
eu, que aceitei tranquilamente (embora com uma dor no peito e lágrimas nos
olhos) a partida de Amy Pond, porque eu estava curioso por Clara Oswald e me
apaixonei por ela bastante depressa.
De todo modo, divido o meu texto sobre a terceira
temporada em duas partes. A primeira parte, com os sete primeiros episódios,
compreende os episódios que não ganham um reconhecimento tão alto. Na verdade,
o nível da temporada subiu absurdamente no oitavo episódio, com Human Nature, por isso eu vou falar com
toda a minha paixão na minha próxima postagem, FIQUEM ATENTOS. Mas antes disso,
nós tivemos uma introdução à temporada com dois episódios que eu realmente
achei bem ruins, três episódios que foram mais indiferentes, e dois episódios
dos quais eu gostei muito. Não necessariamente nessa ordem. O Doctor está
tentando recriar algumas viagens com Rose Tyler, dessa vez ao lado de Martha
Jones, e esse provavelmente foi o seu primeiro grande erro. Passamos por
planetas impossíveis, por lugares que já conhecemos, e um pouco do adorado
século XXI, ao qual o Doctor parece sempre retornar. Eu gostaria de destacar
alguns coadjuvantes dessa temporada, que valeram tanto a pena e, vez ou outra,
salvaram o episódio.
É o caso de Andrew Garfield em dois episódios bem
ruins da temporada!
Conhecemos Martha Jones em Smith and Jones, o primeiro episódio da temporada, logo depois que
a primeira aventura com Donna acabou. O episódio não tem nada assim tão
memorável, mas foi uma boa apresentação – lembrando que a temporada passada
também tinha começado com um episódio em um hospital, com Rose Tyler.
Inclusive, essa trama será retomada no terceiro episódio da temporada. O que eu
mais gostei foi da proposta de “chover para cima” e de como o Doctor apareceu
no começo do episódio, de forma divertida, tirando a gravata para Martha Jones,
e ela não entendeu nada. Aquilo era um máximo! E o Doctor estava absolutamente
LINDO. Dali em diante nós tivemos uma viagem à Lua, toda uma perseguição, um
monstro meio nojento que lembrava um vampiro, e a Martha Jones ganhou um beijo
do Doctor, JÁ NO PRIMEIRO EPISÓDIO. Talvez esse seja o motivo de as pessoas não
gostarem dela. Vai saber, eu devo admitir que a Rose realmente mereceu um e
nunca o ganhou! E muito mais gente também estava querendo um desses sem ter
recebido, mas enfim…
Vamos continuar a temporada.
O segundo episódio apresentou Shakespeare, com The Shakespeare Code, o que eu acho que
é genial, porque é uma coisa que nós naturalmente íamos querer: não conhecer Shakespeare, necessariamente,
mas conhecer alguma figura famosa do passado. Nesse caso, foi o
Shakespeare. E foi lindo! Toda a construção do cenário de 1599, o próprio
personagem de Shakespeare, o mistério da escrita de suas peças, a pegada meio Supernatural que às vezes Doctor Who tem… e Martha Jones sendo uma
voz mais científica dentro da série, e em seus comentários desse episódio eu
passei a gostar dela. Meio rápido e gratuitamente, podem me julgar. No início,
ela tem medo de pisar em borboletas, por exemplo, com medo de destruir a
humanidade como nos filmes ou algo assim. “Tell you what then, don’t step on
any butterflies. What have butterflies ever done to you?” Também fez comentários como “When you get home you can tell everyone you
met Shakespeare!” “Then I can get sectioned!” E ela se mostrou fã de
Harry Potter, e então eu não tinha
como me recusar a gostar dela. Quer
dizer, ela gostava de Harry Potter!
“So magic and stuff. That’s a
surprise. It’s all a bit Harry Potter”
Para constar: Harry
Potter esteve presente em grande parte do episódio, e foi adorável. A
primeira vez em que ele é mencionado por Martha, o Doctor comenta sobre o
último livro, não publicado até então: “Wait
‘til you read book seven. Woah. I cried”. Ele também esteve na maneira como
Shakespeare, Doctor e Martha destruíram as bruxas no fim do episódio: “Expelliarmus!” “Expelliarmus!”
“Expelliarmus! Good ‘ol J.K.!” Uhm, vale mencionar De Volta Para o Futuro também, quando o Doctor usa o filme como
exemplo para mostrar para Martha que o futuro pode ser alterado, como quando
Marty voltou no tempo, mudou o passado e começou a desaparecer… para terminar o
episódio bem, aquelas brincadeiras gostosas de Doctor Who que nos provam que o tempo não é uma linha reta, mas
algo mais wibbly wobbly, com a Rainha
Elizabeth aparecendo gritando “OFF WITH
HIS HEAD!”, e ele dizendo os mais adoráveis “What?” e depois saindo correndo, junto com Martha, enquanto ela
lhe pergunta o que ele fez. Mas ele ainda
não sabe. Essa é a mágica de Doctor
Who, não é? Mais tarde explorada no EXCEPCIONAL Blink.
Dessa primeira parte da temporada, o último
episódio de que eu gostei de verdade foi Gridlock
– por algum motivo eu realmente ADOREI o episódio. Na tentativa nada legal nem
saudável de levar a Martha a lugares em que já esteve com Rose, o Doctor chega
à New Earth com ela, e é uma visão surpreendente, super curiosa e peculiar. A
Nova Terra desse episódio é mais aterrorizante que aquela da segunda temporada,
com aqueles carros e aquele congestionamento horrível e eterno, mas eu adoro
essas bizarrices. QUE TIPO DE VIDA ERA AQUELA?! “So we keep driving?” “That’s it” “For how long?” “Til
the journey’s end” Quão desesperador é, para nós, pensar em 16km em 20
anos? É o cúmulo do engarrafamento, é um apocalipse futurístico desesperador.
Também é uma excelente crítica, em um estilo ficção científica dos anos 1980, e por algum motivo eu pensei em The Empty Child. E teve a Face of Boe! O
fim, também, foi muito bonito, cheio de esperança, quando o Doctor e a Face de
Boe, juntos, conseguiram salvar a todos e abrir New New York para eles! Lindo.
Além de ser importante, porque a Face de Boe morre afirmando que o Doctor não
está sozinho. “You. Are. Not. Alone”.
Uma escolha de palavras importante!
O primeiro two-parter da temporada veio com Daleks in Manhattan e Evolution of the Daleks, e essa é uma
das histórias que eu menos gosto com Daleks em Doctor Who. Vocês sabem que, no geral, eu adoro Daleks, mas não é o
caso. O episódio é bem duvidoso, com uns homens-porcos escravos que são
ridículos, e uma historinha meio forçada. Eu gosto da ambientação em 1930,
construção do Empire State Building, toda a questão da Crise de 1929… mas só.
Ah, e o Andrew Garfield, que já era uma fofurinha de lindo desde mais novo! A
proposta toda é uma tentativa de reinventar os Daleks, com “The children of Skaro must walk again. […] I am a Human
Dalek. I am your future”, mas não acho que deu certo. A mensagem foi
boa, trazendo uma esperança muito grande na natureza humana, de que ao se
tornarem híbridos com os humanos, os Daleks acabam se tornando mais vulneráveis
e desenvolvem sentimentos como a compaixão. Mas infelizmente, não são episódios
que eu jamais voltaria a assistir, essa é a verdade. Mesmo com o Andrew
Garfield.
Andrew poderia ser um ÓTIMO companion para o Doctor, não?
Ah, o que me lembra! Eu adoro os momentos em que
eles têm umas piadinhas mais sassy.
Shakespeare, por exemplo, descaradamente, responde a um comentário do Doctor
sobre flerte, no qual ele diz que eles podem flertar mais tarde: “Is that
a promise, Doctor?” Quer dizer, isso foi bem claro, e eu adorei! Depois, o
Doctor também deu a sua cantadinha ao fofo do Andrew Garfield (quer dizer, como
evitar?) ao dizer para alguém: “Yeah,
well, you can kiss me later”, e acrescentar, para o Andrew: “You too Frank, if you want”. O que foi
lindo! E já que estamos nesse quesito, eu vou fazer uma defesa à Martha como companion: acho que, às vezes, o pessoal
não gostou muito dela por resistência mesmo, porque não tinham superado a Rose,
mas qual era o motivo real? O que ela fazia de errado? Nada, eu acho. É porque
ela estava toda apaixonadinha pelo Doctor? Quer dizer, quem pode culpá-la? Quem
não se apaixonaria por esse homem?! Ou porque ela fica tristinha quando ele vai
embora? Ué, eu não sei se eu ia querer continuar levando uma vida normal depois
de conhecer o Doctor.
Certo?
Também, vamos fazer uma pausa e justificar a
Martha Jones apaixonadinha pelo Doctor usando The Lazarus Experiment: tem
como resistir àquela pessoa de smoking? Falando no episódio, ele trabalha
interessantemente com a questão da vaidade humana (“He just changed what it means to be human”), e tudo se torna um
verdadeiro desastre. É aqui, também, que temos uma das mais famosas frases do
Doctor, lembrando os seus discursos que serão tão recorrentes na fase do Eleventh:
“Some people live more in 20 years than
others do in 80. It’s not the time that matters, it’s the person”. E é o
momento em que Martha Jones se torna uma passageira
fixa da TARDIS, mesmo que isso não vá durar muito tempo. Por ali nós já
sabíamos que o Harold Saxon manipulando a mãe da Martha só podia ser o Mestre…
por fim, para acabar essa primeira parte da terceira temporada (antes de
entrarmos em um dos meus episódios FAVORITOS de toda a série!), tivemos 42 que, pasmem, NÃO ERA UMA REFERÊNCIA
AO GUIA DO MOCHILEIRO DAS GALÁXIAS. O
que eu achei um absurdo, e talvez por isso eu não tenha curtido tanto o
episódio… enfim. Foi uma crítica à ganância da humanidade e a maneira como
exploramos inconsequentemente qualquer recurso natural.
Volto logo com a segunda e EXCELENTE parte da
temporada.
Lembrem-se de voltar para ler!
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