Reinações de Narizinho – Aventuras do Príncipe


Como tratar um acidente horrível com um pouco de humor duvidoso.
A história começa apresentando o Gato Félix, que na verdade pode nem ser de verdade esse tão ilustre gato, mas isso é apenas eu, já tendo lido Sítio do Picapau Amarelo na minha infância soltando spoilers. É um gato maroto e inteligente que passa um recado importante para Narizinho e Emília: o Príncipe e toda sua corte está vindo visitá-las naquele mesmo dia, depois do fiasco do casamento, no qual o Príncipe Escamado teve uma espécie de acesso de raiva após sua coroa ser devorada. Era na verdade uma rosquinha feita por Lúcia, mas enfim… isso é história passada.
Logo depois, todos aparecem no Sítio do Picapau Amarelo, e é uma confusão! Animais de todos os tipos… peixes, aranhas, sapos, caramujos… todos os tipos de animais que Dona Benta e Tia Nastácia morrem de medo, barricando as portas com medo de serem mordidas. Mas é claro que as crianças permitem a entrada, nem que seja por uma escadinha pela janela! E é maravilhoso ver a entrada de todos, e esses momentos nos quais todos começam a conversar, cada um com seu par e com sua história… e Dona Benta, por fim, precisa confessar uma coisa importante para Narizinho: “Você tem razão, minha filha. Esse mundo em que você e Pedrinho vivem é muito mais interessante que o nosso”.
Notícias do Visconde: “O Visconde levou a breca. Voltou da viagem ao fundo do mar tão encharcado que tive de pendurá-lo no varal de roupa para enxugar. Mas ficou mal pendurado. Deu o vento e caiu e ficou esquecido num canto por muito tempo. Resultado: deu nele uma doença esquisita chamada bolor. Ficou todo verdinho, coberto dum pó que sujava o assoalho. Embrulhei-o, então, num fascículo das Aventuras de Sherlock Holmes que andava rodando por aí e o botei não sei onde. Com certeza já morreu…”
Astuto, Monteiro Lobato, muito astuto!
O desenrolar da história é bastante simples, trata-se de uma interessante visita do pessoal do Reino das Águas Claras ao Sítio do Picapau Amarelo. Tia Nastácia deixa o susto de lado bem rapidamente, e tem conversas bem interessantes com Miss Sardine, uma Sardinha bem curiosa que rende boas conversas na cozinha. É bonitinho ver o coração de Tia Nastácia em não dizer a verdade sobre a frigideira e o óleo quente. Emília, curiosa e asneirenta como só ela, passa um bom tempo conversando com a Dona Aranha sobre sua produção, perguntando-lhe se ela engoliu um carretel de linha, e que queria muito que existissem linhas de aranha vermelhas, só porque ela adora essa cor…
Pedrinho, por outro lado, está com o capitão dos couraceiros, do lado de fora da casa, conversando sobre valentias que viu de perto, sem medo de confessar que tem medo de vespas. Também comentam sobre Emília, que passa naquele momento, e como ela está diferente! “Emília muda muito, não é como vocês que são sempre os mesmos. Cada vez que Narizinho se enjoa da cara dela, muda. Muda tudo. Muda a boca mais para baixo ou mais para cima. Muda as sobrancelhas, muda os olhos. Houve até uma vez em que Emília passou sem olhos cinco dias”. E Narizinho leva o Príncipe para conhecer a Vaca Mocha… tantas asneirizes e teorias feitas ali, como que leite é mandioca líquida, e a torneirinha que Tia Nastácia abre para tirar o leitinho quente e espumante.
É aí também que surge o termo torneirinha de asneiras para Emília!
Por fim, é chegada a hora de todos os personagens voltarem para o Reino das Águas Claras, retorno apressado por um susto tremendo depois que Tia Nastácia deixa a cozinha por uns minutinhos, a mando de Dona Benta para ouvir uma história do Doutor Caramujo, e quando retorna Miss Sardine pulou na frigideira cheia de óleo quente! Muitas lágrimas, muito desespero, e eu achei um pouquinho de crueldade que Tia Nastácia comece a sardinha frita, mas também absolutamente hilário e bizarro que ela fizesse isso em meio aos prantos de dó da pobrezinha!
E então que venha o Gato Félix…

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