Doctor Who, 2010 New Year’s Special – The End of Time, Part 2
“This song is ending. But the story never ends”
Eu sempre achei muito difícil de descrever Doctor Who ou de explicar a série para
alguém que ainda não a conhecesse. Eu adoro Doctor
Who, e sou incondicionalmente apaixonado por isso tudo! Falo sobre a série
tão constantemente que mesmo as pessoas ao meu redor que não a assistiram
sentem como se a tivessem assistido. Mesmo assim, Doctor Who vive brincando conosco de maneiras extraordinárias,
despedaçando nossos sentimentos. Acho que a melhor maneira de descrever Doctor Who é em relação aos sentimentos
intensos que experimentamos quando a assistimos. Tudo é muito verdadeiro e
muito forte. É uma série sobre as pessoas e sobre as relações entre elas, não
há nada que prove isso mais veementemente que o fim da era de David Tennant. E
é isso mesmo o que mais adoramos em Doctor
Who. Quando o Tenth Doctor se dá conta que o processo de regeneração já se
iniciou, ele parte em busca de cada um de seus companions para uma despedida extremamente emotiva que nos
destruiu.
Completamente.
Acabamos o episódio aos prantos!
Mas o episódio foi sensacional. ÉPICO. Um dos
episódios mais fortes desde que a série retornou, The End of Time não apenas traz de volta o Mestre para antagonizar
o Doctor, mas ainda traz de volta os Senhores do Tempo de uma forma
surpreendente e assustadora. De um jeito que não estávamos preparados para ver
– e com informações importantes sobre a
Guerra do Tempo que desconhecíamos. O episódio começa em Gallifrey, no
último dia da Guerra do Tempo, no momento em que Gallifrey cairá e todos os
Senhores do Tempo morrerão. Com exceção de dois, de acordo com uma profecia
antiga: dois filhos de Gallifrey que sobreviverão e travarão uma Inimizade Eterna
– o Doctor e o Mestre. No Planeta
Terra. É assustador perceber que o Presidente dos Senhores do Tempo não tem
muito controle sobre ele mesmo, e está disposto a fazer qualquer coisa para que possa sobreviver. Qualquer coisa. Tão descontrolado quanto o Mestre.
E isso é assustador.
Bom é saber que Donna está a salvo. Que a Donna
não virou um Mestre. O problema é seu cérebro lutando contra as memórias que
insistem em aparecer, inclusive o rosto do Doctor, cuja energia destrói os
Mestres ao seu redor. É lindo ver o Doctor a defendendo, mesmo agora: “Hello. But really. D’you
think I’d leave my best friend without a defense mechanism?” E as cenas todas são tão
repletas de significado e de emoção que nos comovem. O Doctor conversa com o
Mestre e o mostra o quanto ele podia ser grandioso, maravilhoso. Como ele é
inteligente, e como juntos eles poderiam ser uma dupla incrível. Viajar juntos.
Como os amigos que eles já foram. Como os amigos que, de certa maneira, eles
ainda são. E o Mestre sente isso. O Mestre olha para o Doctor e entende que a
proposta é verdadeira, se sente tentado por ela. E isso é o que mais nos
fascina: perceber que o Doctor e o Mestre
realmente seriam grandiosos juntos. Porque ele sofre, porque ele sente dor.
Ele só precisa se livrar das batidas.
“Don’t know what I’d be without that
noise”
“Wonder what I’d be without you”
Foi incrivelmente doloroso conhecer o Mestre de
uma forma mais profunda, e entender que ele não é, necessariamente, a pessoa
detestável que ele quer que nós pensemos que ele é. Ele é perigoso, certamente,
mas porque está descontrolado. Não porque ele seja genuinamente mau. A infância
dele em Gallifrey prova isso. Obrigado a olha pela Cisão Temporal, uma falha no
tecido da realidade, vendo o próprio Vórtice Temporal, escutando as batidas em
ritmo de quatro. As batidas que nunca mais pararam. Que ele ouviu naquele dia e
para sempre. E o pior é que os próprios Senhores do Tempo construíram o Mestre para ele ser a pessoa que ele é. Eles o fizeram. Na tentativa de fugir da
Trava Temporal e sair da Guerra Temporal, os Senhores do Tempo, eles mesmos,
mandaram no vórtice o ritmo de quatro batidas para entrar na consciência do
Mestre a acompanhá-lo para todo o sempre. É isso que causou sua insanidade.
Também pudera!
“Sometimes I
think Time Lords live too long”
Wilfred, COISA FOFA. Como é bom tê-lo por perto,
como é terno ver o Doctor cuidar dele, voltar por ele quando ele está todo
encantado por estar no espaço. Como é comovente quando eles conversam, quando o
Wilfred começa a trazer suas memórias e para porque o Doctor, provavelmente, não quer ouvir histórias de um velho,
que é quando o Doctor lhe conta que é mais velho que ele, tem 906 anos. Foi
muito bonito, mas muito triste, porque o Doctor estava se sentindo culpado por
tudo o que acontecia, além de temer o momento de sua morte que ele sabia que
estava por vir. Quando batessem quatro vezes. Os dois trocaram verdadeiras
declarações de amor sobre como ficariam orgulhosos caso fossem pais e filhos. “I’d be proud. […] If you were my dad”.
E o Wilf tentou fazer com que o Doctor pegasse a arma que ele tinha trazido. Insistiu.
Pediu. E o Doctor sempre disse não. “Now
you take this. That’s an order, Doctor. Take the gun. You take
the gun and save your life! And… please don’t die! You’re the most wonderful
man and I don’t want you to die…” Eu queria abraçar aquele velhinho fofo quando ele disse isso
chorando, sofrendo.
“Never”
Até que o Doctor entenda a história toda. O
retorno dos Senhores do Tempo. “A white point star is only found on
one planet. Gallifrey! Which means it’s the Time Lords. The Time Lords are
returning!” Então
ele pega a arma de Wilfred e sai. E você sabe que as coisas realmente saíram de
controle, porque o Doctor vai fazer de tudo para impedir que os Senhores do
Tempo de fato retornem. Sobre os Senhores do Tempo estarem mortos, a explicação
é bem simples: Os Senhores do Tempo estão mortos, dentro da Guerra Temporal,
presos dentro de uma Trava Temporal. Para sempre. Mas o plano é retornar,
seguindo um sinal implantado na mente do Mestre tantos anos antes pelo Vórtice
Temporal. Usar a conexão com o Mestre e seu atual poder sobre a Terra para que
possam voltar, e trazer Gallifrey com eles. E é doloroso para o Doctor ter que
admitir que os Senhores do Tempo não são tão incríveis quanto ele sempre disse,
não são exatamente como ele escolheu se lembrar deles, e são, no fim, muito
mais perigosos do que qualquer vilão que o Doctor tenha que enfrentar.
E o Wilfred com aqueles lasers destruindo mísseis?
“I wish Donna could see me now”
O Doctor. O Mestre. O Presidente. Tudo é
construído em cima de uma tensão terrível e um horror inimaginável. É triste
ver desmoronar todo o pedestal sobre o qual os Senhores do Tempo já foram
colocados. Vê-los descer a níveis baixíssimos de pessoas terríveis, como os
piores vilões que o Doctor precisa enfrentar. O Doctor pula da nave, com uma
arma na mão, e cai no meio da Mansão Naismith, com o rosto todo cortado.
Começando a se destruir. E cada um tem um plano pior. O Presidente de usar o
Mestre para fugir e trazer com ele Gallifrey. E o Mestre tentando tornar cada
Time Lord nele mesmo, como fez com os humanos. “‘Something is
returning’. Don’t you ever listen? That was the prophecy. Not some ‘one’, some
‘thing’. They’re not just bringing back the species. It’s Gallifrey!
Right here. Right now” O Doctor não queria que os Senhores do Tempo
retornassem. E ele tinha um bom motivo para isso. É quase angustiante ver o
Mestre achando que tudo bem, mas sendo destruído. Rebaixado. Era visível que o
Presidente era MUITO pior do que o Mestre, com seu desejo por superioridade,
seu plano de acabar com o próprio tempo!
“You weren’t there. In the final
days of the war. You never saw what was born. But if the time lock’s broken
then everything is coming through. Not just the DAleks, but the Star of
Degradations. The Horde of Travesties. The Nightmare Child. The Could-Have-Been
King and his army of Meanwhiles and Neverweres. The war turned into hell! And
that’s what you’ve opened. Right about the Earth. Hell is descending”.
Ficou muito claro os motivos pelos quais o Doctor
teve que deter os Senhores do Tempo no fim da Guerra Temporal. Porque ele
precisou se voltar contra seu próprio povo. Porque os planos eram tão egoístas
e perigosos quanto os do Mestre. Ou mais. E mesmo com o Doctor destruída, em
uma tensão crescente de apontar a arma ora para o Mestre e ora para o
Presidente, ele conseguiu resolver tudo. Com
a ajuda do Mestre. E devolver os Senhores do Tempo para a Guerra Infinita. “The link is broken. Back into the Time War, Rassilon. Back into
hell!” E como o Mestre não existiria dessa forma se não tivesse sido criado
e atormentado pelos Senhores do Tempo, ele se vingou do Presidente,
subjugando-o e, automaticamente, salvando a vida do Doctor. O que foi
lindíssimo. O Doctor estava completamente destruído, mas ainda vivo. “I’m still alive”. Até ouvir as quatro
batidas de Wilfred. Quatro batidas. Aquilo que por fim o mataria.
As emoções desse episódio foram muito fortes,
muito intensas, destruidoras. Vividas ao extremo. Acho que nunca vimos o Doctor
agir dessa maneira. Gritar, jogar coisas no chão, chorar. O desespero de estar
morrendo. A injustiça de morrer quando podia fazer ainda tão mais coisas. O
Tenth ainda não estava preparado para partir, colocando todo seu sofrimento e
sua frustração na raiva de suas ações. Na dor de seus olhos. No tom estridente
de sua voz. Mas ele fez isso. Ele fez isso por Wilfred. Ele escolheu e aceitou
morrer por ele, como uma honra final que era, para ele, salvá-lo. É terrível
vê-lo sofrer, vê-lo cair em posição fetal, mas é um alívio vê-lo se mexer e
conseguir sair, ainda vivo. É um alívio extremamente rápido porque você vê
desaparecer as cicatrizes do rosto do David e você sabe que o processo de
regeneração já se iniciou. Como quando Matt Smith retornou jovem antes de se
regenerar e virar o Peter Capaldi. A carinha de David Tennant é de nos fazer
chorar. Ele devolve Wilfred para casa, vê Sylvia sorrindo e faz um comentário
engraçadinho, e deixa Donna Noble bem. E promete para o Wilfred que ele ainda
vai vê-lo uma última vez.
E então ele parte.
O Doctor parte em uma belíssima despedida de todos
aqueles que o acompanharam. Martha Jones e Mickey. Depois Sarah Jane Smith e
Luke. Capitão Jack Harkness e Alonzo. Até Joan Redfern, de certa maneira. Donna.
Rose Tyler por fim. E Ooda Sigma é a despedida derradeira. Um momento mais
bonito, mais emocionante que o outro. Terminamos o episódio sofrendo, chorando,
com uma dor irrecuperável no peito, mas uma alegria por saber que a série ainda
continua. Doctor Who tem um estilo
meio controverso de nos mostrar isso, de nos apresentar as mudanças. Nós
adoramos o Matt Smith, e é muito bom ver sua estreia no papel, mas é igualmente
doloroso se despedir de David Tennant, e isso machuca. Ainda mais com toda a
despedida sofrida pela qual ele nos fez passar, não só ao dizer que não quer
ir, mas também ao passar de companion
a companion se despedindo, em uma
série de cenas emocionantes. Vou falar com mais calma sobre a despedida toda de
David Tennant do papel, nesses últimos minutos de episódio, em um próximo
texto, para que esse aqui não fique tão mais longo e eu possa me expressar
livremente.
Aguardo vocês!
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