Doctor Who: Season Five (2010) – Part 5
“Nothing is ever forgotten. Not really. But you have
to try”
Os Season
Finales de Doctor Who são mesmo
LINDÍSSIMOS. Eu gosto de como eles se preocupam em fazer a temporada toda fazer
sentido, reunir as histórias e fechar de forma tão marcante. Há elementos
espalhados ao longo de toda a temporada que se fecham de forma magnífica em um
episódio final (duplo) de nível épico. Mas, na primeira temporada de Matt
Smith, nem tudo ainda se finalizou. Pandórica se abriu. Mas o Silêncio ainda não caiu. Começamos com uma
retomada de personagens que me emociona. França, 1890 e Vincent com um novo
quadro. Gabinete de Guerra, Londres, 1941 e Churchill vendo a pintura nova de
Van Gogh que é uma mensagem. E, por fim, a Coleção Real de Liz Ten, em 5145,
com River Song fugindo da cadeia e roubando a pintura que precisa,
urgentemente, ser entregue ao Doctor. Depois, deixando um recado nos muros do
Planeta Um, tornando Hello Sweetie as
primeiras palavras gravadas na História [!], é em Roma, com batom alucinógeno
fazendo-os acreditar que o Doctor é César e ela é Cleópatra [?], que River Song
consegue, enfim, entregar a nova pintura de Vincent Van Gogh para o Doctor:
A TARDIS
explodindo.
Doctor Who
traz a história da Caixa de Pandórica como um elemento-chave para a finalização
da quinta temporada. More than just a
fairy tale. A ideia de uma caixa, uma prisão, construída para conter aquilo
que há de mais perigoso no Universo, banhado no sangue de bilhões de galáxias.
E como ele foi preso? Por um mago bom. “I
hate good wizards in fairy tales. They always turn out to be him”. Sobre coincidências, como
ignorá-las? A matéria favorita de Amy? HISTÓRIA. História favorita de
infância? A CAIXA DE PANDÓRICA. Como diz o Doctor, nunca ignore uma
coincidência. [A não ser que você esteja ocupado, então sempre ignore
coincidências]. E, ocupado, o Doctor momentaneamente ignora as coincidências. A
Pandórica está se abrindo. E se o Stonehenge está mandando um sinal, quem mais
está vindo? Daleks, em primeiro lugar. Cybermen. Sontarans. “Terileptil. Slitheen. Chelonian. Nestene.
Drahvin. Sycorax. Hemogoth. Zygon. Atraxi. Draconian. They’re all here. For the
Pandorica!”
Basicamente, todo mundo que já odiou o Doctor.
E RORY É TRAZIDO DE VOLTA o/
Amy está com o anel desde o começo do episódio,
que o Doctor descreve como “That’s a
memory. Friend of mine. Someone I lost”, mas ele garante: “Nothing is ever forgotten. Not completely.
And if something can be remembered. It can come back”. E então Rory
está de volta, absolutamente lindo todo vestido de Centurião Romano, mas é
triste que ele esteja tão feliz em vê-la e ela não se lembre dele. E enquanto a
Pandorica se abre, o Doctor tenta distrair os que estão ali por ela, o Rory
tenta conversar com Amy, Amy chora de felicidade mesmo que não saiba o porquê e
River Song fica presa em 26 de Junho de 2010. No quarto de Amy, onde estão
todas as suas memórias que construíram as projeções pelas quais todos estão
passando, onde River encontrou o livro favorito da infância de Amy, A Caixa de Pandórica, o livro sobre os
romanos e a foto dela de policial com Rory de Centurião. Tudo falso, tudo
projetado. Inclusive o Rory está ali porque ele não foi completamente
esquecido. “Williams. Rory Williams from Leadworth. My
boyfriend. How could I ever forget you?”
Foi angustiante o fim da primeira parte. Ver Amy,
toda emocionada, chorar enquanto tenta trazer o Rory de volta e assegurar-lhe
de que ele é o Rory Williams que ela ama, mesmo que seja sem sucesso, porque
ele não é ele de verdade – e ele acaba
matando-a porque não tem escolha sobre suas ações. As lágrimas, a dor e o
desespero dele, no entanto, foram profundamente reais. E enquanto isso se
desenrola de forma linda e terrível, uma aliança entre todos os inimigos do
Doctor se forma para prevenir que ele destrua o Universo, porque supostamente é
ele o culpado pelas rachaduras na realidade, já que ele é o único que pode
pilotar a TARDIS, e é a explosão dela que causa o rompimento no tecido da
realidade. Assim, o Doctor é trancado dentro da Pandórica, de onde ele vai ser
impedido de destruir todo o mundo. Foi desesperador ver a reação dele, vê-lo
chorar e gritar e tentar explicar que não é bem isso. Enquanto o Doctor é
confinado, Rory chora com a Amy morta em seus braços e River abre a porta da
TARDIS para lugar nenhum e ela explode. Tudo se concretiza. A explosão da
TARDIS que cria a rachadura no Universo todo.
No próprio tecido da realidade.
Visto de QUALQUER lugar.
O último episódio começa 1894 anos depois, de uma
forma muito diferente do que eu esperava. The
Big Bang nos leva de volta ao primeiro episódio da temporada. À pequena
Amelia Pond, de sete anos, pedindo (em plena Páscoa) para que o Papai Noel
mande alguém para ver a rachadura em sua parede. Era o momento em que o Doctor
deveria chegar em sua TARDIS, mas isso não acontece. Mas Amy cresce, mesmo sem
o Doctor Maltrapilho dela, sofrendo e passando por psiquiatras por ver coisas
que não estão lá. “You know there’s no such thing as stars”. Como as estrelas. Dali as
coisas se desenvolvem de maneira divertida e eletrizante, nós nos empolgamos
porque queremos entender mais e ver mais. Vemos a silhueta do Eleventh Doctor,
de fez na cabeça, deixando um recado na porta de Amy. E é um recomeço fofo e
gostoso que leva a pequena Amelia Pond ao museu (bem diferente!) e, com suas
digitais, abre novamente a Pandórica, revelando, lá dentro, a versão adulta de
Amy Pond!
“Okay, kid. This is where things get
complicated”
Claro que o Season
Finale prometia!
Grande parte do episódio se desenvolve de forma
muito divertida, talvez com os melhores momentos de Matt Smith na temporada – é
leve e bacana. Goofy. Tipo o Doctor
do futuro, de fez e esfregão, aparecendo e desaparecendo com o Manipulador de
Vórtice, entregando para Rory a chave de fenda sônica e lhe dando instruções
sobre como abrir a Pandórica. A cena da reabertura da Caixa foi um máximo
também, pela reação do Doctor do “passado”, e é ali que eles colocam Amy Pond
na caixa para só sair em 1996, e o Paradoxo de Bootstrap rola solto, mas não
nos aventuramos a pensar de fato nisso. E então, depois que tudo isso está
devidamente encaminhado no passado, as coisas devem se mover de volta para
1996, com as duas Amys, e o Doctor usa o seu Manipulador de Vórtice para ir até
o futuro enquanto o Rory escolhe ficar e tomar o caminho mais longo, vivendo
conscientemente todos os momentos desses quase 2000 anos que ainda o separavam
de 1996 naquela época dos romanos.
E por quê?
Para proteger a Amy.
É a declaração de amor ÚLTIMA de Rory Williams.
Não tem como não amá-lo, como não desejá-lo e como não invejar a Amy porque ele
tem um homem desses ao seu lado. O Rory escolheu ficar do lado de fora da Caixa
de Pandórica, protegendo-a, por 2000 anos porque sabia que, assim, Amy estaria
mais protegida. É MUITO AMOR. Não podia ser mais fofo ou uma prova de amor
maior. Como uma duplicata, ele não dorme, ele não sai, simplesmente permanece,
consciente, durante todo o tempo, protegendo a mulher que ama. Esperando por ela. “According to legend, wherever the Pandorica
was taken, throughout its long history, the Centurion would be there guarding
it. He appears as an iconic image in the artwork of many cultures. And there
are several documented accounts of his appearances. And his warnings to the
many who attempted to open the box before its time”. E ele salvando
a Pandórica em 1941 das explosões, ARRASTANDO a Pandórica para fora? AQUELE
HOMEM NÃO EXISTE! <3
O amor dele é verdadeiramente incondicional.
Emocionante.
“Rory. Oh,
Rory!”
Se não casasse depois disso, a gente casava!
Vocês se lembram como o Bootstrap Paradox é
trazido à tona de forma muito clara na nona temporada, com Peter Capaldi? Mas
ele fez a festa no Season Finale da
quinta temporada! Mas não posso dizer que não foi EXTREMAMENTE divertido. O
Doctor, com o Manipulador de Vórtice, viaja pelo tempo como o Capitão Jack
Harkness, completando as cenas que vimos no início do episódio. A fez e o
esfregão. Adorei as idas e vindas dele ao passado para conversar e instruir o
Rory para tirar a outra versão dele de dentro da Caixa. E os motivos pelos
quais ele foi e voltou mais de uma vez. E o Doctor perguntando à Amelia Pond,
de 7 anos, como ela chegou até ali, e quando ela mostra o que deixaram em sua
porta, ele reconhece a letra, escreve e faz isso. Agora. É divertido demais, então ignoramos a lógica. Melhor parte é
o Doctor resolvendo a sede da Amy de agora roubando o refrigerante dela mais
cedo. “Right, then: I have questions. But number one is this: what in the name
of sanity have you got on your head?” “It’s a fez. I wear a fez now.
Fezzes are cool”. Ah, River e Amy! Eu gostava do chapeuzinho!
=x
Depois a tensão começa a tomar conta. Acho que
surge quando outro Doctor desce do telhado e morre após dizer alguma coisa para
o Doctor atual. 12 minutos. É eletrizante que o Doctor explique que o Sol
aquecendo a Terra não é o Sol, mas a TARDIS queimando, enquanto ela mantém
River Song em um loop infinito de “I’m
sorry, my love”, até que ela seja salva pelo Doctor. E quando a pequena
Amelia desaparece, nós sabemos que a História está ruindo, encolhendo. E o
Doctor que morre, 12 minutos antes, é o Doctor de agora atingido por um Dalek
que conhece o conceito de misericórdia.
“He’s downstairs. 12 minutes ago. River. He
died”. Um Dalek restaurado pela luz da Pandórica. Vejo a Caixa de Pandórica
como uma espécie de backup do
Universo, e o Doctor planeja levá-la ao centro da explosão da TARDIS para criar
o Big Bag Two e devolver o Universo às formas originais que deveria ter e estão
ruindo. O problema é que River entende isso tudo e o Doctor o faz, prestes a
morrer, mas restaurar tudo seria, ainda, um fim TERRÍVEL. Porque o Doctor, no
centro da explosão, fecharia todas as rachaduras…
…mas ficaria preso do outro lado.
Apagado da existência, sem memória alguma dele.
E, por um segundo, achamos que o Doctor
simplesmente sobreviveu. Ele
também. “Oh. Okay. I escaped then.
Brilliant. Love it when I do that. Legs. Yes. Bowtie. Cool. I can buy a fez”. Mas é apenas uma
despedida prolongada e linda, enquanto o Doctor volta sobre a própria linha
temporal na melhor sequência da temporada. É todo um conjunto de cenas
arrepiantes. O Doctor na TARDIS, com Amy e o outro Doctor, de três semanas
atrás, indo à Flórida Espacial. Ele tenta falar com Amy. Em retrocesso, temos
flashes rápidos e emocionantes de boas memórias de ao longo da temporada. E quando ele disse para Amy “Amy. You need to start trusting me. It’s never been more important” no
episódio dos Weeping Angels e pediu que ela se lembrasse do que ele lhe disse
aos 7 anos de idade, nós sabemos que não era o Doctor daquela época, do início
da temporada, mas sim esse Doctor de agora, mais humano e mais carinhoso, que
se importa mais com ela porque aprendeu a confiar muito mais nela.
Depois de tudo o que passaram.
Por fim, o Doctor se despede de Amy quando ela tem
7 anos de idade. E é LINDÍSSIMO. Depois de mais flashes rápidos e bonitos da temporada, o Doctor está de volta à
casa de Amelia, quando ela era uma criança, na
noite em que ela esperou. E o Doctor vai até lá, com Amy dormindo do lado
de fora, em cima da malinha, esperando por ele. The girl who waited. E a coloca para dormir. “You’ll remember me a little. I’ll be a
story in your head. That’s okay. We’re all stories in the end. Just make it a good one, eh?” As cenas
são tão bonitas e o Doctor se despede dela todo emotivo. Me doeu ver o Matt
Smith naquele estado, chorando e se despedindo de tudo, sabendo que não estava
apenas morrendo, mas deixando de existir.
O que é incrivelmente
doloroso. “And the times we had, eh?
Woulda had. Never… had. In your dreams they’ll still be there. The Doctor and
Amy Pond. And the days that never came. […]The cracks are closing. But they
can’t close properly ‘til I’m on the other side. […]Live well. Love Rory. Bye
bye, Pond”.
Então o Doctor se vai.
As rachaduras se fecham.
E as estrelas todas retornam.
Nós sabemos que Amelia pode trazê-lo de volta, e
nós esperamos por isso. Mas a Amelia de 7 anos dorme. A Amelia de 21 anos
acorda. Agora com pais, dos quais ela nem se lembrava porque tinham sido
sugados pela rachadura também. Ainda há uma memória distante do Doctor, as
coisas continuam ali. Os desenhos da TARDIS e do Doctor Maltrapilho. Os
bonecos. E embora tudo estivesse “bem”, não havia o Doctor. E, durante o
casamento com Rory, enfim, as coisas começam a retornar. River Song passando.
As lágrimas de Amy e sua tristeza que ela desconhece o motivo. “I’m sad. I’m really really sad. Why am I sad?” O caderninho em forma de
TARDIS em branco. É interessante pensar em algo que você esquece, mas que ainda
está ali, ainda faz parte de você e ainda é fonte de tanto sentimento. Isso
parece tão real. O diário de River. A gravata borboleta vermelha de um dos
convidados. O suspensório de outro. A lágrima escorrendo. E ENTÃO AMY POND SE
LEMBRA DO DOCTOR. Depois de toda a tensão pela qual nos fizeram passar.
E é belíssimo vê-la trazendo-o de volta.
Tudo o que pode ser lembrado pode ser trazido de
volta.
Arrepiou-me todo a emoção latente da cena em que
Amy não só se lembra do Doctor, mas o chama de volta. “When I was a kid I
had an imaginary friend. The Raggedy Doctor. My Raggedy Doctor. But he wasn’t
imaginary. He was real. I remember you. I remember!” E então tudo
começa. O vento. O barulho da TARDIS. O discurso dela é lindíssimo. E o Doctor
retorna como uma belíssima tradição de casamento. “Something old. Something new. Something borrowed. Something
blue”. A TARIDS. O
casamento só fica completo com a TARDIS. E o Doctor dançando. “It’s the Doctor. How did we forget the
Doctor?” O casamento foi lindo e emocionante. “Two thousand years. The boy who waited”. ESSE CASAL! O
Doctor dançando foi divertido. E a despedida do Doctor e River Song, quando ela
afirma que eles se verão novamente em breve. “And I’m sorry. But
that’s when everything changes”. Então o Doctor recebe um telefonema. A TARDIS e ele são
requisitados. Amy e Rory se despedem de todos e ficam com ele. Recém-casados.
Porque essa é a vida deles agora.
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