JUSTIÇA – Quinta-feira (Rose e Débora)
“Alguns
podem chamar de vingança. Eu chamo de Justiça” (CARNEIRO, Débora)
Foi uma das histórias mais fortes. As demais
histórias pareciam, de uma forma ou de outra, apresentar alguma coisa boa, e nós tínhamos mais esperanças. Na segunda-feira,
Vicente tinha matado Isabela, mas o seu arrependimento era pungente, e a maneira
como ele buscava o perdão de Elisa, embora a relação tenha se tornado doentia, era algo quase bom. Na terça-feira, nós tínhamos
a brilhante história de uma guerreira. Fátima era uma pessoa boa, que nunca
buscou vingança e que merecia tudo de bom que lhe pudesse acontecer. Foi fantástico
ver as coisas se acertando para ela, ver aquele fim tão bonito dela com a
família reunida uma vez mais, conseguindo tudo o que ela tinha perdido. Sorrindo. Já na quinta-feira, nós tínhamos
uma história muito mais pesada, e nós não esperávamos mais um final que fosse,
de fato, feliz para Débora, porque isso já era impossível. Diferente das demais
histórias, embora apenas Rose tenha sido presa 7 anos atrás, a trama de
quinta-feira se dividia entre Rose e Débora de forma igual, ambas
compartilhando o protagonismo que, por vezes, era quase inteiramente tomado por
Débora. Em algum momento eu comecei a me referir à quinta como a “história de
Débora” ao invés de a “história de Rose”.
Rose foi presa, sete anos antes, por posse de
drogas – enquanto comemorava na praia o
fato de ter passado no vestibular. Como foi presa, por Douglas, o vizinho
de Fátima, ela não chegou a fazer a matrícula. Rose foi marcada por não buscar
vingança, também, ao deixar a prisão, mas
ela adorava uma confusão. Em meio a ir até a universidade (em que
trabalhava Elisa e Vicente tentava o mestrado, bem como onde Irene trabalhava)
para tentar fazer sua matrícula, sem sucesso, Rose voltou a se envolver com
Celso, caçar encrenca com a Kelly e levar droga para fora do presídio na fralda
de Jéssica, uma bebê filha da mulher que salvou sua vida enquanto ela estava
presa. No entanto, eu gostei muito mais
de Rose do que eu julguei que gostaria, no fim das contas. Rose realmente
gostava de Celso, e eu fiquei muito feliz de notar que Celso, apesar de todos
os seus problemas, também gostava de verdade de Rose. Ela acabou sendo uma das
pessoas que mais ajudou Mayara/Suze a concretizar a sua vingança com Kelly,
apenas fazendo com que Celso se importasse mais com Rose… o colar, o namoro dos dois…
…a gravidez.
Por outro lado, Débora tem uma história
carregadíssima. Enquanto a amiga estava na cadeia, Débora foi estuprada e,
agora, ela busca vingança ou justiça, e a saída de Rose pode significar uma
ajuda que ela não tinha antes. Acho extremamente difícil julgá-la, mas eu
confesso que suas cenas foram difíceis de acompanhar, e me fizeram sofrer de
fato. Sua história é verdadeiramente triste. E eu só posso imaginar a angústia
e a raiva de quem passou pelo o que ela passou. Então eu não a culpo por querer encontrar o estuprador e se vingar.
Ele acabou com a vida dela completamente, daquele momento em diante. Débora viveu
com um trauma, e na tentativa de eliminá-lo, afundou-se cada vez mais,
produzindo novos e novos traumas com os quais jamais poderá viver em paz.
Lentamente a vida de Débora se esvaiu quando aquilo se tornou uma obsessão que
ofuscou todas suas demais ações. Nós vemos a personagem lentamente perder o
juízo (em uma interpretação brilhante de Luisa Arraes) e ser consumida. Ela perde
o emprego, ela perde o marido Marcelo e ela perde a chance de adotar um filho
com ele. Ela perde a chance de viver.
Então eu acredito que os extremos sejam perigosos. Não acho que seja fácil
simplesmente seguir em frente, mas ela foi tão longe em sua busca por vingança
que, em determinado momento, não tinha mais volta.
E ela não voltou.
Afinal de contas, o último capítulo de
quinta-feira foi sobre isso, e foi fortíssimo. Enquanto Rose ganhou um final
digno e muito bonito, podendo recomeçar sua vida com Celso, um bebê na barriga
e outro nos braços (ela salvou a Jéssica enquanto a Poltergeist ia presa),
Débora se entregou ao término de sua vingança. E depois de uma cena intensa na
qual ela mata o estuprador a pauladas (e foi compreensível em frente às coisas
que ele ainda dizia!), Débora vai embora. E foge e deixa para trás qualquer
perspectiva de vida que pudesse vir a ter ali. Deixa o armário vazio, o marido
para trás, o filho que ainda não foi adotado. E uma carta que, ao ler e jogar
fora, torna o Marcelo, de certa forma, seu cúmplice. Foram cenas muito tristes:
a) a leitura da carta na voz de Débora; b) Marcelo conversando com Rose sobre o
que aconteceu; c) a mãe de Débora cobrindo a morte do estuprador para o jornal
e reconhecendo que a filha foi a assassina. Foi igualmente triste ver Débora
andar sem rumo naquela estrada deserta, sozinha, desamparada… mas infelizmente eu não conseguia imaginar
um fim diferente para a personagem.
Agora resta a sexta.
Maurício entregou a casa a Celso, decidiu ir
embora, e levou um tiro…
Completamos as
lacunas nessa noite, por fim.
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P.S.: Foi difícil assistir,
em segundo plano, a cena de Vicente conversando com Isabela quando a deixa na
escola, uma despedida de pai e filha. Fiquei triste em ver. Tudo enquanto
Marcelo vai à escola em busca de Débora e descobre que ela perdeu o emprego…
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