A Mediadora, Livro Um – A Terra das Sombras


Suzannah é uma adolescente aparentemente comum que tem um problema com construções antigas. Não é para menos. Afinal, muitas dessas casas velhas são assombradas. E Suzannah é uma mediadora, uma pessoa capaz de ver e falar com fantasmas para ajudá-los a descansar em paz.
É claro que esse dom lhe traz muitos problemas. Mas nem ela poderia saber a gravidade do que encontraria ao mudar-se para a Califórnia. Além de ir morar numa casa assombrada por um fantasma jovem, bondoso e bonitão, sua escola sofre com a presença maligna de uma adolescente que se matou ao ser desprezada pelo namorado, e que agora busca vingança.

A leitura de Meg Cabot sempre me fascina! A Terra das Sombras, o primeiro volume de A Mediadora, foi o primeiro livro da autora que eu li, lá em 2008. Como era uma época ainda anterior ao Parada Temporal e para celebrar o recente lançamento do sétimo livro da série, resolvi reler todos os seis lançados anteriormente. De uma leitura rápida e fluída, A Mediadora #1 é quase um clássico de Meg Cabot (sob o pseudônimo de Jenny Carroll) – com um clima super adolescente, referências bacanas e muita desenvoltura, ela guia uma história repleta de bom humor e um pouquinho de mistério, em um delicioso livro de suspense sobrenatural que coloca a escrita de Meg Cabot em outro patamar, além do simples colegial ao qual estávamos acostumados com O Diário da Princesa, por exemplo. Embora eu deva confessar que eu goste muito daqueles 11 livros também! A Terra das Sombras nos introduz ao mundo dos mediadores com Suzannah Simon e o primeiro caso que ela precisa enfrentar: Heather, o fantasma que assombra sua escola.
De uma garota que acabou de se matar, nos feriados de fim de ano.
Suzannah Simon é uma adolescente de 16 anos que acabou de se mudar para a Califórnia e, para seu desespero, ela se deu conta que estava se mudando para uma casa construída há 300 anos e ia estudar em uma escola também igualmente antiga, a Missão. Ótimo. Quer dizer, ela é uma mediadora, uma pessoa capaz de ver, falar e tocar em fantasmas que estão presos ainda a esse mundo e precisam de uma ajuda para seguir em frente. Alguns provavelmente fazem isso com uma facilidade maior, outros são terrivelmente resistentes, como observamos já em A Terra das Sombras. De todo modo, Suzannah precisa enfrentar os desafios de sua nova vida quando a mãe se casa novamente e ela ganha três meios-irmãos. Em primeiro lugar, Suzannah descobre que tem um rapaz latino (um caubói morto) morando em seu quarto. Ele não é tão assustador porque ele é terrivelmente bonito, uma verdadeira gracinha, então ela não chega a ficar realmente incomodada com ele, embora diga isso o tempo todo.
Mas você sabe como Meg Cabot cria seus rapazes bonitos.
Nossa :3
O problema maior de Suzannah começa quando ela vai para a escola – felizmente, ela descobre que a Missão não está cheia de fantasmas de índios mortos nem nada assim, por causa do Padre Dominic, o primeiro mediador fora ela que ela conhece! Mas o fantasma de Heather ameaça a escola e, especialmente, Bryce Martinson. A introdução é um máximo, e infelizmente tudo passa muito depressa. Eu gosto da primeira interação de Suzannah com Heather, especialmente quando Heather tem a pachorra de insultá-la e acaba levando um murro na cara, amassando o armário “das duas”. É sensacional. Quer dizer, a Suzannah, em geral, causa uma impressão INCRÍVEL logo que chega à escola, e eu a adoro por isso. Toda determinada e nova-iorquina, ela consegue colocar as meninas chatas da sala de volta no seu lugar (brilhantemente ameaçando quebrar seus dedos depois da aula), e fica amiga de Cee Cee, a albina que se senta no fundo da sala. Não é à toa que, até o fim do livro, Suzannah Simon vá ser eleita a vice-presidenta do segundo ano.
Merecidamente.
E para fazer a revolução no lugar.
A minha impressão é de que todo o livro funciona como uma magnífica introdução ao mundo da mediação que Meg Cabot se dispõe a apresentar. Por exemplo, conhecemos e adoramos Suzannah Simon, nos simpatizamos com o Padre Dom, mas adoramos o pequeno Mestre/David, certamente o MELHOR meio-irmão de Suzannah. Também é a apresentação de Jesse, cuja história ainda tem muito a desenvolver. Mas, principalmente, vemos Suze de fato mediando pela primeira vez. E é intenso. Heather é um fantasma difícil, e eu adoro ler isso. Acho que tudo começa pela maneira violenta como ela morreu, o que me faz dizer que a Heather não era uma pessoa muito sã ou confiável nem quando viva. Quando ela parece ter pressionado Bryce para algo mais sério, ele simplesmente terminou com ela. E, com todo o direito que ela tinha de ficar chateada, ela leva isso muito mais a fundo quando ameaça se matar caso ele não reate com ela. E realmente o faz. De forma brutal e doentia, Heather se mata na frente de toda a família de Bryce, dando um tiro na sua própria cabeça à porta da família em pleno Ano-Novo.
Wow.
Portanto, não é de se estranhar que Heather seja mesmo um fantasma tão complicado. E a Suzannah tenta, eu não posso dizer que ela não tente, mesmo esquentadinha também, ela tenta. Mas as coisas ficam sérias quando ela tenta matar o Bryce Martinson com aquela viga de madeira (da qual Suzannah o salva bravamente). Depois, em uma tentativa isolada e sozinha de mandar Heather embora novamente, Suzannah presencia uma verdadeira destruição na Missão, com a estátua de Junipero Serra perdendo a cabeça, por exemplo, e um alarmante caso de aparente vandalismo chocando a todos. Felizmente a Suzannah pôde ser salva por Jesse, e foi muito fofo. Por fim, Heather quase matou Bryce e o Padre Dom, que acabaram no hospital, e ainda ameaçou Mestre/David, então Suzannah não pôde mais esperar, e recorreu a seu último recurso: exorcismo. À brasileira. E É GENIAL! Com um toque pitoresco de comédia em algo macabro, Meg Cabot consegue manter-se fiel ao seu estilo ao mandar Heather para a Terra das Sombras de forma tão surreal e sombria. E então Suze pode descansar, com seu primeiro fantasma na série mandado embora.
E nem era o mais difícil que estava por vir.
AMO A Mediadora e eu sou apaixonado pela maneira como Meg Cabot constrói seus personagens. Amamos Suzannah inegavelmente, mas eu adoro o David (ou o Mestre) e como ele ajuda Suze, a compreende, e como fala de fantasmas. Não é demais que o Jesse o acorde para que ele vá, com Soneca/Jake, até a escola para salvar a Suzannah? Também é um máximo a maneira como David inegavelmente adora Suze e a ajuda a desvendar, por exemplo, a história da morte de Jesse, ou melhor, Hector de Silva. “O nosso fantasma”. E o próprio Jesse, claro, que é uma fofura de uma maneira completamente diferente. Ele é sensual, bonito, do tipo de fazer o coração adolescente bater mais forte. E a Meg ainda vai saber construir o Jesse muito mais detalhadamente no futuro, para que nos apaixonemos cada vez mais por ele, mas eu sempre me admiro com como ela pode fazer isso tudo. Quer dizer, podemos nos apaixonar de fato por um fantasma que nem existe apenas ao ler as páginas de um livro? A Mediadora nos mostra que sim! Talvez seja aquele espírito latino, vai saber…
De todo modo, o resumo é: LIVRO SENSACIONAL.
Volto em breve com a resenha dos demais volumes!

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