Terceiro Capítulo de “Carinha de Anjo” (2016)

“Ninguém vai amar o meu papai como a minha mamãe”

Foi um capítulo bem mais triste, porque agora o coraçãozinho da Dulce Maria já sabe que essa “tal de Nicole” deve ser a namorada do papai e ela não está nada feliz com isso… acho que desde o começo, um pouco diferente da versão original, essa Dulce Maria apresentou mais o seu sofrimento – envolto em meio às suas fofas falas infantis nós temos frases, algumas simples como “Não era o fim de semana inteirinho [comigo]?” que indicam o que Dulce Maria está, de fato, sentindo. Coisas que talvez ela ainda não saiba expressar tão bem, mas expressa como pode, indicando que sofre sim, que se sentiu abandonada sim, que sentiu muito a falta do pai nesses dois anos e agora quer aproveitar o tempo só com ele. É natural, e o Gustavo está fazendo tudo bem errado ao se precipitar com uma namorada que devia estar na cara que não presta. A trama muito bem construída nos guia pelos sentimentos do capítulo em mais um dia perfeitamente emocionante em Carinha de Anjo, em sua produção cuidadosa e bonita.

Para começar: é um gosto ouvir Gustavo dizer para a filha que Nicole é só uma amiga do trabalho. E também é muito bom a Dulce Maria seguir o conselho da mãe e mandar um “beijinho que voa”, começando a atormentar a Nicole. “Ela se despediu com um beijo no ar. Exatamente como a mãe dela fazia. Impressionante como ela lembra a Teresa!” O próprio Padre Gabriel sabe que a Nicole só pode ser uma grande oportunista. Eu gostei de como nós ganhamos reforços contra a Nicole, nessa versão, através de Rosana Almeida: “Nicole Escobar… aposto que ela tem celulite!” Quer dizer, ela conhece a família (vê-la chamando a Nicole de “garotinha mimada” foi impagável!), sabe que são um grupo de picaretas, e como ela é fascinada pelo “Guga” e não acha que ele mereça esse sofrimento, ela vai fazer alguma coisa. E eu adorei saber disso! Rosana e Juju Almeida juntos pesquisando os tais de Escobar… ai, é meio reconfortante.

“Escafeder: significa fugir apressadamente, com medo”

Eu uso escafeder!

Mas dói que Dulce Maria saiba – e como a garotinha inteligente que é, ela tenta lidar com isso, ao mesmo tempo em que tenta esclarecer tudo, conseguir uma informação direta. Como quando ela pergunta para a Tia Perucas se a Nicole é a noiva do papai, depois diz que não quer que ele tenha amigas mulheres femininas, e perguntando se a Tia Perucas não podia pedir para ele trocar ela por um amigo homem masculino. Amo a interação de Dulce Maria com o pai, primeiro naquele “Senta aqui. isso são horas? Onde o senhor se meteu? Posso saber?” – o pezinho batendo, a carinha de brava, cobrando o pai por atenção, o que é captado pelos adultos como o Gabriel, e incentivado por ele. Ah, e a Dulce Maria foi melhor que muito adulto mais experiente tentando jogar um verde naquele “Papi: e a Nicole? Também canta?”, depois respondendo, com um escondido desprezo que lhe cabe aos 5 anos de idade: “Acho que não canta não”.

Ai que atuação!

E quando ela fala que a Festa dos Pais sempre foi triste para ela? L

Irmã Cecília, por outro lado, tenta lidar com a saudade de um fim de semana sem Dulce Maria, enquanto enfrenta também coisas que não entende de fato. Ela pede, super fofa, para o Inácio buscar flores para ela montar um vasinho ao lado da cama da Dulce Maria, pra quando ela voltar, e isso é lindo. Mas a Madre Superiora lhe alerta sobre isso. “Entenda que a Dulce é só mais uma interna, não é sua filha”. E eu não acho que o discurso da Madre tenha sido severo ou para magoar, foi uma preocupação pertinente, fez sentido. Mas o amor da Irmã Cecília por Dulce Maria (e vice-e-versa) não pode ser podado. Mas eu fico com pena da Cecília se perguntando se amar tanto a Dulce é errado, e por isso ela quase não coloca o vaso ao lado da sua cama, mas ela não aguenta. Por fim, o vaso está lá, e eu acho isso lindo. Porque o amor entre elas é tão verdadeiro!

E tão gratuito!

Ah, E AS CENAS CLÁSSICAS!

Com muito respeito, as melhores cenas da versão original estão sendo recriadas de forma belíssima. Como quando Dulce Maria pergunta à Irmã Cecília: “Diz pra mim: o meu papai não é lindo?” Eu amo aquilo! E a Irmã Cecília fica toda sem jeito (“Dulce Maria! Você não deve me fazer esse tipo de pergunta!”), mas é claro que Dulce Maria, essa criancinha atentada e determinada, não ia deixar passar… ela conduziu todo um interrogatório e NÃO dormiu enquanto não fez a noviça falar: “Sim. Ele é lindo sim”, o que é verdade, e ela sabe que sente isso, mas não queria dizer. Não em voz alta, porque então poderia fingir para ela mesma que não achava isso. “Ah, menina. Que foi que você me fez dizer?” Claro que ele ainda colabora deixando-a cada vez mais sem jeito quando chega na escola e diz que ela é muito jovem e muito bonita e tudo o mais… mas a Irmã Cecília mantém toda sua postura digna de noviça e não demonstra reação.

Agora Barbara e Frida sabem como magoar a Dulce Maria…

“Seu papai não te apresentou nenhuma namorada?”

É doloroso e profundamente maldoso como elas parecem determinadas em fazer a Dulce Maria sofrer, da maneira que puderem, e quando elas dizem que essa tal de Nicole era a namorada dele, ele só não teve coragem de contar, é uma dolorosa e infeliz verdade. Esse é o pior. Ali vem a clássica cena da briga no banheiro, mas é bem leve e rápida. O que importa é que a Dulce Maria sai muito triste. “Ela roubou minhas flores e ainda falou besteira”. Sai com carinha de choro e é um dó… a Madre Superiora chega a castigá-la, mas a Irmã Cecília conversa com ela, e ela desabafa: “A Barbara disse que todo viúvo moço se casa de novo. […] Eu não aguentei, foi mais forte que eu. Meu papai é só meu agora”, o que é uma fala importante para ser avaliada, e LEVADA EM CONSIDERAÇÃO. Dulce Maria tem todo o DIREITO de se sentir assim. Ela tem 5 anos de idade, e nesses 5 anos, 2 ela passou sem o pai! E na sua forma de criança sofrendo, Dulce Maria diz algumas coisas muito fortes que precisam ser consideradas com cuidado.

Como “Se ele arrumar uma madrasta para mim, eu juro que vou morrer!”

São frases que chamam a atenção da Irmã Cecília e da Irmã Fabiana – é muito triste uma criança de 5 anos apresentando esse tipo de sentimento, falando coisas como isso. Eu acho lindo a Irmã Cecília cuidando docemente de Dulce, colocando-a para dormir cheia de carinhos, e embora ela não diga “Se ele se casar com uma mulher feminina, eu morro todinha” em lágrimas, é algo sério. E ambas as noviças ficam preocupadas e tristes com a fala. Por isso, quando a Madre Superiora joga a bomba do castigo que deu a Dulce Maria por indisciplina e deixa a Irmã Cecília para conversar com o Gustavo sobre isso, ela precisa contar o que aconteceu. Até porque o Gustavo está sendo inconsequente, insensível, imaturo – e é culpa dele. Se a Dulce não tivesse visto a Nicole, ela não se incomodaria com o comentário das garotas, mas acontece que o coraçãozinho dela (você sabe, aquele que ainda não colou) já sabe da verdade.

Então a Irmã Cecília diz a verdade a Gustavo: “Ela disse até que se o senhor se casasse de novo… ela preferia morrer”, uma coisa forte e ela sabe disso, ele é que precisa entender. “Gustavo, sua filha é uma criança! E só tem pressa quando o assunto é o amor do próprio pai!” Eu amo essa cena. A dor da Dulce Maria está impregnada no que ela fala para a Madre Superiora, também (“Ninguém vai amar o meu papai como a minha mamãe”) e no próprio fato de NÃO querer ir jantar na própria casa por causa da Nicole e da mãe, o que é muito deprimente! Enquanto isso, Gustavo e Estefânia discutem o mesmo assunto, e eu sinto raiva dele nesse momento, por ser insensível, por não ter noção de como lidar com a situação. Esperávamos que, como um “adulto”, ele fosse mais maduro que isso. Ainda bem que a Dulce Maria tem essas noviças… porque a Irmã Fabiana dá a ideia dela de a Dulce Maria estragar o jantar, já que ela não estava nada animada mesmo.

A Irmã Fabiana continua tendo uma participação importantíssima porque a ideia de estragar o jantar vem dela, mas não é ela quem fornece o material. Dessa vez não temos um rato, mas sim um porquinho da índia – e a trama adaptou para ser uma participação de Emílio, o irmãozinho da Juju Almeida, iniciando assim a possível longa jornada de travessuras que esses dois prometem! Primeiro eles estão juntos na casa de Rosana, deitados em um imenso e lindo jacaré de pelúcia, jogando videogame, e quando a Dulce conta do plano da Irmã Fabiana, ele tem o ideal para concretizar o plano: O PORQUINHO DA ÍNDIA, que parece um ratinho, segundo a Dulce. Já estou amando esses dois juntos! E a Dulce toda animada com a caixa e a arte que está armando… como a própria Irmã Fabiana, contando o plano para a Irmã Cecília: “Eu andei dando umas ideias pra Dulce. Cecília, esse jantar não tem futuro”. AMO MUITO. Tem como não amar a Irmã Fabiana?

Eu mesmo respondo: NÃO!

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P.S.: Tivemos mais um clipe LINDÍSSIMO na novela hoje. “Joia Rara”, cantada por Lucero, é um lindo clipe de mãe e filha, na casinha de bonecas e arredores, com um sentimento lindo, com muito amor, e a Dulce estava uma graça. A Lucero estava um talento, claro. O clipe emocionou. O que é a Dulce Maria penteando o cabelo da mãe? UM AMOR! Um clipe muito fofo e lindo!