Vale o Piloto? – 3% 1x01 – Cubos
“Agradecemos
a chance de uma vida melhor” Uhm, sei.
Primeira série brasileira do Netflix apresentada
em um eletrizante futuro distópico já é, de cara, uma das melhores produções
que eu já vi. E eu estou aqui, pulando de felicidade, amando o Netflix e
surtando de ORGULHO. A trama da série traz um estilo que me fez pensar em Jogos Vorazes, de uma forma geral, com
detalhes que me fazem pensar em outras produções. O Processo, em si, me remeteu
a Legend. O Maralto me fez pensar
demais em A Ilha. Por isso, já era
amor à primeira vista. A proposta é de que, ao completar 20 anos de idade, os
jovens do Continente são submetidos a um rigoroso Processo, no qual apenas 3%
são aprovados, na esperança de desfrutar da dita vida perfeita oferecida no
Maralto. Assim, partimos ao lado de Michele dos subúrbios devastados do
Continente, cercados de lixo, uma situação precária e assustadora, para as
modernas instalações onde o Processo se realiza, uma vez que os Portões foram
abertos. E a caminhada de 47 minutos de Michele até os Portões é enfatizada
pelo comunicador em sua orelha, piscando vermelho enquanto ela recebe uma
mensagem.
E isso me apavora.
A série me fez, instantaneamente, levantar algumas
bandeiras – tirei conclusões, talvez precipitadas, mas é difícil não pensar em
algumas coisas. Talvez influenciado pelo sentimento de A Ilha, eu não consegui confiar no Maralto – supostamente Ezequiel
conversa com superiores que ESTÃO no Maralto, o Piloto em si já me fez entender
que, de uma maneira ou de outra, o lugar parece existir, mas ainda assim, é
estranho… não confio nesse discurso excessivamente feliz de um lugar “mágico”
em que tudo é lindo, perfeito e não existem desigualdades, todos têm a mesma
chance. Não me desce. O Processo, como um todo, me parece um grande artifício
dos superiores do Maralto (talvez seja uma Capital, como em Jogos Vorazes?)
para continuarem mantendo o seu poder. Uma população controlada precisa ter
esse controle garantido esporadicamente, de uma maneira ou de outra. Dar falsas
esperanças a alguém parece a melhor maneira de fazer isso, inventar uma
ideologia de que “a chance está sendo dada”, dando às pessoas algo pelo o quê
esperar.
Então elas não precisariam se manifestar.
Embora A CAUSA já tenha surgido e eu estou louco
para ver mais!
Os candidatos de 20 anos entram pelos Portões para
o Processo, são purificados, colocam uniformes (nas cores de Star Trek, diga-se de passagem – e as 3 cores
tem a ver com o 3%?), e assim começa o Ano 104 do Processo. Um ano que promete
ser diferente. Porque depois de mais de 100 anos de Processo, ocorreu o
Primeiro Homicídio na História do Maralto… o que significa que tem alguma falha
no Processo? De todo modo, ainda há a tensão extra de saber que uma daquelas
pessoas é um infiltrado da Causa. É um pouco angustiante perceber como essa tal
“Fé no Processo” é construída sociologicamente através de gerações. “Agradecemos a chance de uma vida melhor”.
Também chamo a atenção para a cena em que, pedidos para repetir as falas de
Ezequiel, eles repetem, inclusive, o “Muito
obrigado”, apenas enfatizando uma alienação dita acima, assustadora, porque
isso não é uma piada. Isso é um fator importante da construção dessa sociedade
e dessas pessoas que estão tão habituadas a fazer o que lhes é dito e tão
desabituadas a pensar que repetem o que for preciso.
Mesmo o que não precisa ser repetido.
Wow.
Enquanto o Processo é avaliado (Ezequiel é
constantemente acompanhada de perto por Aline), e o responsável por eles
diariamente quase se afoga em um pote de água para lembrar-se de como o seu
trabalho é um caso de vida ou morte. Palmas para a cena perturbadora. A
primeira parte do Processo é a angustiante ENTREVISTA.
QUE CENA! E é uma ótima maneira de apresentar os personagens. Joana respondendo
sagazmente a perguntas com coisas como “Desde
a última vez que eu tive água para desperdiçar” e “Não acho que eles estejam interessados em alguém que implora”.
Marco tem uma atitude perigosa de superioridade porque sua família é conhecida
por sempre passar no processo (“Eu tô
aqui pra julgar você. Não o seu histórico familiar”). Fernando defende a fé
no Processo, fala sobre como acredita que tem chances, sim, embora esteja em
uma cadeira de rodas, mas a intensidade do momento é garantida por sua
revelação em relação ao pai, respondendo com sinceridade às perguntas: “Quero passar pra lá pra não ter uma vida
igual à dele”. E, claro, também temos Michele…
Bem, a entrevista inicial é fantástica, e nos
deixa bastante incomodados. Primeiramente pela postura dos entrevistadores, que
é absurdamente ridícula. Porque eles são trabalhadores que moram no Continente
como todos os candidatos, mas defendem o Maralto de uma forma ridícula, e ainda
acreditam-se superiores àqueles que entrevistam – o que é irritantemente real.
Os chamaria de pobres de direita, mas
não vamos entrar nisso, não é? De todo modo, é absurdamente revoltante como
eles trabalham em uma insistência de humilhar os candidatos, e as primeiras
eliminações são desesperadoras… embora a maioria deles realmente não parecesse
apresentar qualquer condição de seguir em frente. A construção da série, toda,
é perspicaz. A sensibilidade de uma cena rápida e apavorante na qual um dos
candidatos reprovados se suicida é admirável. Significa muito para a série e
para a construção de toda essa ideia. E a Michele, por fim, parece um grande
AMOR, não parece? Claro, a Bianca Comparato já é uma fofa, mas eu fui o único
que de fato acreditou nela e em toda sua narrativa, do namorado e assim por
diante?
Enfim.
Não deve ser spoiler.
Isso está no primeiro episódio!
De todo modo, primeira prova, propriamente dita: OS CUBOS. Enquanto estamos lidando com
a informação de um infiltrado da Causa, e os organizadores tentam descobrir seu
nome, conhecemos também Rafael Moreira – e
que personagem bom! Tá, conduta questionável, mas eu gosto bastante da
construção dele. Naquele momento de tensão passando com a identidade falsa,
depois na finalização da prova dos cubos. A prova dos cubos é absolutamente
tensa, e talvez nem tão intelectual assim. 9 cubos é o mínimo. Michele é uma
fofa ajudando Fernando lhe dando as peças, e enquanto um a um, que só montaram
8 cubos, como a Michele, são eliminados, Fernando retribui da melhor maneira
possível, unindo os 8 cubos de Michele para formar um cubo maior. “8 cubos e mais um cubo de cubos. 9. Você
passou”. QUE CENA FOI AQUELA?! Já não tinha como não amar aqueles dois e a
dinâmica perfeita que parece ter surgido tão rapidamente entre eles… e eu acho
que era intencional que fosse rápido, porque acontece MUITA coisa em um
episódio só.
Sabe aquela série que você perde o fôlego
assistindo?
3%
Estou curioso para ver o desenvolvimento seguinte
de Rafael, especialmente agora ao lado de Joana. Eu admiro o personagem, apesar
das ressalvas que algumas pessoas podem tentar fazer – inicialmente, eu
realmente acho surpreendente a sua capacidade de manipulação, a sua audácia
para burlar todo o sistema, e sua capacidade de fazer o que for preciso para
passar. Quando Ezequiel explica para Aline que cada prova tem um intuito
aparente, mas ele não é tudo, eu me pergunto o que ele quer dizer… como Rafael, que faz o que for preciso para
passar? Ou mais como Michele, que
ajuda alguém como o Fernando? Ambição ou caráter? Depois da ótima interpretação
de Rodolfo Valente (dá para acreditar que ele fez o Sítio em 2006, cresceu SUPER fofo, não?), ele diz que ele fez o que
todo mundo faria, e precisará fazer
caso queira passar… e apanhou. Eu não
entendi a profundidade da inteligência até Aline colocar em palavras: “Você não me engana. Eu sei que você apanhou
de propósito. Deu certo. Agora tem um bando de gente tonta se compadecendo”.
Sério, QUE GENIAL!
Daí eu te pergunta: tem como não amar?
Enfim, talvez eu tenha um problema de gostar de
personagens assim, porque em The 100
também eu SEMPRE gostei de Bellamy, então vai saber… de todo modo, acho que
Rafael promete e já é um dos meus favoritos! Por fim, a grande e surpreendente
finalização de um excelente Piloto: “Michele.
Bruna. Venham comigo”. Uma das duas é a infiltrada da Causa. E elas têm
três minutos para se confessarem, ou ambas morrem. Em uma cena repleta de
tensão e desespero, ambas clamam inocência, professam que não são da Causa e
são abandonadas pela responsável delas por algum tempo – tempo no qual Michele,
astutamente, convence Bruna de que elas precisam atacar aquela mulher, fugir do
Processo e sobreviver. Um plano GENIAL para acusar Bruna e passar despercebida,
ainda infiltrada, dentro do Processo, sem ninguém mais na sua cola. Sério, eu
não sei porque eu não estava esperando que Michele fosse uma infiltrada da
Causa, e eu já adorava desde antes. Esse final só me fez exaltá-la!
WOW, QUE SÉRIE! Basicamente, é isso! <3
Não se meu preconceito com as produções brasileiras influenciaram meu parecer sobre a série, que pela proposta original esperava mais. É certo dizer que dentre os que estamos acostumados a ver, a série apresenta um nível superior, mas somente se comparada a outros trabalhos brasileiros. As interpretações, por exemplo, deixam a desejar pois estão muito estilo "novelas", salvo alguns personagens como Joana.
ResponderExcluirAs falas estão muito robóticas e sem emoção , como na cena de Michele e Bruna , aquela mulher declarando que ambas morreriam se não confessassem quem era a infiltrada da causa. Não houve tom de ameaça, expressões de medo ou desespero, foi um pouco tosco.
Bom vou acompanhar , pois a proposta é boa , vamos ver como a trama se desenvolve. Como eu disse talvez seja meu preconceito.
Eu discordo haha Mas estamos aqui para dar opiniões, né? Eu gostei bastante e achei a produção muito boa. Em relação a atuações, algumas são boas, outras nem tanto, mas eu não concordo que parece melhor apenas que outras produções brasileiras. É, sim, melhor que algumas produções estrangeiras que têm atuações fracas, como é o caso de Shadowhunters, por exemplo, embora eu gostei da série. Ou então (e aqui muita gente vai querer me matar) a péssima atuação de Stephen Amell em Arrow, que eu acho que é pior que a da maioria do elenco de 3%
ExcluirEm relação às "falas robóticas", eu interpretei a cena de Michele e Bruna de um jeito totalmente diferente do seu, então talvez tenha sido isso. Eu não acho que a intenção tenha sido soar como uma ameaça mesmo. A mulher que disse que elas morreriam se não confessassem não estava se importando, não tinha mesmo sentimento algum para demonstrar. Não estava "ameaçando" mais do que declarando um fato: "Confessem. Caso contrário vocês morrerão". Não era o intuito ter agressividade, intensidade ou ameaça - acho que o tom era mesmo de indiferença, porque para ela não importava se uma delas ia sobreviver ou não, então ela só estava dizendo. No tom frio e "robótico" mesmo, porque era assim que se sentia.
Já vi mais episódios (vou postar em breve), e eu estou gostando demais.
Mas sei lá, é a minha opinião, não é?
Ah sim, não vi essa indiferença retratada no momento que Michele sai com a personagem que não lembro o nome, após morte de Bruna e pedido de que aquilo ficasse somente entre elas, o gesto de segurar a mão da Michele , não é indiferença .... mas sim são só opiniões Jefferson kkkk ... na verdade por causa de suas criticas positivas que comecei a assistir a série ... não partilho mesma opinião , como disse antes talvez por já assistir esperando ser ruim, sindrome do meu preconceito com produções brasileiras, confesso rsrs ....
ExcluirE agora por sua culpa , terei adicionar mais uma série ( Arrow), para voltar aqui e dizer se vc merece apanhar kkkkkkkk até mais :P
Ah, mas você viu que eu abandonei na quinta temporada, né? HAHA Já deixo avisado pra não ter problemas depois KKK Quer dizer, era mesmo muito boa, na primeira e segunda temporada (mesmo com a atuação RUIM do Stephen Amell, que parece que nem era TÃO ruim assim no começo, piorou mais com o tempo ou eu fiquei mais chato), mas depois desandou. Quarta temporada foi tão ruim que eu não tive coragem de voltar para a quinta :D
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