Chico Bento Moço, Edição #2 – Vida na República
“Podem até
me tirar da roça, mas ninguém pode tirar a roça de mim!”
É um longo e árduo caminho a trilhar entre “Só porque sou da roça todo mundo acha que
pode me fazer de bobo!” e o “Podem
até me tirar da roça, mas ninguém pode tirar a roça de mim!” dito com
orgulho. Ainda estamos começando a nossa história, as aulas do Chico Bento
ainda nem começaram em sua faculdade em Nova Esperança, mas antes disso muitas
coisas precisam ser estabelecidas. Quem nunca esteve no lugar de Chico,
preocupado e descontente com algumas novidades quando se muda ou começa algo
novo? É natural, mas nós mesmos precisamos dar um jeito de tudo funcionar caso
estejamos mesmo dispostos a seguir em frente. O Chico enfrenta o impacto de chegar
à cidade grande para uma nova vida, mas ele faz isso com toda a pureza e
inteligência da vida do campo, alinhada à sua ingenuidade que muitas vezes é
confundida com idiotice.
Mas o Chico deixa muito clara a diferença!
Chico Bento
Moço é bem diferente de Turma da
Mônica Jovem e eu ADORO isso, porque tinha mesmo que ser. Colocar o Chico
Bento na cidade grande abre um leque de possibilidades para ele. Ele ainda não
perdeu seu jeitinho doce nem sua capacidade de nos cativar, mas ele demonstrou,
muito mais do que na primeira edição, uma determinação admirável que todos
gostaríamos de ter. E é um máximo! Chico começa a edição já na República,
acordando de um pesadelo (e ele deitado na cama mostra o quão alto ele está!) e
percebendo que as coisas ali não serão nada fáceis – porque todos são muito
diferentes dele, como era de se esperar, mas o chamam de “Chicão” ou de
“Caipira”, de uma forma insistente que se torna incômoda, e o Chico precisa
encontrar uma maneira de impor respeito por quem ele é e de onde veio!
Em flashbacks,
vemos que a chegada do Chico à cidade foi turbulenta. O Primo Zeca se atrasou,
e então ele acabou tendo sua mala roubada… uma
coisa só! Sua chegada à República não foi lá muito melhor. Todo mundo
estava admirado com o quão diferente ele era, com o chapéu de palha (ah, ele
estava LINDO de chapéu de palha!) e um cachecol tricotado à mão. O problema é
que eles se tornam facilmente maldosos, talvez até em um instinto estranho de
proteção. Chico tem que escolher entre dormir em cima ou embaixo na beliche, ou
ainda no chão, e tem sua marmita roubada… deve ser naturalmente muito
complicado se mudar para uma República com gente que você não conhece, tendo
que dividir o mesmo teto, mas no caso de Chico ainda tem o agravante de ser um
lugar BEM diferente daquele com o qual ele está acostumado, e com gente que
acha que pode zoá-lo!
Não acostumado com nada disso, Chico Bento sai
andar pela cidade – e é quase um desastre. Vê-lo incomodado com o cheiro, o
barulho e o estresse da cidade me fez pensar naquela historinha em que o Chico
vai para a cidade visitar o primo… vocês
se lembram como ele fica com a escada rolante? Por fim, ele chega a um
parque, que parece um oásis em meio a tantas dificuldades. Ele até tem a chance
de ajudar um filhote de passarinho a retornar para o seu ninho! “Espera que o Tio Chico já devolve você para
seus pais!” E então ele conhece o Seu Pereira, o responsável por cuidar do
parque que diz que precisa de um assistente, mas ninguém se candidatou ainda –
evidentemente é a chance perfeita para o Chico, que queria mesmo um trabalhinho
para ajudar o pai nas despesas, além de que o lugar é lindo e tem a cara dele!
Mas ele pensa no que o pessoal da República diria
e desiste do emprego.
O que é um momento sombrio para o Chico Bento.
No entanto, as coisas viram a partir de então.
Chico Bento toma uma decisão, toma uma posição! Como o Cameron em Curtindo a Vida Adoidado. Tudo começa
com a carta da mãe (“Ah, mãe! Eu queria
que a senhora tivesse razão! Queria que a roça estivesse mesmo perto! Sempre!
Mas não está! Vivo aqui cercado de gente resmungona, barulhenta e bagunceira!”)
e o que ele escuta Jácomo dizer no telefone com a mãe dele. Acontece que quando
o Chico escuta ele chamá-lo de caipira (caipirão
mesmo), ele pensa em entrar e acabar com isso de uma vez por todas, mas sem
que Jácomo veja, ele ouve o final: “Não,
mãe! Ele parece gente boa!” E
então aquilo significa alguma coisa. Ter o princípio de uma amizade dá toda uma
força renovada ao Chico e isso é reconfortante. Como aquela cena de Jácomo e
Chico conversando, dividindo um lanche…
Morri de felicidade em ver isso acontecer. Tudo
começa a dar certo. Com um amigo na República, as coisas mudam para Chico. Ele
faz um super café-da-manhã, lava a própria roupa, por exemplo, e começa a
COLOCAR ORDEM em tudo. Sugere que cada um tenha um dia para lavar roupa, e
ainda faz um almoção para ele e Jácomo com as compras que racharam, deixando
Jurandir e Lee com inveja. Ah, fora a armadilha para pegar o ladrão de
marmitas! Mas tudo se ajeita. Chico consegue provar, rapidamente, que não é um
caipirão bobo, e que não vai ser feito de idiota, além de ajudar a organizar
melhor a República, dividir umas tarefas e, acima de tudo, ensinar que UM
RESPEITE O OUTRO. Esse é o essencial. No fundo, Jurandir e Lee não eram pessoas
más, mas pessoas que lidavam com as coisas de forma um pouco diferente.
Jurandir se enfiava na música.
Lee nos estudos.
Mas todos querem, no fim do dia, um pouco de
amizade, gente para conversar, alguém que esteja, talvez, passando pelas mesmas
coisas que você – aquele nervosismo antes
de começar uma nova fase de sua vida, por exemplo. Essa é a mensagem da
segunda edição do Chico Bento Moço, e
o rapaz faz um trabalho sensacional ao colocar ordem na República, valorizar o
respeito e dar início a uma AMIZADE! É muito legal ver os quatro improváveis
novos amigos saindo juntos para passear no parque, para ouvir música, para ter
o Chico Bento como centro tocando violão e cantando “uma modinha da sua terra”.
E bem, agora, além de tudo, o Chico também vai poder começar em seu novo
emprego sem se preocupar com o que dirão, porque isso não está mais em jogo, e
isso é LINDO! “Todo mundo já está se
dando bem melhor. E tudo por sua causa, Chico!”
Obrigado, Chico, por mais uma EXCELENTE edição!
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