Doctor Who 10x06 – Extremis
“Particle physicists and priests. What could scare
them both?”
Uma biblioteca. O diário de River Song. Dan Brown encontra The Matrix… QUE EPISÓDIO SENSACIONAL! Embora eu estivesse amando o
ritmo e o estilo da nova temporada de Doctor
Who, fazia MUITO TEMPO que um episódio da série não era tão bom assim! Eu
surtei. Repleto de referências e uma trama elaborada e complexa, temos uma
incrível apresentação de vilões para a temporada, enquanto revemos, também,
Missy, na preparação de uma união dela e do Doctor, finalmente. Também repleto
de angústias, o episódio me pareceu perturbador, mais ou menos como me sinto
com The Matrix… The Matrix é o meu filme de ficção científica favorito na vida
toda, e nunca falha em me deixar paranoico quando saio na rua depois de vê-lo.
O episódio de Doctor Who, Extremis, me trouxe uma sensação
próxima, angustiante e perturbadora.
Meus olhos ainda estão vidrados, meu coração
incerto.
A sinopse do episódio já era de ARREPIAR, mas o
desenvolvimento foi surpreendente de todo modo. E me fez pensar em alguns dos
melhores episódios de Doctor Who, e
amar o roteiro de Steven Moffat… a introdução do episódio já é impactante.
Falamos de Morte e de como a Vida é “um inimigo astuto”, enquanto nos
preparamos para uma bizarra execução, com um aparelho capaz de MATAR Time Lords
e inibir suas capacidades regenerativas… com a ajuda de um outro Time Lord.
Assim, o Doctor foi levado até ali para o julgamento e execução de Missy, há
muito tempo. O julgamento que, presumivelmente, deixou Missy trancada no cofre
que o Doctor e Nardole vêm cuidando desde o início da temporada… com o Doctor
como possível executor de Missy, ela lhe implora por sua vida, mais de uma vez:
“Please, I’ll do anything. Just let me
live”.
E eu acreditei nela.
O episódio traz o Vaticano pedindo a ajuda do
Doctor, com base em uma recomendação feita em 1045, pelo Papa Bento IX, e o
motivo de eles estarem pedindo ajuda é bastante perturbador e instigante… ME
DEIXOU CURIOSO, mais ou menos como uma história escrita por Dan Brown. Até o
Papa, em pessoa, veio à universidade atrás do Doctor, porque o assunto era
sério. Um texto, enterrado e escondido em uma biblioteca desconhecida do
Vaticano, vem causando “confusão”. Nenhum daqueles que foram atrás do Doctor
sabe de seu conteúdo, do VERITAS (literalmente, A VERDADE), porque todo mundo
que o traduziu ou o leu depois se matou, com suas próprias mãos… todo mundo que
teve acesso a esse misterioso texto se matou depois de descobrir o que estava
escrito nele. E todos são cristãos, que escolheram o Inferno ao se matar.
ME
ARREPIA AINDA AGORA!
“There is
an ancient text buried deep in the most secret of the Vatican libraries. A text
older than the Church itself. The language of this text is lost to us... thanks
to the work of an early Christian sect, the title has survived. […] Obviously,
this sect... they understood the language. It died with them. And all copies of
their translation disappeared shortly after their mass suicide. A few months
ago, after many centuries of work, the Veritas was translated again. […]
Everyone who worked on the translation, and everyone who subsequently read it
is now dead. Dead,
Doctor, by their own hand”
Assim, é claro que o tema INTERESSA ao Doctor.
O Papa pede que o Doctor LEIA o Veritas ele mesmo,
para entender o que está acontecendo… então ele vai até a casa de Bill (que
está no meio de um encontro, a sua cara quando ela escuta o som da TARDIS, e
depois, quando o Papa sai da porta de seu quarto, gritando em italiano, foi
IMPAGÁVEL!) para buscá-la, e eles embarcam juntos para o Vaticano. Enquanto
isso, vemos mais um trecho da execução de Missy, que é interrompida pelo
aparecimento de um suposto “padre”, cuja intervenção divina não deve exceder 5
minutos, e que contou com o diário de River Song e a leitura de um trecho desde
e tudo (“I love him. My husband. My mad man in a box. My Doctor”). Segundo Nardole, River Song jamais
aprovaria que o Doctor fizesse isso, que matasse Missy… mas o roteiro quer que nós acreditemos que ele o fez.
Então
vamos ao Vaticano…
“The Library of Blaphemy. The
Haereticum”
Tudo ali nos instiga e começa a nos atormentar. O
roteiro é excelente e o clima de suspense crescente. O Cardeal Ângelo guia o
trio da TARDIS até a biblioteca escondida, de textos proibidos e hereges. E o
pior é que tudo é tão realístico que nos apavora! E eu tenho que reafirmar: AS
BIBLIOTECAS DE DOCTOR WHO SÃO MESMO
APAIXONANTES! Potencialmente assustadoras, não seria a primeira vez (lembre-se
de Vastha Nerada, por exemplo!), mas brilhantemente encantadoras, de um modo
sinistro. E o roteiro é inteligente ao ir e voltar o tempo todo, entre os takes na biblioteca e a possível
execução de Missy, por exemplo, enquanto ela implora por sua vida, ajoelhada
aos pés do Doctor, dizendo que ela poderia ser boa: “Please, teach me… teach me how to be good”. Foi SENSACIONAL. Acho
que teremos uma Missy diferente, AJUDANDO
o Doctor ainda!
Talvez com John Simm se opondo a isso?
O “Veritas”, o tal livro da verdade, é mantido
dentro de uma JAULA, onde eles encontram um padre bonitão que avisa: “I’m sorry. I’m sorry… I sent it”. As
coisas começam a se tornar mais sobrenaturais quando o padre foge, com uma arma
em mãos, e uma mão meio dementador (na porta do trem, em O Prisioneiro de Azkaban), vestida de cardeal, sai da parede e leva
o primeiro dos aliados ao Doctor. Na mesa em frente a uma cadeira com cinto, o
Doctor encontra um notebook, de onde o padre ENVIOU o Veritas ao CERN, um grupo
de cientistas que respondeu, enigmaticamente, pedindo que rezassem por eles… “Particle physicists and priests. What could
scare them both?” E o padre era o último tradutor, o único que ainda estava
vivo, mas que se mata no meio da biblioteca… como lidar com a curiosidade? É difícil enfrentar a realidade de
TODO MUNDO que leu o Veritas ter se matado logo em seguida…
…mas você não estaria curioso para ler?
O episódio me apavorou e me deixou embasbacado.
Conforme diminuía-se a influência de Dan Brown e se acentuava a influência de The Matrix, o episódio começou a se
tornar assustadoramente mais perturbador. Bill e Nardole saem em busca do
padre, sem a confirmação de que ele está morto, enquanto o Doctor fica para
trás, para testar uma experiência que pode lhe permitir ler o Veritas. Bill e
Nardole encontram, novamente, um portal e uma luz que os levam até o PENTÁGONO.
Então eles estão em uma espécie de sala redonda, com projetores projetando
portais luminosos que levam a lugares como o Pentágono, o Vaticano e a Casa
Branca, parecido com o Departamento de Mistérios de Harry Potter e a Ordem da Fênix (o livro), e eles entram em um
outro Portal que os leva até o CERN… e é o mais perturbador de tudo.
Encontram um cientista bêbado, que está prestes a
se matar junto a todos os demais!
A cena é ANGUSTIANTE, um dos momentos que mais me
deixou sem fôlego no episódio todo. Nardole e Bill estão em uma lanchonete
repleta de explosivos grudados embaixo das mesas, que explodirão em 5 minutos…
Bill quer entender o que está acontecendo, porque estão fazendo isso, e então o
cientista percebe que eles não sabem.
Que eles não leram o Veritas. “Aquele
não é o mundo” e na hora eu me dei conta: ELES QUEREM SE DESLIGAR DA MATRIX! “Choose a number. Any number, both of you, now. And say it when I tap
this table”. O
“Teste das Sombras” é perturbador… e empolgante! 36. 17. 9. 48. 103. 1.000.000. 7.000.000.007. 67. 905. 20.460. 12. 4.
E todo mundo, não apenas Bill e Nardole, falam em coro os números. OS MESMOS
NÚMEROS. Sempre. Todos. 87. 102.
Assustada e sem entender, Bill foge com Nardole enquanto os cientistas começam
a contagem regressiva para a explosão.
E estão de volta ao Departamento de Mistérios.
Enquanto isso, o Doctor volta a enxergar pagando
um preço por isso – pegando emprestado de seu futuro… segundo ele, talvez nenhuma de suas regenerações futuras
volte a enxergar; talvez ele nunca mais se regenere; talvez ele morra em 20
minutos… mas ele poderá ler o Veritas. Com o notebook aberto e a visão
falhando, o Doctor é perseguido pelos “cardeais” zumbíticos que são
amedrontadores, e temos uma cena angustiante na qual o Doctor, com a visão já
falhando e sem conseguir ler mais do que “O Teste das Sombras”, corre por
corredores escuros, com a luz falhando, perseguido por todos os lados por
monstros assustadores que querem detê-lo a todo o custo… o resultado era que eu
estava respirando com dificuldade enquanto assistia ao episódio, enquanto o
Doctor corria, enquanto Bill e Nardole se davam conta do que estava
acontecendo…
“They're
projecting everything. Those worlds, they're all projected! The Pentagon, the
Vatican, CERN. […] They're holograms! They're holographic simulations and the
people in them, too! […] You know, like the Holodeck on Star Trek or a really
posh VR without a headset. Through there, those places, that's, basically,
Grand Theft Auto!”
Tudo
é uma mentira, uma PROJEÇÃO. Os projetores não estão ali apenas pelos
portais… mas por cada mundo e pessoa através deles! E Nardole se pergunta o que
aconteceria se ele caminhasse para FORA da luz dos projetores, e então ele se
desintegra, como parte da Matrix: “I’m
part of it. I’m part of the simulation! Bill!” Profundamente genial, embora
não necessariamente original, o roteiro se mostra capaz de ousadia e suspense
na medida certa, nos atormentando inteligentemente. Fiquei consternado. Bill,
sozinha, não tem coragem de testar sua veracidade… e entra por um novo Portal
que a leva até a Casa Branca, onde o Presidente está morto, onde o Doctor está
sentado em frente a um computador onde pôde escutar o Veritas. O Doctor, agora,
SABE da verdade, e Bill quer conhecê-la… “I need to know what’s real and what
isn’t real”.
Ainda que a verdade possa atormentar.
“The
Veritas tells... of an evil demon who wants to conquer the world. But to do it,
he needs to learn about it first. So, he creates a shadow world... a world for
him to practice conquering... full of shadow people who think they're real. […]
If you're in doubt whether you're real or not, the Veritas invites you to write
down as many numbers as you like, of any size, in any order, and then turn the
page”
E esse é o grande Teste das Sombras… as pessoas
que NÃO SÃO REAIS, que dizem exatamente os mesmos números na exata mesma ordem.
Como todo mundo naquela lanchonete, inclusive Bill e Nardole. É desconcertante
para Bill, e entendemos bem o seu sofrimento, deparar-se com a realidade de NÃO
SER REAL. Porque cada uma das “sombras” desse mundo projetado, copiado,
acredita que é real, mesmo que não seja… e eu acho que o roteiro do episódio
traduz bem esse incômodo causado pelo tema e essa imensa curiosidade. Acho que
qualquer um na posição de encontrar o Veritas teria vontade de lê-lo… e uma vez
tê-lo lido, poderíamos tentar não acreditar no que ele diz, mas acho que TODO
MUNDO diria os números. Por que não? E então perceber que o Veritas sabia
exatamente os números que você diria…
Wow.
“The
numbers… I said them too”
“I know. So
did I”
O Doctor provê uma das MELHORES explicações para o
que está acontecendo:
“It's like,
um... Super Mario figuring out what's going on. Deleting himself from the game,
because he's sick of dying. […] Those pretend people you shoot at in computer
games. Now you know”
Cada uma dessas pessoas que se matou depois de ler
o Veritas não estava, realmente, cometendo suicídio – eles estavam escapando.
ESCAPANDO DA MATRIX! Bem, a “Matrix” não foi citada em nenhum momento, mas eu
tenho certeza que você pensou nela. Bill Potts é desintegrada também pelos
pseudo-cardeais apocalípticos, e eles chegam, finalmente, ao Doctor – ao SHADOW
DOCTOR, que se lembra de Missy, se lembra das coisas em que acredita ou não, do
diário de River Song… e faz o que todo mundo que está em perigo faz: CHAMA O
DOCTOR! Meu coração estava apertado, meus olhos cheios de lágrimas, e perceber
que o episódio estava tão perto do fim me deixou angustiado e profundamente
FELIZ, tudo ao mesmo tempo. Porque nós não teríamos tempo realmente para
explorar mais desses vilões e de seus planos, mas isso queria dizer que eles
estariam de volta para a próxima semana… outro episódio como esse?
Quero.
Então o Doctor liga para Bill:
“Something's
coming, Bill. Something very big, and something possibly very, very bad. And I
have the feeling that we're going to be very busy. Call her tonight”
O episódio é ELETRIZANTE, e perturbador na medida
certa… eu me lembro de como gostei da introdução do Silêncio, lá na sexta
temporada, com o Matt Smith, e ao lado dos Weeping Angels (introduzidos com
David Tennant), eles são meus vilões favoritos. Mas eu sinto que, talvez, Peter
Capaldi esteja ganhando um vilão que vou ADORAR. Além de Missy, é claro… foi extremamente
gratificante ver o fim da sua “execução”, quando descobrimos que ela estava
viva, porque o Doctor mexeu com os circuitos… ele não poderia matá-la, porque ela é sua amiga! Assim, é
finalmente OFICIAL: Missy está dentro daquele cofre, e o Doctor quer a sua
ajuda, porque não tem certeza de como vai conseguir lutar contra o que está por
vir, agora que está cego…
“Something's
coming, Missy, and I'm blind. How can I save them when I'm lost to the
dark?”
Wow.
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