O Mistério do Cinco Estrelas (Marcos Rey)
“Vai
telefonar para Hans, seu Barão?”
Um dos melhores livros da minha infância, e
provavelmente o meu favorito em toda a Coleção Vaga-Lume, pelo menos dentre os
que eu li muitos anos atrás… O Mistério
do Cinco Estrelas, livro de Marcos Rey (mesmo autor de Sozinha no Mundo!), foi publicado em 1981 e eu li, provavelmente,
como o meu primeiro excelente romance policial. Tudo bem que minha mãe me
trouxe O Signo dos Quatro quando eu
tinha uns 8 ou 9 anos de idade, mas acho que eu não tinha a maturidade
suficiente para entender Sir Conan Doyle naquela época, embora agora eu
eternamente a agradeça por ter me colocado em contato com esse tipo de
literatura desde tão cedo. Mas O Mistério
do Cinco Estrelas é um livro acessível e de leitura prazerosa e rápida – eu
realmente não consegui largar o livro enquanto não o terminava. Sentei-me,
recentemente, com ele nas mãos, do lado de fora, em uma manhã… e o resultado?
Levantei-me só quando eu tinha chegado ao fim.
Sem fôlego, e novamente completamente apaixonado.
Foi muito rápido, em páginas, pra me lembrar do
motivo de AMÁ-LO tanto!
Marcos Rey conduz uma narrativa perspicaz que o
leva a roer as unhas e a virar as páginas compulsivamente… O Mistério do Cinco Estrelas é a história de Leonardo Fantini, o
Leo, que é um bellboy em um luxuoso
hotel cinco estrelas, o Emperor Park Hotel. Certo dia, ao visitar o 222, quarto
do residente Barão, ele vê um misterioso homem "com cara de índio" através do
espelho do guarda-roupa – sem ter sido notado, ele retorna depois com os
jornais encomendados pelo Barão, e vê pés escondidos embaixo da cama, e uma
mancha de sangue no robe do velho. E então ele acaba envolvido em uma
perigosa investigação que o coloca como fugitivo tanto de uma quadrilha
traficante de drogas quanto da polícia, que o acusa de furtos e não acredita em
uma só palavra que ele diz. Também pudera, o garoto não tem praticamente
nenhuma prova contundente que possa ser usada pela polícia em investigações
mais profundas.
E o Barão é um santo.
Cof, cof.
Gosto demais da narrativa do livro, porque como eu
disse, ela realmente te prende. Não é realmente um grande mistério, porque você
sabe que Oto, o Barão, matou Ramon, o boliviano indígena que Leo viu
no 222, mas independente do mistério, é um suspense excelente. Você fica
angustiado e um cúmplice de Leo na investigação enquanto ele tenta provar o que
está dizendo, além de provar que não é ladrão e que merece seu emprego de volta
no Emperor Park Hotel. Ele volta a ver o corpo escondido em um carrinho de
roupas na lavanderia, mas sofre uma pancada na cabeça e o corpo desaparece
novamente, reaparecendo em seguida flutuando no Rio Tietê, sem ter morrido
afogado, mas sim por um tiro. É interessantíssima a maneira como Marcos Rey constrói
sua história, conseguindo aliados inteligentes para Leo, enquanto ele enfrenta
a empreitada de provar que está dizendo a verdade, embora ninguém na polícia
acredite nele, e que o Barão realmente matou um homem no Hotel.
Os eventos se sucedem de maneira brilhante,
enquanto Leo vai lentamente descobrindo informações que podem lhe ajudar a
provar o que diz – ele descobre a identidade do assassinado, consegue o nome do
comparsa do Barão entre os funcionários do Hotel, descobre também a localização
e o nome dos outros membros da quadrilha internacional de tráfico de drogas,
escondendo-se e escondendo as drogas num casebre em uma represa. E Leo vai
montando o quebra-cabeças, juntando as informações e as entregando
imprudentemente à polícia, agindo sozinho e dando tempo para que a quadrilha se
organize depois de cada tentativa de derrubá-los, em uma elaborada partida de
xadrez com a ajuda de Gino, o seu primo inteligentíssimo sem o qual ele não
teria resolvido metade das coisas. Por vezes, Leo parece descuidado demais, ousado
e confiante demais… mas isso o coloca no rastro certo quando ele é perseguido
na eletrizante cena do iate na represa.
E foge lindamente, refugiando-se com Ângela,
depois de toda a apreensão nossa!
A fuga da casa da Ângela também foi excelente,
vestido de mulher com a raquete de tênis!
O livro é finalizado muito bem, e você se dá conta
de que ele já está chegando ao fim e que você queria continuar… é uma leitura
impressionante e instigante, você quer ser parte da equipe de Leo, formada por
sua família, Gino e Guima, principalmente, e colaborar nas informações, nas
investigações, nos importantes xeques
que ele vai conduzindo… o final é MARAVILHOSO, e eu adorei a astúcia das
últimas cenas e a audácia do Leo com suas últimas ações, conseguindo prender
Hans e depois Gino levantando perguntas incriminadoras durante mais um
teatrinho de santo e filantrópico do Barão. O grande toque final de absoluto
atrevimento do Leo está quando ele usa o mesmo isqueiro usado para lhe
incriminar e acende, dissimuladamente, o cigarro para o Barão, agindo como se
fosse um pobre bellboy inocente.
Sério, esse é um dos melhores livros da Coleção Vaga-lume e eu o recomendo a
todos. Foi uma leitura prazerosa em minha infância, continua sendo uma leitura
prazerosa agora, e certamente sempre o será…
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