The Leftovers 3x04 – G’Day Melbourne
“My kids are not dead. They are gone”
“Then you should go be with them”
Mais um episódio que expressa a grandiosidade
dessa série tão bem construída! Com uma trama complexa e, acima de tudo,
intimista, a série nos atrai para dentro dela de forma peculiar, fazendo com
que vivamos e sintamos com os personagens, COMO os personagens. E são em
pequenos e inteligentes detalhes que a narrativa se constrói de forma completa,
ligando a cena do cara que se matou no deserto no episódio passado, na frente
de Kevin Garvey Sir, à grande empreitada de Nora Durst rumo à Austrália. E a
discussão a respeito dos bebês é GENIAL. Constrói-se conectando o episódio
passado ao início desse, com a mulher que deixa o bebê nos braços de Nora quando
ela está prestes a pegar o ônibus, e a fatídica resposta que não parece
exatamente o que Nora realmente acredita… tudo o que ela queria era “passar no
teste”.
Seu desespero é palpável.
Assim, o episódio se divide em duas frentes. De um
lado, temos Kevin Garvey, em mais um surto psicótico daqueles que tivemos aos
montes na segunda temporada e que adoramos. Ele leu trechos do livro que o Matt
escreveu, relembrando cenas perturbadoras, e lutou contra uma televisão que se
recusava a ser desligada, por dois motivos que ficam evidentes em seguida: a) a
notícia sobre os Kevins desaparecidos, inclusive Kevin Garvey; e b) Evie
Murphy. É desconcertante ver “Evie Murphy” andando por Melbourne, e é
angustiante ver como isso mexe com Kevin e como ele perde o controle, crente de
que isso tudo tinha chegado ao fim quando empurrou Patti para dentro do poço (“What do you want? Did Patti send you?”).
Mais perturbador ainda, para Kevin, é notar que outras pessoas PODEM VER
“Evie”, que diz que seu nome é Daniah Moabizzi.
“I just saw Evie. Evie. Evangeline
Murphy”
O surto de Kevin Garvey é brilhantemente
retratado. Ele liga para Laurie, conta o que viu, fala o nome que a menina está
usando, manda-lhe a foto, e quando Kevin vai atrás dela na biblioteca pública,
a menina confessa: " I am Evie
Murphy. I have started a new life”. Mas ela não abandona o seu sotaque, e
então fala que “ela” disse que se ela dissesse que era quem ele pensava que ela
era, ele iria embora. O telefonema de Kevin e Laurie não poderia ter sido mais
CHOCANTE. “This isn’t real. That girl is not Evie. Look
at the photo again”.
Não era Evie e nunca foi. Kevin a estava projetando em estranhas na rua
porque entende o que ela fez, de abandoner a família e FUGIR, como ele está
fazendo ao ir para a Austrália tão perto dos 7 anos do Arrebatamento! Foi
emotivo, forte, sentimental, e o diálogo de Kevin e Laurie foi um dos MELHORES
na história de The Leftovers.
Nora Durst, por sua vez, embarca definitivamente
na sua missão para “desmascarar” a fraude de quem está “mandando as pessoas
para onde os outros foram”, quando no fundo só quer acreditar que isso PODE SER
VERDADE. A cena do bebê (que ela corre para devolver para a mulher na
entrevista de emprego e de volta para fora, para pegar o ônibus) me deixou
nervoso, e me fez lembrar naquele guichê de aeroporto que se recusou a deixá-la
responder “não”. Mas ela consegue chegar no local onde avançará em direção à
máquina que pode levá-la para junto de seus filhos, supostamente. Conhecemos a
Dra. Eden e a Dra. Bekker, e Bernard faz alguns exames nela, citando novamente
“gravidez”, que ela garante que não é seu caso, e a submete a uns testes
terríveis como ficar deitada em uma caixa fechada pelo máximo que conseguir.
O que ela consegue MUITO BEM, por sinal.
Mas as coisas desandam no momento da pergunta dos
gêmeos. Nora é posta frente à seguinte pergunta: “Two infant twins are born. One of them will grow up to cure
cancer, but only if the other one dies now. You don't have to kill the baby
yourself, but you do have to nod to make it happen. Do you nod?”
Nora exige detalhes: o bebê sofreria, ou seria rápido e indolor? Os bebês são
seus? E então ela responde que SIM, ela acenaria, e o bebê morreria. Embora, se
pararmos para pensar, NORA DURST NÃO FARIA ISSO REALMENTE. Ela perdeu os filhos,
ela pegou Lily e agora sofre por ela, ela não deixou a mulher com o bebê na mão
no ponto de ônibus, nem abandonou o bebê pelo ônibus, foi atrás da mãe antes…
mas ela disse que “mataria o bebê”, talvez porque achasse que essa era a
resposta esperada. E então tudo desandou.
Tudo chegou ao fim.
“Go home,
Miss Durst. This isn’t for you”
Wow. Nora Durst perdeu a oportunidade que teve ao
vir até a Austrália, respondendo à pergunta de forma errada. E agora ela quer
derrubar os “farsantes” de uma vez por todas. O final do episódio é
SURPREENDENTE, com uma “conversa” pesada de Kevin e Nora sobre como eles não conversam, que termina em uma briga
esquentada na qual verdades dolorosas e cruéis são ditas, por fim com Kevin
mandando que Nora vá “ficar com os seus filhos”. O final do episódio é um pouco
confuso, repleto de elementos a serem explorados. Kevin vai embora e deixa Nora
sozinha, chorando no quarto, enquanto é encontrado pelo pai e por Grace, que o
levam consigo… e tem alguma EXPLOSÃO que ainda não vimos acontecer, mas que
parece importante. O lado de fora do hotel está um caos, nenhum táxi
disponível, voos cancelados… O QUE ACONTECEU?
O nível da qualidade de narrativa de The Leftovers é mesmo ASTRONÔMICO!
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