The Leftovers 3x05 – It’s a Matt, Matt, Matt, Matt World
“You
haven’t done anything for me. You did it for yourself”
Escrever sobre os episódios de The Leftovers se tornou uma das tarefas
mais DIFÍCEIS que eu tenho ao longo da semana… os episódios intensos e
carregados de simbolismo e emoção são sempre muito marcantes, e sempre
excelentes – faltando apenas três episódios, já sentimos falta de The Leftovers e de seu primor de roteiro
e de suas atuações brilhantes. Mas há TANTO o que se explorar, e tanto a
entender que sinto que não estou entendendo. Eu acompanho e absorvo a série,
mas há alegorias que eu gostaria de expressar melhor. Me dei conta, apenas
quando os quatro personagens se juntaram em uma balsa nesse episódio, que Matt,
John e Michael são os “três evangelistas de Kevin”, e Laurie, possivelmente,
seja a última. VIDE ESSES NOMES! A série é toda pensada em detalhes como esse,
como o nome dado ao suposto “Deus” do episódio (DAVID!), e a própria
representação do leão.
Tudo é muito envolto em simbologia!
Assim, temos outro EXCELENTE episódio de The Leftovers que, como o título não
deixa dúvidas, se baseia em Matt. Com a aproximação do aniversário do 14 de
Outubro, e com Kevin Garvey na Austrália, ele quer buscá-lo a todo custo,
porque acredita que ele precisa estar em Miracle na data. Tudo nesse episódio
GRITOU qualidade. A própria abertura, que foi peculiar, e a primeira sequência,
com aquele nude na marinha enquanto
um homem fazia de tudo para apertar um botão que ninguém mais queria que fosse
apertado – assim, as histórias se conectam e, mais, se completam, mas acho que
ainda voltaremos a isso. Temos a impossibilidade de Matt de pegar um voo normal
à Austrália, já que eles foram cancelados devido à dita explosão que fechou o
episódio passado, e que agora, como vemos na TV, partiu de um míssil, solto
pelo marinheiro do início do episódio.
Mas sinto que a série ainda vai tratar mais a
respeito disso!
O episódio foca na CRENÇA de Matt. Ele é um
personagem brilhantemente interpretado por Christopher Eccleston, e que tem uma
crença inabalável, isso o caracteriza. Ele acredita que tudo é um teste de
Deus. Como Mary deixar Miracle, para ver se ele faria o mesmo – e ele acredita
que Kevin estar em Melbourne é um teste para que ele prove sua fé, e vá até lá
e o traga de volta. A maneira como ele acredita piamente nessas coisas é quase
enervante, mas é como The Leftovers
fala desde a primeira temporada, na NECESSIDADE que a humanidade tem de
ACREDITAR. Seja no que for, mas todo sprecisam se apegar a alguma coisa para
que a vida seja suportável. Quando o avião é obrigado a parar na Tasmânia, ao
invés de Melbourne, ele surta, mas acha que ainda vai conseguir cumprir a sua missão,
embarcando em uma balsa.
E QUE BALSA LOUCA.
A balsa, cuja viagem de 11 horas os leva a
Melbourne, foi alugada por um grupo que idolatra (é essa a palavra?) Frasier,
um leão com uma história interessante, que aos 91 anos de idade teve filhos com
um zoológico inteiro de leoas que não queriam copular com os leões do lugar.
Matt está disposto a fazer de tudo para entrar naquela balsa e ir a Melbourne,
ainda que seja avisado sobre a quantidade de SEXO que haverá naquela noite,
depravado e pecaminoso, sem julgamentos… é uma verdadeira loucura. Todos estão
obcecados por sexo, e é uma construção louca de orgias e depravação. E enquanto
Matt ainda acredita que conseguirá levar Kevin de volta, a história dá uma
guinada com o retorno da doença de Matt no sangue do nariz, e um cara que lhe
pergunta se “Deus lhe deu um soco na cara” – o homem de boné vermelho e barba.
“Sir. Sorry to bother you, but are
you telling people you are God?”
Matt não fica nada feliz com um cara que se
intitula Deus dentro da balsa, e menos ainda quando o vê jogar um homem ao mar
– e como ninguém viu e ninguém se importa além de Matt, ele se torna MAIS
obcecado para resolver isso tudo SOZINHO. A história do suposto “Deus” é
explicado pelo capitão: David Burton, medalhista australiano, caiu de 100
metros, quebrou o pescoço e morreu. Seu corpo foi colocado em uma caverna. No
entanto, quando voltaram para vê-lo, ele estava sentado do lado de fora, sem
nenhum arranhão, dizendo que estava bem, e que era Deus. E no meio de toda uma
loucura que conta com o pessoal da orgia querendo “colher as sementes de Matt”,
em uma cena um tanto perturbadora, Matt se desvencilha e faz de tudo para
chegar até David Burton e conversar com ele. E foi uma conversa f*da!
Que culminou em um:
“Everything
you’ve done, you’ve done because you thought I was watching. Because you
thought I was judging. But I wasn’t. I’m not. You haven’t done anything for me.
You did it for yourself”
WOW.
Aquilo me arrepiou. Foi tão VERDADEIRO. E quantas
pessoas como Matt não vemos por aí? Ele não queria acreditar em David, aquela
teoria de Jesus ter um irmão gêmeo, quem viram do lado de fora do túmulo, foi
perturbadoramente blasfêmica, mas a propriedade com que David dizia tudo o que
dizia, e como Matt acreditou naquilo que ele disse, sobre ele estar fazendo
tudo por ele mesmo e não por Deus. Seja David quem for, Deus ou não, o que ele
disse é VERDADE e Matt sabe disso. Roteiro brilhante, sempre! Matt está
diferente ao fim do episódio. Mais calmo e desligado. Não está mais pensando em
Kevin ou em levá-lo de volta a Miracle. “Actually,
Laurie, I’m dying”. E o episódio termina com o Leão descendente de Frasier
matando David Burton, o suposto “Deus” que usava a balsa de vez em quando… eu
juro que tem um significado ali.
Mas que eu não captei.
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