Um Tio Quase Perfeito (2017)


“É coisa que morre? Se não é coisa que morre, então pode!”
Divertido e bonitinho, eu ri muito no cinema e ainda consegui chorar quando o João fez aquele discurso todo durante “Sonho de um Vampiro de Verão”. A verdade é que eu sou um bobo que adora filmes previsíveis (quem disse que eles não são bons?) e que se emociona com esse tipo de cena (como me emocionei no rap da Julia em “É Fada!”). Uma coisa que eu tenho a dizer sobre o filme é que o trailer está BOM DEMAIS, o que quer dizer que todos os momentos mais divertidos de “Um Tio Quase Perfeito” já tinham sido entregues no trailer, e por isso não temos grandes surpresas no quesito “piadas”. O que não tínhamos visto se desenvolver, e vimos no filme, foi a própria relação de Tony (interpretado por Marcus Majella) com os seus sobrinhos, e como todos se tornaram extremamente importantes uns para os outros.
No começo do filme, o clima era meio tenso. Tio Tony e Vó Cecília apareceram na casa de Angela, despejados, para “passar uma noite”, e conseguiram que Socorro, a empregada, não aparecesse no dia seguinte de manhã, justamente quando Angela ia viajar por uns 15 dias… assim, Tio Tony se responsabilizou por ficar cuidando das crianças. É aqui que temos algumas cenas DIVERTIDAS do trailer, como “O tio tá cagando, arruma você”, para a bolsa do João, e o memorável “É coisa que morre?”, um ensinamento que levaremos para toda a vida… e que tem toda uma participação imensa e deliciosa no filme. A mesma frase (“É coisa que morre?”) conseguiu ser tanto engraçada quanto muito bonitinha, dependendo do momento em que era dita… mas o Tio Tony estava deixando a desejar, e as brigas dele com a Patricia eram sérias.
Até que foram sérias demais.
E quando foram sérias demais, ele resolveu mudar, e seguir uma lista de regras que a própria Patricia, a mais velha das irmãs, preparou. Dali em diante as coisas são FOFÍSSIMAS. Eu gostei MUITO de como as coisas foram se transformando, quando o Tio Tony apareceu para defender “Sonho de uma Noite de Verão” (transformando-a em “Sonho de um Vampiro de Verão”) e então se tornou o diretor do espetáculo, aproximando-se tanto de Patricia quanto de João, que ganhou o papel de protagonista depois que Tony descobriu que, como jogador de futebol, João era um ótimo ator. Com a pequenina Valentina, uma fofa dona do Luís Otávio, alguns dos melhores momentos foram com ela pedindo “uma história diferente” e ele contando a “história do BOPE”. Simplesmente sensacional! Então as cenas foram ficando mais e mais fofas.
E lindas.
Tão lindas que chegaram em decisivas e belas declarações de amor das crianças ao tio. O primeiro deles foi João, que fez uma redação LINDÍSSIMA para a escola, com o tema “família”, falando sobre o tio, uma criança que não cresceu, enquanto víamos divertidas e gostosas cenas dele com a família… depois foi a Valentina, antes da segunda parte da “historinha do BOPE”, quando ela fez um desenho de toda a sua família, também para a escola, e o Tio Tony estava lá. Por fim, tivemos Patricia oferecendo o seu próprio dinheiro, economizado de mesadas que ganha do pai ausente, para que o Tio Tony pudesse resolver um problema com caras que vinham perseguindo ele em busca de dinheiro… foi uma atitude tão linda dela. Mas ele percebeu o quanto podia fazer mal àquelas crianças, e naquele momento decidiu se afastar.
E nos partiu o coração.
POR DUAS SEMANAS!
Você sabia, como eu sabia, o que esperar da conclusão do filme. Que o Tio Tony aparecesse para a apresentação das crianças, de “Sonho de um Vampiro de Verão”, peça que ele ajudou a trazer à vida. E ele apareceu, não sem antes obrigar o pai das crianças, político de Brasília, a ir também! Foi angustiante quando João travou, no meio do palco, porque o pai não estava nem aí para ele. Mas o Tio Tony ajudou entrando fantasiado de muro, dando força, e João fez aquele discurso lindo e cantou um rap, junto com todo mundo… E EU CHOREI. Chorei com o momento, com o amor e a importância do momento. Chorei com os olhos de Tony, que estavam brilhando, visivelmente orgulhoso de seus sobrinhos, e emocionado… chorei porque eu queria ver o rap inteiro, na verdade, então eu teria chorado muito mais. Mas o amor de Tony por aquelas crianças…
…e daquelas crianças pelo “Tio Tony”.
Afinal de contas, é como a Angela disse, por fim. ELES SENTEM A SUA FALTA. Ele fez toda a diferença. Patrícia não para de falar sobre como ele é “o melhor diretor que ela já teve”. João não para de jogar a bola dentro de casa, “só para provocá-la”. E Valentina não para de importuná-la para “terminar a historinha do BOPE”. Eles precisam dele. E ela também. É um momento fofo entre irmãos que coloca o “Tio Tony” definitivamente na família, para mais momentos maravilhosos como aqueles poucos que presenciamos… o filme termina com um almoço em família, com todo mundo reunido, as crianças super felizes, e a Valentina perguntando se colocar o Luís Otávio no forno “é coisa que morre”. E então o João grita lá de dentro: “Já coloquei!” EU RI TANTO! Acho que foi um jeito genial de terminar esse divertido filme.
Eu me diverti, eu gostei, eu me emocionei. Recomendo!


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