Carinha de Anjo (2017) – A morte de Nicole

Sério, que sequência repleta de DECEPÇÃO!

Eu acho que em algum momento “Carinha de Anjo” se perdeu, e muito me entristece. Era uma novela tão bonita e que me fazia tão bem na sua estreia, mas ganhou um roteiro enrolado e sem novidades durante a maior parte dos capítulos, culminando agora em uma “fase final” (ainda se diz “fase final” quando faltam MESES de novela? Quer dizer, daria para desenvolver toda a trama ágil e incrível de “Maria do Bairro” só no período que nos resta de novela!) em que eles abarrotam de informações. O retorno de Nicole, e depois ainda teremos a entrada de Cassandra e o pai da Teresa… sinceramente, me angustia pensar em como escreverão essas fases. A verdade é que eu sinto que estou vindo comentar muito pouco sobre “Carinha de Anjo”, por falta de vontade mesmo, e na maioria das vezes estou vindo repleto de críticas… um roteiro mal escrito e atuações péssimas.

Onde estava a Irmã Fabiana nisso tudo? Karin Hils sim arrasa. SEMPRE!

Confesso que, há algum tempo, quando o retorno de Nicole se anunciou, eu fiquei animado. Achei que o retorno da Nicobra, ou do Dragão, movimentaria a trama de uma maneira legal… no fim, acontece que foi só um retorno DESPERDIÇADO em um roteiro fraquíssimo que não nos levou a nada. Além de tirar o Flávio do Rey Café, Nicole não fez praticamente mais nada, e foi decepcionante. Eu esperava mais, eu esperava maldade, eu esperava a boa interpretação de Dani Gondim, uma das poucas na novela. A personagem de Nicole foi pessimamente aproveitada, e terminou em um sequestro fajuto e sem sucesso, e um acidente de avião vergonhoso… eu sei que o SBT não tem recursos para acidentes, e eles são mesmo muito caros de se filmar, mas foi terrível assistir ao capítulo. Tudo abrupto e feito de qualquer jeito, e assim Nicole desaparece.

Pelo menos ela morreu achando que levou consigo a Dulce Maria.

Aqui, vou dizer: o roteiro não colaborou. Foi mal escrito e mal adaptado. A versão brasileira de “Carinha de Anjo” une dois momentos marcantes e fortes de “Carita de Ángel”, e transforma em um fraco evento de um capítulo. Em um deles, na versão mexicana, Dulce era sequestrada com a Irmã Fabiana, e o casebre pegava fogo, e todo mundo achava mesmo que Dulce Maria tinha morrido no incêndio. O segundo, que acontece só no último capítulo da novela, é um eletrizante momento de Dulce sequestrada por Cassandra e seu namorado, e a cena do helicóptero tem momentos FOFÍSSIMOS de boa atuação de Daniela Aedo (“¡Santa Cachucha!”), e uma morte muito mais impactante (embora não gráfica, por ser uma novela infantil) de um personagem. Triste despedir-nos de alguém como a Nicole em uma cena desperdiçada assim.

Mas vamos falar de atuações… PÉSSIMO. Infelizmente, PÉSSIMO. Não me comovi com a família acreditando na morte de Dulce Maria. Só me incomodei mesmo. Nós temos algumas belíssimas atuações em “Carinha de Anjo”, como a já mencionada Karin Hils, mas aqueles que precisavam garantir a emoção da cena eram fraquíssimos. Lembro-me da força da interpretação de Miguel de León, como Luciano, à porta daquele casebre em chamas, e de como aquilo me atingiu em cheio. O choro de Carlo Porto é frustrante. Realmente ruim. Bia Arantes, embora eu até goste dela, não sabe atuar triste. Sua voz de choro não me convence, tudo é muito falso e forçado. E Lorena Queiroz não tem a profundidade interpretativa que Daniela Aedo tinha. Portanto, o trio que deveria fazer a cena ser impactante não consegue passar toda a emoção do momento.

Novamente, no entanto, eu reforço: o roteiro não colabora. Não estou falando de uma longa pausa como aconteceu no México, mas a versão brasileira pecou no suspense. Tudo foi abrupto e jogado na novela de qualquer jeito e, como eu disse, acabou em um capítulo. Na versão original, a novela entra em recesso natalino para a mini-novela de 20 capítulos “Rayito de Luz”, com o suspense da possível morte de Dulce Maria. Nós SABÍAMOS que a Dulce não podia ter morrido, mas é bom intensificar o suspense. Não precisávamos disso, mas acho que precisávamos de pelo menos uma pausa de um dia. Era o momento ideal para terminar um capítulo e deixar a tensão no ar até o dia seguinte… ou quem sabe como acabar uma sexta-feira, para deixar o fim de semana em suspenso. Mas não. O fim do sequestro, a “explosão” do avião e o retorno de Dulce.

Tudo em menos de 40 minutos.

Ridículo. Nenhum planejamento de roteiro!

Pelo menos tivemos algumas interpretações marcantes. Se Lorena Queiroz, Bia Arantes e Carlo Porto falharam em entregar um bom momento (ah, e Priscila Sol também!), eu me emocionei, como sempre, com Blota Filho, como Silvestre, e Carol Loback como Franciely. Os dois transmitem muito mais emoção do que os familiares de Dulce. Senti mais falta de Karin Hils como a Irmã Fabiana, porque ela tem uma participação muito diminuta nessa sequência toda, e a emoção dela é transmitida pelo olhar, ela não precisa nem falar nada nem forçar um choro como o Carlo Porto… sério, o que foi aquilo? O Padre Gabriel também esteve de parabéns, e os garotos, que como verdadeiros super-heróis salvaram a vida de Dulce Maria. Ah, e o Flávio e a Haydee também nos presentearam com uma cena curta, que começa divertida e termina comovente!

Agora vamos ver o que nos aguarda nesse final “Frankenstein” que parece nos esperar para “Carinha de Anjo”. Não adianta enrolar por um ano de novela, e então querer colocar tudo de qualquer jeito de uma vez. A personagem de Cassandra precisava ser bem desenvolvida. A relação de Dulce Maria com o avô, mudando a sua forma de pensar e tornando-o uma pessoa melhor precisava ser bem trabalhada para ser convincente… na versão mexicana, ele já estava na novela nessa época, e tem participações angustiantes e revoltantes nessa possível morte da neta. Dulce Maria já está de volta, e a família já está feliz de volta. Assim, abrupto. Eu espero que a novela possa fazer um bom caminho final, para me deixar uma boa impressão, e não essa sensação de que tudo foi mal aproveitado ou mal interpretado. Será que Nicole morreu mesmo, hein?

Acredito que sim. Infelizmente.

Não foi digno dela.

Deixo um link (CLIQUE AQUI PARA LER) de um texto que escrevi em Abril de 2016, sobre o Capítulo 126 de “Carita de Ángel”, dedicado a Libertad Lamarque, e que contém mais ou menos os acontecimentos desse capítulo da “Carinha de Anjo” brasileira, embora o responsável pelo sequestro não fosse a Nicole: aqui vocês notarão a discrepância do que sentimos ao assistir aquele capítulo e esse: lá, o sofrimento real, bem interpretado; a dor e as lágrimas; a saudade de Dulce; a doçura e fofura de falas tão marcantes da garota, em sua vozinha adorável e infantil; e a pequena participação do avô nisso tudo, com o seu coração cruel e perturbado. A emoção e a alegria, naquele capítulo, foram outras… acho que aquele capítulo ficará guardado em meu coração para sempre, diferente desse, que foi apenas “mais um capítulo” da novela, e não nos marca em nada.

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