Dark 1x02 – Lügen (Mentiras)
“Onde QUANDO está Mikkel?”
Cada vez MAIS
APAIXONADO. “Dark” é justamente o
tipo de série que eu adoro. Além de ter toda uma trama de viagem no tempo, e a
princípio parece que ela está sendo bem trabalhada, também tem todo um lance de
mistério e de suspense que muito me agrada. Também gosto do tom, que segue escuro
(!) e melancólico, e gosto de como as perguntas seguem sendo levantadas… sobre
o paradeiro de Mikkel, não temos grandes surpresas: a premissa da série já
deixara claro que a pergunta não é “onde”, mas “quando”. Mikkel está em 1986.
Esse não é e nunca foi o grande mistério
de “Dark”. O mistério de “Dark” é entender por quê isso está
acontecendo e, mais do que isso: quem
essas pessoas podem ser no presente. Estou convicto de que aquele cara
misterioso que chegou ao hotel poderia ser o Mikkel, por exemplo, e esse tipo
de teoria só deixa a experiência mais recompensadora.
O episódio
começa muito parecido com o episódio anterior, com os pesadelos de Jonas. E,
sinceramente, cada vez que ele acorda ofegante e suado, meu coração dispara. Dessa vez, estamos a 9 horas do
desaparecimento de Mikkel, e o sonho de Jonas tem a ver com um líquido preto
escorrendo por seu rosto, um homem chamando o seu nome, e uma pegada meio “Inception” de “sonho dentro de sonho”.
Ines Kahnwald ainda nos instiga com aquela carta cujo conteúdo não conhecemos,
mas é interessante como ela fala sobre a repetição
dos acontecimentos. Primeiro Mads, agora Mikkel, e isso vai compondo toda a
trama de forma calma e compreensível. E
instigante. Em 1986 o irmão de Ulrich desapareceu, e agora, em 2019, o seu
filho. E, por isso, Ulrich está determinado
a buscar, e entender qual a relação da usina nuclear nisso tudo.
Enquanto
isso, temos o caso do garoto encontrado morto no fim do episódio passado. Entre
10 e 12 anos, o menino morreu há cerca de 16 horas, não se sabe como. Seu corpo
não apresenta nenhum sinal de violência sexual, seus olhos estão queimados, os
tímpanos estourados. O mais intrigante de tudo, talvez, é o fato de que os
otólitos do garoto, que são cristais nos canais auditivos que ajudam a diferenciar
em cima e embaixo (Upside Down?), estão completamente fora do lugar correto.
Também temos o mistério da terra vermelha encontrada em sua roupa, mas não nos
arredores de onde o corpo foi encontrado, e aquele negócio de “O vestiram como se fosse dos anos 1980”,
com walkman e tudo. No pescoço, ele
carregava um cordão vermelho e uma moeda de 1986. A música gravada dizia que “caímos no fluxo do tempo”. São três
casos: a vítima misteriosa, Erik e Mikkel…
Conectados?
Certamente.
Como eu
disse, eu gosto muito do tom e das cores do episódio, fora a trilha sonora, que arrepia. A sequência da família
“lidando” com o desaparecimento de Mikkel embaixo de chuva foi bem intensa, e
brilhantemente construída. Katharina parada na frente de casa. Magnus andando
pela rua. Ulrich no carro. Que sequência
bem construída. E destaque para o momento em que Magnus soca a parede do
quarto até as suas mãos sangrarem… enquanto isso, vemos a misteriosa figura que
chega no hotel vazio. Em sua parede, toda a construção do caso de desaparecimento
para ser investigado, com matérias de jornal, informações feitas por ele mesmo,
linhas e marcadores. Na mesa, um livro chamado “Uma Jornada Através do Tempo”. Uma máquina misteriosa… por fim,
ele cola uma última matéria de jornal na parede, e corrige a pergunta “Onde está Mikkel?” para “Quando está Mikkel?”
As coisas se
sucedem de forma ágil, mas ainda assim calma. Acredito que o episódio fez um
excelente trabalho em nos localizar dentro da trama. Se no primeiro episódio eu
ainda estava confuso a respeito de quem era quem, por exemplo, aqui eu pude me
familiarizar com cada um, e a experiência se tornou muito mais significativa.
Vemos Jonas começar a investigar as Cavernas de Winden (“Onde está o cruzamento?”), vemos Erik ainda mantido prisioneiro
naquele lugar bizarro, assistindo a um programa científico, e Ulrich investiga
Oberdorf, se dando conta de que ele é só
um pai desesperado como ele. Primeiro Erik, agora Mikkel. O que o episódio
queria nos mostrar, ele o fez ao longo de todo o episódio, com uma série de
elementos, e a chegada final de Mikkel a 1986 foi apenas um detalhe, um extra. Vemos as luzes piscando na
cidade toda, a trilha sonora macabra, um
suspense delicioso.
Uma infinidade de pássaros mortos.
E então
Mikkel sai da caverna, do lado de lá.
Mesma roupa com que o vimos pela última vez, sozinho, correndo até a “sua
casa”, onde encontra tudo diferente. Uma moto, um carro que desconhece, a chave
não funciona… e quem abre a porta é seu pai, Ulrich, mas muito antes de ser seu
pai, 33 anos no passado, em 1986. E aqui, eu preciso dizer: tem gente se perguntando por que Ulrich não
se lembra de “ver um garoto com a mesma cara e o mesmo nome de seu filho no
passado”. Sério gente? Convenhamos que foi
há muito tempo. Ulrich não se lembraria MESMO das feições de um garoto
desconhecido que viu uma vez há 33 anos. Eu não me lembro da minha professora
do primário, há 10 anos, e isso que eu a via todo dia! Como me lembraria de
alguém que vi uma vez há 33 anos? Não faz sentido. Então parem de se perguntar
isso. Por favor.
A última cena
traz um novo jornal, de 1986: “Chernobyl:
meio ano depois”.
Wow.
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