Vale o Piloto? – Dark 1x01 – Geheimnisse (Segredos)


“A diferença entre passado, presente e futuro é somente uma persistente ilusão”
– Albert Einstein

UM PRIMOR DE PILOTO. Eu estava ansioso (e curioso) por “Dark” desde que a série foi anunciada, e percebo que estava totalmente certo em colocar minhas expectativas sobre essa nova produção original da Netflix, alemã dessa vez. O roteiro é brilhantemente instigante, cheio de mistérios e personagens, mas eu também adorei os detalhes técnicos. Além de atuações muito boas, a série tem uma fotografia belíssima. Gostei das escolhas de cores, gostei das ruas molhadas, escuras e melancólicas, refletindo o clima da série de forma competente. A série consegue criar um clima dark, como o título sugere, além de uma tensão e um suspense que me arrepia. Foi apenas uma introdução, apenas uma primeira visão da cidade de Winden, os primeiros desaparecimentos… e me parece que nós temos muito que explorar por aqui ainda! E QUE COMECEM AS TEORIAS!
A introdução da série tem, em questão de um minuto aproximadamente, tudo o que me prende com maestria. Essa citação a Albert Einstein é reforçada pelo narrador que fala sobre como acreditamos que “o tempo é linear”, mas na verdade ele é muito mais do que isso (wibbly wobbly timey wimey stuff?), com passado e futuro formando um círculo infinito, onde tudo se conecta. Eu acho que essa fala inicial e aquele “A pergunta não é como, mas quando” do Mikkel, em um de seus truques de mágica (sentindo-se o próprio Houdini) são fatores importantes para definir a série e seus mistérios… as pessoas tendem a fazer associações. E realmente é difícil não pensarmos em “Stranger Things”, “IT – A Coisa” e “Fringe” quando assistimos a “Dark”, mas eu não quero que isso menospreze a série. “Dark” tem sua própria personalidade e estilo, e parece que sabe muito bem o que está fazendo!
O tom, ainda mais que sombrio nesse primeiro episódio, é melancólico. Começa no suicídio do pai de Jonas Kahnwald (interpretado por Louis Hofmann), em 21 de Junho de 2019. Depois desse suicídio, vemos o próprio Jonas, acordando ofegante no meio da noite, tomando seu remédio, lidando com o trauma de ter perdido o pai de forma tão brutal e incompreensiva. Já é 04 de Novembro de 2019, então, e Jonas está voltando para a escola depois de 2 meses, para descobrir coisas das quais não gosta muito, como o fato de Bartosz, seu melhor amigo, estar namorando Martha, a garota de quem ele possivelmente gosta, e o desaparecimento de Erik Obendorf, há 13 dias. A cidade está em alerta, e nós acompanhamos algumas famílias em paralelo e, com um episódio, ainda é difícil fixar bem quem pertence a que família e qual é toda a trama por trás de cada uma… mas vamos chegar lá.
Parece-me que o TEMPO tem tudo a ver com a temática da série. É evidente quando uma das frases de divulgação dizia que “a pergunta não é como, mas quando”, mas também pela quantidade de dadas que temos no episódio. Além de ele se passar em 2019, ouvimos falar, por exemplo, sobre a Usina de Winden a ser desativada em 2020, ou sobre um desaparecimento similar que aconteceu há 33 anos, em 1986. Além disso, temos Helge num hospício repetindo que “Vai acontecer de novo!”, fugindo do hospital, inclusive, para dizer isso na reunião de pais na escola, e aquela misteriosa carta que só pode ser aberta no dia 04 de Novembro de 2019, às 22:13. Para mim, isso foi o mais intrigante de tudo. Queria já saber o que estava escrito naquela carta, o motivo de ela só poder ser aberta nessa data específica… é tipo a carta do Marty McFly ao Doc Brown?
Se a série teve sucesso, de imediato, em construir uma tensão em volta daquela carta e do relógio, ela também fez uma cena brilhante quando colocou os adolescentes e Mikkel na floresta, no meio da noite, para encontrar as ervas de Erik na misteriosa caverna. Além de cenas incríveis como a sensação de dejá vù de Martha, que Jonas diz que “É uma falha na Matrix” (já estava gostando dele, gostei ainda muito mais depois desse comentário!), temos a tensão da exploração do lugar. Jonas, Martha, Bartosz, Magnus e o irmão mais novo, Mikkel. Franziska logo depois. E a cena é bem sombria e misteriosa. O som que sai da caverna é assustador, e não tem como não amar a sequência… a caverna, as lanternas falhando, os adolescentes correndo, Jonas sendo chamado por uma figura macabra, o consequente desaparecimento de Mikkel, por fim.
Wow.
Quando Mikkel desaparece e uma chuva começa a cair, Helge percebe: “Chegamos tarde demais”. Então mais uma avalanche de sofrimento e melancolia percorre a cidade. Os adolescentes lidam com algum tipo de culpa, e não sei o quão são Jonas estará depois disso, logo quando estava tentando se recuperar da morte do pai. E a busca por Mikkel na floresta é desesperadora, especialmente quando encontram o corpo daquela criança, que não é o Mikkel. Aquilo me deu um nó angustiado na garganta! Agora, também nos intriga essas cenas de Erik Obendorf. Ele não está morto. Ele está preso em algum lugar bizarro, com papel de parede fofinho, e clipes antigos em uma televisão… onde ele está (quando ele está?) ou o que isso significa? Ainda não sei dizer. Mas sei que AMEI esse primeiro episódio, e estou muito curioso por mais!

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