Dark 1x08 – Was man sät, das wird man ernten (Você colhe o que planta)
“Tudo está
conectado!”
Resumindo,
então: O ULRICH É O CULPADO DE TUDO. Mais
ou menos. O episódio começa com uma citação de William Shakespeare que diz
que “O Inferno está vazio e todos os
demônios estão aqui”. É uma forma brilhante para introduzir o episódio e o que
está por vir. Para mim, esse é o MELHOR episódio de “Dark” até aqui: insere uma nova dimensão à trama com o ano de 1953 e se divide entre
esse ano e 1986 para uma série de explicações teóricas que deixam a série muito
mais didática, sem quebrar o dinamismo da narrativa. É perfeitamente genial. O episódio já começa nos
apresentando Helge Doppler enquanto criança, e Egon Tiedemann como um jovem
policial, no dia em que eles encontram os corpos de duas crianças nas obras da
nova Usina Nuclear de Winden… no pescoço, as moedas de 1986, e as etiquetas das
roupas: “Made in China”.
Eles não poderiam estar mais perplexos.
O episódio
teoriza a respeito da Ponte de Einstein-Rosen, esse buraco de minhoca que une
diferentes pontos do contínuo de espaço-tempo, e uma conversa em 1986 do “Estranho”
com H. G. Tannhaus é bem explicativa a respeito de uma série de coisas, como a
apresentação da TRIQUETRA, e a noção de que o nosso pensamento excessivamente
dualístico está equivocado, quando pensamos em pares de “em cima e embaixo”, “preto
ou branco”, “bom ou mal”, sem pensarmos no que existe no meio. Segundo H. G. Tannhaus, “nada está completo sem uma
terceira dimensão”. Desse modo, uma Ponte de Einstein-Rosen conecta três dimensões:
o futuro, o presente e o passado. Enquanto somos apresentados com essa parte
teórica do que vimos acontecer nos últimos episódios, Ulrich faz a mesma
trajetória que Jonas fez recentemente, e acaba em 1953.
As coisas são
diferentes em 1953, e é interessante
conhecer mais uma época. Ali, tudo parece muito mais duro, como podemos ver na
figura da mãe de Helge, que é bem uma general, e na maneira como o pequeno
Helge sofre provocado por garotos mais velhos que até fazem xixi (!) nele. Ulrich
é o primeiro a presenciar isso e aconselhar-lhe a se defender, dizendo que ele
pode “morder” da próxima vez… falando em Ulrich, ainda sem saber quando está, ele encontra Agnes Nielsen
e seu filho Tronte, enquanto o Estranho e H. G. conversam: “Imagine viajar para o passado e conhecer o seu pai. Antes de você
nascer. Será que apenas o encontro já muda algo? Será que é possível mudar
algo?”, o que nos leva a pensar na proposta de viagem no tempo de “Dark”, e é uma proposta complexa que já
está muito bem estruturada, especialmente pelo final do episódio e as ações desprezíveis
de Ulrich.
Não adianta tentar mudar o passado.
H. G. e o
Estranho também conversam sobre a recorrência do número 33, que “está em todo
lugar”. Não tem a ver apenas com a sincronização das rotas da Lua e do Sol, mas
também dos 33 milagres que Jesus fez, ou as 33 litanias dos anjos… ou a idade em que o Anticristo começa a
reinar. Para mim, o episódio ganha uma camada a mais quando, com o livro de
H. G. Tannhaus sobre viagens no tempo em mãos, Ulrich chega até ele em 1953, antes da escrita do livro, e lhe
pergunta “em que ano estão”. É uma série de acontecimentos interessantes, como
quando Ulrich vê Inês Kahnwald, ainda criança, e a sua própria mãe (!) buscarem
uma encomenda na relojoaria de Tannhaus, e as escuta falar sobre dois corpos que foram encontrados nas
obras da usina… desesperado, ele corre até a delegacia para saber se um
daqueles corpos é de seu filho Mikkel.
Afinal, Mads apareceu morto em 2019.
Vamos falar
sobre a proposta de viagem no tempo de “Dark”.
H. G. Tannhaus tem uma fala brilhante sobre LAÇOS TEMPORAIS, e sobre como
costumamos pensar que “o passado influencia o futuro”, mas enquanto um laço
como esse estiver aberto, “o futuro também influencia o passado”. TUDO ESTÁ LIGADO. Portanto, o que
podemos supor é que nada acontece, necessariamente, de forma linear. Não existe
um “antes” e um “depois”. É como ele disse, já
não dá mais para saber quem veio primeiro, se o passado ou se o futuro. Portanto,
o passado influencia o futuro tanto quanto o futuro influencia o passado, e as
tentativas falhas de “alterar o passado” são apenas concretizações de coisas
que já aconteceram. O determinismo
causal. Vide a tentativa última de Ulrich de alterar o futuro, e a percepção de
que ele só o tornou ainda mais concreto.
Ulrich sempre esteve em 1953, sempre foi
assim. Em algum ponto, Ulrich de 2019 encontrava Helge de 1953 e era o
responsável por sua cicatriz pelo resto da vida. Ele não muda o passado, apenas
se torna parte dele, como sempre fora. O futuro influenciando o passado. Porque
ao passo em que H. G. Tannhaus nos fala sobre “laços temporais”, vemos Ulrich e
Helge, a moeda de 1986 e os pássaros mortos. Então, Ulrich diz que “um dia ele
vai matar”, pessoas como o seu irmão e o seu filho, e acha que agora ele pode impedir. “Eu posso mudar o passado.
E o futuro”. Assim, de forma brutal e doentia, Ulrich se volta contra um
garoto ainda inocente, e quando consegue pegá-lo, ele tenta MATÁ-LO,
agredindo-o com uma pedra incessantemente, até que ela esteja empapada de
sangue e Helge esteja desacordado. Ou, como Ulrich acredita, morto.
Mas note que nada mudou. Vimos Helge de 1953 com o rosto
machucado no início do episódio passado. Ele
sobrevive. Tudo o que Ulrich fez foi garantir a sua cicatriz, como já vimos
no passado (futuro?), e possivelmente torná-lo o homem que vai ser suscetível a
se juntar a Noah e, por fim, se tornar o criminoso que Ulrich acredita que ele
é, e que queria impedir que fosse. Ele CAUSOU
isso tudo. “Todas as nossas vidas
estão conectadas. Um destino se liga ao outro. […] Tudo está conectado”. Assim
também a presença do “Estranho” em 1986, vindo do futuro, pedindo que H. G.
conserte uma máquina que ele mesmo criou, uma máquina capaz de recriar a
explosão de energia que a usina nuclear causou, abrindo naturalmente o buraco
de minhoca nas Cavernas de Winden. E ele quer fazê-lo para que possa fechar
essa passagem, isolar os tempos.
As duas
máquinas em 1986.
O casaco e o
celular em 1953.
Isso está ficando cada vez melhor!
Eu queria saber onde encontrar uma jaqueta idêntica ao do Jonas... Parabéns pelo blog.
ResponderExcluirOlha, se você descobrir me avisa, que eu também quero! haha
ExcluirObrigado :D
Quero dizer que estou maratonando de novo Dark como um esquenta para a terceira temporada e está sendo uma delícia rever e depois ler a resenha que você escreve sobre o episódio. Essa série só melhora toda vez que é revista. Parabéns pelas reviews e pelo blog, já sou fã.
ResponderExcluirMuito obrigado pelo seu comentário, Ed! Me deixa muito feliz saber que tem alguém lendo e gostando, obrigado! Volte sempre :)
ExcluirOi estou aqui na quarentena em 29 de junho de 2020. Vendo os episódios e lendo sua crítica. Está sensacional. Amanda a série. Estou na primeira temporada. Beijos.
ExcluirMuito obrigado!!! Que você continue gostando da série (segunda temporada é excelente!) e acompanhando os textos 😃
ExcluirJá é um ritual ler as resenhas aqui e acessar esse site https://darknetflix.io/pt/family-tree a cada episodio. Obrigado.
ResponderExcluirMuito, muito obrigado! Que bom que está gostando dos textos! Volta comentar mais... especialmente quando acabar haha :)
ExcluirAmando a série 😍!
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