Maze Runner – A Cura Mortal (James Dashner)


“Thomas não pode mais confiar no CRUEL. A organização apagou suas memórias e o trancafiou no Labirinto. Em seguida, deixou-o à beira da morte no Deserto e separado dos Clareanos, seus únicos amigos. Agora, CRUEL garante que o momento das mentiras acabou. Com todas as informações que reuniu graças às Provas, Thomas pode prosseguir em sua busca pela cura do Fulgor. Mas ele deve passar pela Prova Final. Conseguirá sobreviver? As mentiras realmente terminaram? Talvez a verdade seja ainda mais terrível... uma solução mortal, sem retorno”

232.4.10
Chegamos à conclusão da eletrizante trilogia de James Dashner, e “A Cura Mortal”, confesso, demorou para me empolgar. É uma narrativa intensa, repleta de ação, mas, como sentimos desde “Prova de Fogo”, muito menos surpreendente. É o eventual em trilogias, torna-se difícil demais surpreender passado um momento – vide “Matrix”. De todo modo, o autor agora expande o seu mundo dominado pelo Fulgor, e tem seus melhores momentos descrevendo a transformação nas pessoas, iniciada pelo cérebro, e construindo um mundo desesperador, escuro e perigoso… o personagem de Newt desempenha um papel importantíssimo aí. No mais, eu acho que o livro vence pelo gostoso sentimento de nostalgia quando, para sua grande finalização, James Dashner nos leva de volta para o lugar onde tudo começou: O LABIRINTO.
O livro começa forte, com semanas que Thomas passa confinado em um quarto, ainda parte dos Experimentos do CRUEL, em que o seu próprio odor é o que mais o desespera, porque ele sente que perdeu o controle sobre o próprio corpo. Até que Janson, o Homem-Rato, lhe tire dali para se juntar aos seus amigos, aqueles que amamos, como Newt e Minho, e aqueles que detestamos, como a Teresa. Embora não seja um consenso, para mim a Teresa é INSUPORTÁVEL. Dito isso (precisava colocar isso para fora), o início do livro se prolonga por tempo demais em uma tensão a respeito de “recuperar ou não” as memórias, enquanto Thomas e alguns amigos planejam uma nova fuga do CRUEL, e ganham uma ajudinha de Brenda para isso. Por fim, Thomas consegue fugir ao lado de Newt, Minho, Brenda e Jorge, mas sem as memórias restituídas.
E para que a CRUEL não possa mais controlá-lo pelo chip que está em sua cabeça, eles partem para Denver. Aqui, o livro ganha impulso. Sair dos complexos da CRUEL, onde a história começa a ficar batida, nós podemos explorar o que mais James Dashner tem a oferecer. Denver é uma cidade isolada que, supostamente, está livre do Fulgor. Eles passam por uma série de procedimentos para que sejam permitidos do lado de dentro, e se assombram com a vida metropolitana, com como “a vida parece achar um jeito”, embora tudo seja uma máscara e uma ilusão encobrindo o que realmente está acontecendo: a cidade está sendo atacada pelo Fulgor. Thomas percebe isso irrevogavelmente quando vê um homem sob o efeito da Benção (a droga que retarda o Fulgor) à plena vista, em uma lanchonete… e, para mim, essa é uma das melhores cenas.
Gosto na narrativa de James Dashner essa construção da TENSÃO. Nós não sabemos o que será de Thomas quando um Camisa Vermelha o captura, tudo porque ele ficou tempo demais parado ao invés de correr com os demais. E, ali, Janson, do CRUEL, o salva remotamente atirando no cara que tenta levá-lo preso, e o “convidando” a retornar para o CRUEL, onde poderá completar os resultados dos Experimentos, como o “Candidato Final”. Aquela velha história do “Escolhido”. No entanto, Thomas e os amigos têm novos planos quando reencontram Gally (!) em Denver, e ele está associado a uma organização chamada Braço Direito. Eles parecem quase extremistas, mas eles estão tentando fazer alguma coisa, e o plano de destruir o CRUEL parece interessante para aqueles que passaram anos de suas vidas sendo tratados como ratos de laboratório.
No entanto, a história diverge um pouquinho… quando retornam ao Berg, eles descobrem um bilhete de Newt, capturado por estar contaminado com o Fulgor. Newt é o único dos garotos que não é Imune, e é desesperador vê-lo se transformar na frente de nossos olhos. Outrora tão calmo e racional, Newt está perdendo o controle, tornando-se irritadiço, e ele realmente acredita que o seu lugar é em meio aos Cranks. Aqui, nos ganhamos o que, para mim, é a MELHOR CENA DO LIVRO: O PALÁCIO DOS CRANKS. Porque a construção daquele cenário é mesmo horripilante. Um lugar de contenção, marginal à cidade, onde os infectados são levados para viver antes de atingirem, de fato, a Insanidade – ali, vidros foram quebrados, lanchonetes e lojas destruídas, pistas de boliche totalmente quebradas, e a vida se desvaloriza em uma interessante anarquia.
Porque ali NÃO HÁ REGRAS. Não há controle. Todos estão se aproximando da Insanidade, os Imunes não são o suficiente para interferirem, e a ideia de não haver punição para quaisquer de seus atos torna tudo assustador. Brigas, mortes, e Newt perdido no meio daquilo tudo… é DOLOROSO. Inclusive, toda a parte que concerne ao Newt é dolorosa, porque ele deixa um bilhete para Thomas, que ele demora a ler, pedindo que ele o MATE. Ele não quer virar um Crank, e diz que se o Thomas é realmente seu amigo, ele o matará. Mas Thomas não o faz no Palácio dos Cranks, e acaba por fazê-lo mais tarde, quando não tem opção e Newt, praticamente um Crank, aparece violento e gritando atrocidades… em um último momento de lucidez, ele pede a Thomas “por favor”, e ME PARTIU O CORAÇÃO ver Thomas atirar em sua cabeça.
Um trauma difícil de superar. Pior que o de Chuck.
Eventualmente, em um sequestro bizarro e violento, Thomas acaba reunido a Teresa (bleh!) e o outro grupo fugitivo do CRUEL, onde ele entende a intenção da organização de usá-lo como o Candidato Final para criar o “Esboço” para a Cura, bem como a intenção deles de recomeçar os Experimentos com novos Imunes. Assim, querendo impedir isso, ele acaba envolvido em um plano maluco que o leva de volta para o CRUEL a mando do Braço Direito, com uma máquina que pode inutilizar as armas da organização e, portanto, nivelar a luta. Assim, Thomas se entrega voluntariamente como o “Candidato Final”, esperando que o Braço Direito apareça depressa para salvá-lo, até que descobre que o que querem é o seu CÉREBRO, em uma verdadeira dissecação viva, e então eu entendi o que James Dashner queria dizer com “A Cura MORTAL”.
Thomas teria que se sacrificar pela Cura do Fulgor.
Ah, se o CRUEL estivesse falando a verdade, naturalmente.
Parece angustiante – a sensação é de que não teremos tempo para salvar Thomas, embora em nenhum momento realmente acreditemos que ele está prestes a morrer. E não morre. A Chanceler Paige cancela tudo a tempo, e Thomas acorda surpreso da anestesia, com um mapa em mãos e um novo plano: SALVAR OS IMUNES E FUGIR DALI. Então, tudo se intensifica, o Braço Direito ataca, Janson também ataca, cada vez mais parecendo infectado pelo Fulgor, e antes que todo o prédio venha abaixo (porque, como disse, o Braço Direito é bem extremo e só pensa em destruir o CRUEL, independente de quem possa se ferir no processo), Thomas reúne uma equipe que vai com ele resgatar os Imunes e levá-los até o Transportal indicado pela Chanceler Paige, grupo esse que inclui Gally, Minho, Brenda, Jorge, Teresa e Aris, para um destino conhecido…
“Precisamos voltar ao Labirinto”
Depois da sequência no Palácio dos Cranks, essa é a melhor parte do livro. Retornar a um lugar conhecido, um lugar de confinamento de onde se quis tanto escapar. Então revisitamos cenários e, com eles, memórias. A Sala do Código, o Buraco dos Verdugos, o próprio Labirinto, tão ameaçador como sempre, e a Clareira, com 400 ou 500 Imunes confinados – e eles têm pouco tempo para escapar, porque os explosivos começam a detonar, e a instalação do CRUEL está sucumbindo sob o Braço Direito. A cena é desesperadora, e repleta de MORTES. São pedras caindo, Verdugos revivendo e, por fim, sobram apenas 200 sobreviventes, aproximadamente, para correrem pela Instalação do CRUEL até a Sala de Manutenção, onde o Transportal os levará, segundo Thomas observou, para o Paraíso. Um lugar como disseram que não existia mais, repleto de verde e de vida.
Antes do Paraíso, no entanto, temos uma última luta com os agentes do CRUEL, e é quase INSANA a maneira como Thomas é tomado pela RAIVA ao lutar contra Janson, o Homem-Rato, e matá-lo fria e cegamente, a ponto de mantê-lo preso mesmo depois que ele está “morto, duro, pálido e acabado”, nas palavras do autor, até que Minho o chame novamente para a realidade. Além da morte final de Janson, o livro também traz o sacrifício de Teresa para salvar Thomas, morrendo no processo. E como eu nunca gostei da Teresa, devo dizer que eu não me importei. Tampouco acho que ela se redimiu com esse ato “heroico”. Com as mortes revividas constantemente em sua mente (Chuck, Newt, Teresa, Chuck, Newt, Teresa), Thomas e Minho são os últimos sobreviventes a passarem pelo Transportal na Sala de Manutenção, enquanto o CRUEL desaba.
Definitivamente dessa vez.
O final é bonito, repleto de esperança, uma oportunidade que a Chanceler Paige lhes concedeu para o RECOMEÇO. Eles estão, como Thomas pensa, no Paraíso. Um lugar verde, com árvores, montanhas, praia. Um belo lugar para uma nova vida. Brenda e Thomas estão com aproximadamente mais 200 Imunes, em um lugar isolado, onde podem começar uma nova civilização, enquanto o resto do mundo é levado à extinção… as chances do futuro realmente parecem boas nessas condições, depois de tudo. FINALMENTE, eles estão livres de tudo. Do CRUEL, do Labirinto, do Deserto, dos Experimentos… e, de um modo ou de outro, esse foi o ato final do CRUEL, com a Chanceler Paige permitindo que eles recomeçassem distante de tudo, deixando o mundo para trás. Se o resto do mundo encontrará a Cura para o Fulgor ou não, difícil saber, mas eles estão lidando com as consequências de seus próprios atos.
De um modo ou de outro, A HUMANIDADE TEM FUTURO.
E o livro termina com o irônico e não de todo errado “O CRUEL é bom”.
Para se pensar.

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