Star Trek: Discovery 1x11 – The Wolf Inside
“Inside I
remain Klingon. I remain Voq”
QUE EPISÓDIO
MAIS DOLOROSO. “Star Trek: Discovery”
entrou em uma nova e surpreendente fase desde o seu hiatus de fim de ano, e a qualidade do roteiro apenas aumenta. Na
verdade, as revelações de “The Wolf
Inside” foram cantadas há semanas por teorias de fãs na internet, mas pelo
menos o roteiro não se estende nisso por muito tempo, coloca as cartas na mesa,
e estamos tensos para saber como o “jogo” será com elas daqui para a frente.
Confesso que sentirei falta de Ash Tyler como o conhecíamos, e também temi
amargamente por Paul Stamets, meu querido Anthony Rapp em uma situação
deplorável, mas acredito que o roteiro tem bons planos para ele… o episódio é
forte e repleto de narrações dolorosas, como aquela fala inicial de Michael
Burnham, depois de alguns dias no Universo Espelho, temendo se tornar como eles:
“I can't
rest here. Not really. My eyes open... and it's like waking from the worst
nightmare I could imagine. Even the light... is different. The cosmos has lost
its brilliance. And everywhere I turn... there’s fear. It's been two days. But
they're already inside my head. Every moment is a test. Can you bury your
heart? Can you hide your decency? Can you continue to pretend to be one of
them? Even as, little by little, it kills the person you really are?”
Ainda estamos
nos habituando a essa difícil nova realidade. Ver Saru como um escravo sem nome
é doloroso, e tanto Michael Burnham, a bordo da ISS Shenzhou, quanto Saru, o
capitão interino da USS Discovery, escondem coisas um do outro. Ela não lhe
conta sobre sua contraparte naquela nave, e eu acho que foi o mais acertado… seria humilhante e desnecessário. Ele, ao
lado de Sylvia Tilly, por sua vez, não menciona o fato de Hugh ter sido
assassinado, e eles pensam que pode ter sido Stamets o responsável, embora não
me pareça cabível… foi dolorosa aquela cena inicial dele abraçando o corpo de
Hugh, dizendo que “The forest is dark,
but I can see him through the trees”. Agora, Tilly está determinada a fazer
o que for possível para salvar Stamets, tratando-se de um problema de esporos,
pelo qual ELA é responsável, e não um problema médico.
Michael,
infiltrada na ISS Shenzhou, planeja se fazer passar por uma capitã sanguinária
que se infiltra na rebelião para conseguir informações sobre eles, enquanto, na
verdade, tudo é uma dupla negativa. De todo modo, ela não quer ser a
responsável por um massacre indevido, e ela acha que a rebelião é uma forte e
interessante união entre diferentes espécies, talvez o mais próximo da
Federação que aquele Universo atingirá. Por isso, ela e Tyler descem a um
planeta em busca do acampamento rebelde, onde são levados até o “Fire Wolf”,
que não é ninguém menos do que o próprio VOQ desse outro universo – a expressão
de Tyler ao ver-se é assombrosa e já me deixou angustiado. A maneira como
recuou, como assistiu a tudo receoso e tenso… mas ele não é o único rosto
conhecido que vemos, vemos também o Mestre Sarek, pai de Spock, que é o Profeta
que dirá se Michael pode ser confiada
ou não.
As cenas são
brilhantes. Repletos de tensão, assistimos enquanto ele conecta sua mente à
dela, e tem acesso a memórias de um mundo diferente que não compreende. Confuso,
ele garante que “She means us no harm”.
Mas não é o mesmo em se tratando de Ash Tyler… a cena de Michael contra Voq foi
forte, e ela tenta entender o porquê
de ele ser tão diferente do que ela conhece sobre os klingons, o porque de ter renunciado a alguns ensinamentos e se
juntado a outras espécies, e a verdade é que um inimigo em comum os uniu. De todo modo, a cada palavra de
Michael e de Voq, Tyler tem novos flashes de memória, e a sua expressão muda
até que ele ataque Voq falando em klingon: “Permaneça
Klingon ou morra”. Ele despreza essa versão “fraca” de Voq, ele o ataca por
desonrar os klingons, por se unir com vulcanos e várias outras criaturas…
E eu temi que ele tivesse estragado tudo.
Na verdade,
não. Sarek é firme e insiste que não entende a lógica dos atos de Tyler, mas
pode garantir que as intenções de Michael
são puras. E Michael enfrenta Tyler, de volta à ISS Shenzhou, e não é nada
surpreendente, mas ainda é FORTÍSSIMO. “They
reduced a klingon body to human”, ele diz, enquanto vemos uma edição de
cenas fortes, com sexo, tortura, cirurgias para redução dos órgãos, a morte de
Hugh… wow. E a atuação de Shazad
Latif é IMPECÁVEL. Dolorosa como o Ash Tyler humano que ele deixa de ser,
lentamente, e repugnante como Voq em corpo humano. É forte, repleto de raiva, dor, sentimento. Voq despertou dentro de
Tyler quando o viu naquele planeta, e quando ele anuncia “You were willing to betray your captain to protect your people. I sacrificed my body and mind to protect mine. I have the human's face, but
inside I remain Klingon. I remain Voq. Son of none. The torchbearer”,
sua voz muda de humana para Klingon.
Wow.
Sinceramente,
a atuação me arrepiou, e o roteiro foi bem inteligente e amarrado. Tyler se
torna Voq, ameaçador e desprezível, e Michael é salva pela versão escrava de
Saru, com Tyler condenado por “ataque contra a capitã”. Ela mesma assume a
morte em suas mãos, mas não o mata… o envia até a USS Discovery, onde será
julgado sob as Leis da Federação, e leva consigo os dados que Michael conseguiu
na ISS Shenzhou sobre a USS Deviant, talvez a maneira como eles possam voltar
para casa. Agora, precisamos lidar com a quase morte de Paul Stamets, e a sua
outra versão, que ele conhece na “floresta” dentro da rede micelial, além da chegada da Imperatriz, nada contente com o
fato de Michael Burnham ter desobedecido uma ordem direta sua, e vindo para
terminar a missão de explodir o planeta. E
a identidade da Imperatriz? Georgiou, como suspeitamos!
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